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A mesa de café by Antonyo

A mesa de café

Depois de às 8:30 da manhã ter lido um texto da Alice acerca deste mesmo objecto, resolvi por bem dar mesmo a minha visão pessoal da coisa. Não que difira muito da dela, afinal o que há para dizer acerca de uma mesa de café que não possa ser dito por qualquer um? Provavelmente, não irei acrescentar nada de novo...Poderei até repetir o dela e ser acusado de plágio, mas de qualquer forma vale sempre a pena arriscar. Portanto, aqui vai:
Uma mesa de café é mais do que o simples objecto de madeira escura que se amontoa ao fundo de um café à meia luz, já coberto de pó... Tal como as mesas a que nos sentamos no dia-a-dia (ou aos fins-de-semana) já essas presenciaram histórias e debates, conversas e fofoquices, e todas esses apetrechos do diálogo que a vivência do dia-a-dia engloba. Outrora foram ocupadas pelos nossos pais ou amigos destes. Em cima destes poisou o mesmo líquido cremoso e castanho, doce ou amargo, a mesma água de cevada com espuma, os mesmos rissois, os mesmos croquetes...enfim, a comida e a bebida, no ano 2000 ou em meados dos anos 60, manteve-se sempre a mesma. Mas isso é o mais irrelevante. De um lado ao outro como numa mesa de ping-pong, assuntos foram discutidos e muitas vezes debatidos até à exaustão. Quando ouvimos, a mesa ouve também, quando sentimos, a mesa sente também. Isto parece ridículo, ou mesmo exagerado, mas a verdade é mesmo esta: as mesas e a restante decoração do café influenciam as nossas conversas. Metem-se nas nossas vidas. E comunicam entre elas de forma incontrolável.
Não gostam de ser tratadas com brutidão. Se queremos que alguma se junte a nós, temos que a deslocar com cuidado, e de preferência sem barulho para o café não parar e se centrar em nós. Não gostam de capacetes em cima delas, e preferem que não as sujemos muito para não demorarem muito a ser limpas.
Enervam-se por ecrevermos nelas, ainda por cima riscando com uma chave ou com o objecto cortante que estiver mais à mão. Algumas baloiçam no solo irregular. Outras preferem arrumar-se num canto, distantes da multidão.
No fundo, as mesas de café assumem a mesma atitude que nós. A mesa velha e poeirenta arruma-se como o velho patriarca na sua bica matinal. As mesas mais sociáveis juntam-se todas para uma grande conversa de trintões ou quarentões. Gostam de os ouvir, provavelmente porque se sentem elas mesmas novas. As mesas mais jovens, preferem arrumar-se no outro lado do café, juntas também, mas distantes das mais velhas, tal como nós, e tal como aqueles que também já foram jovens.
São temperamentais e não gostam de misturas. São nossas por o espaço de tempo em que as ocupamos, mas deixam de o ser a partir do momento em que vamos embora. Isto por vezes faz-lhes confusão, e dizem mal nas nossas costas, tal como o empregado de mesa ("Já deixaram isto tudo porco!"). Mas imediatamente ficam sorridentes assim que o pano amarelo sujo (o pano milagroso que limpa tudo só com água) passa por elas e lhes devolve o mesmo brilho, prontas a receber alguém. Acontece também, que se cansam da nossa conversa, e fingem que não nos ouvem, tal como a pessoa com quem estamos a falar! Não gostam muito de pessoas novas, e acima de tudo pessoas que não as tratem com respeito. Há ainda uma coisa que não toleram: que se sentem em cima delas.
Agora que já sabem o que pensa uma mesa de café, podem continuar...mas sem riscar, sujar ou empurrar o blog...ou a mesa...enfim, vocês percebem.



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