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sexta-feira, julho 29, 2005

Texto corrido e furioso

Aqui vai um texto, corrido e furioso, para dar resposta e solução à angústia por que estão a passar as nossas centenas de leitores. Estou de férias, volto Domingo. Estou num NetCafé a pagar 5€ (sim, ouviram bem, 5€) por 30mn de Internet e bloguice. A ouvir inglês e alemão por tudo quanto é sítio. Mas não são ideias que um bom mar (o verdadeiro mar, não o salgado, que esse só aquece) não refresque.
Não sei o que me motivou a pagar este balúrdio para vir aqui debitar uma série de coisas que não interessam a ninguém, nem mesmo a mim. A verdade é que este súbito afastamento me causou uma certa preocupação, tive medo que alguém pensasse que foi por desleixo. Bem, fica aqui a justificação. Não foi por desleixo.
Apetecia-me pôr aqui uma bela fotografia, um texto crítico, qualquer coisa que efectivamente interesasse - mas não tenho tempo. Olho para este relógio azulado que vai dizendo que faltam "19 M 38 S" e vou vendo o tempo a esvaír. Sinto-me quase como um condenado: say your last words.
E para agravar toda esta catástrofe que é a de não poder ter a minha dose diária de posts, o meu iPod ainda não mudou de côr. Tenho vertido umas lágrimas junto do leito da cama, na esperança que um qualquer milagre o transforme em cinzento. Mas até agora não tem servido de nada.
Para além disso, tenho ouvido e lido umas quantas balelas acerca de Mário Soares. Isto parece-me, obviamente, mal, visto que pode muito bem incitar Alberto João Jardim a seguir pelo mesmo rumo. E isso sim, seria divertido. Agora Mário Soares? A esquerda acabada e obsoleta, e bla bla bla? Que piada é que isto tem? Melhor, só mesmo a OTA e o TGV, que são capazes de ser a novela da TVI que mais durou. A nova personagem que surgiu agora é bem capaz de fazer isto durar ainda mais, qual Morangos com Açúcar.
Bem, agora que já me ouviram (duvido que alguém tenha tido paciência para ler isto até ao fim, mas adiante), vão em paz, que eu farei o mesmo.
Até Domingo...

P.S.: Leiam a crónica do RAP na "Visão" desta semana. De morrer a rir...

quarta-feira, julho 27, 2005

Até daqui a uns dias... Vou de férias.

domingo, julho 24, 2005

Um teste com piada.





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia


Quem sou eu?

"Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
actual,
voar em pedaços
e juntar-se
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto.

Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto
Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

Antonin Artaud

(Vale a pena conhecer)

sábado, julho 23, 2005

ÀS ARMAS!

Em resposta a um comentário anónimo muito paternalista, procurei encontrar os lados positivos do nosso país…
Descobri que somos um país dito desenvolvido, que somos membros do agrupamento político-económico que se segue aos gloriosos EUA, ou seja, a UE, descobri que a nossa língua é uma das mais faladas a nível mundial e descobri que temos um passado a ser exaltado pois somos um país antigo (século XII) e, em tempos, fomos a principal potência mundial, pelo nosso desejo de descobrir o incógnito. Sem dúvida que Portugal tem um espírito muito positivo, um passado extremamente rico e, a nível das artes, também tem um enorme valor (não esqueçamos a literatura de qualidade, a pintura, a escultura e muita música também).
E agora? O que fazer com o espírito, com a história e com a arte e a cultura?
O espírito é para cultivar a ignorância e o orgulho de se ser básico. É para manter o povinho ignorante para que os mais inteligentes decidam o que fazer pelo país.
A história é para continuar, para exaltar, mas desta vez com o futebol, glorificando os feitos dos nossos heróis da bola, da nossa selecção que leva Portugal ao mundo, conquistando-o tal como há séculos.
A cultura, essa… é para ficar fechada na gaveta, para não ser difundida pela maioria dos portugueses, para estar apenas disponível para os que a procuram incansavelmente, ou que sabem da sua existência, porque é difícil chegar a ela.
Actualmente estamos, de facto, com muitas razões para orgulho, mas esse orgulho é todo baseado no passado. É ridículo como vivemos à sombra do que já temos, dos monumentos, das praias, da gastronomia tradicional e não procuramos construir novas coisas das quais nos orgulharmos. Afinal, quando um turista nos pergunta pelas riquezas do nosso país, pelos locais e factos a não perder, falamos apenas nas praias, nas florestas (que ardem agora), nas riquezas naturais em geral e nos monumentos. Pior… Quando perguntamos a um estrangeiro que nunca visitou Portugal, o que sabe dele, as palavras são “Eusébio”, “Figo” (já começa também a aparecer “Cristiano Ronaldo”), “Benfica” e “Fátima”… Se bem que ultimamente há quem fale também em “Durão” e em “Irmã Lúcia”.

Bela impressão que damos ao exterior, e mesmo a nós próprios.
Há que mudar… “É a hora, Valete Frates!”

sexta-feira, julho 22, 2005

OTrA vez...

a mesa de cafe

Já tinha dito isto: um leigo como eu não sabe avaliar as consequências que construir ou não construir um aeroporto e um TGV poderão provocar. Sabe que um TGV é uma obra que beneficiará bastante o país pela razão óbvia que é a de encurtar distâncias, aliciar turistas, modernizar. Acredita no que o primeiro-ministro diz, que a Portela a curto prazo (para mim, nestas circunstâncias, pensar a 10 anos não é pensar a longo prazo) não saberá dar resposta ao tráfego aéreo. E observa, porque não é estúpido, o perigo que é para a própria cidade de Lisboa continuar a manter um aeroporto no centro desta (porque o leigo sabe, aliás, que, por ex., em Londres e em Paris o aeroporto não se encontra no centro da cidade). O leigo acredita que probabilidade de um avião se despenhar não é assim tão reduzida…
Agora, aquilo que o que leigo não percebe é como neste contexto económico se pode construir qualquer um destes empreendimentos, porque o leigo sabe que também são caros.
O leigo pensa assim: o mendigo precisa de um tecto, mas primeiro precisa de comer…

Era uma vez um arrastão

a mesa de cafe

Acho que devem ver isto. Vinha numa pequena reportagem na "Visão" (mesmo no fundinho da página) e é um interessante trabalho de uma ex-jornalista (Diana Andringa) que tem por objectivo desmistificar toda a novela de "terror", "pânico" e de "gangs negros organizados" que se fez à volta do “arrastão” que, afinal, nunca existiu.
A meu ver e, para aqueles que não acreditam no que é dito no vídeo, esta reportagem tem pelo menos uma função: fazer com que constatem uma vez mais o sensacionalismo, a manipulação de dados e números, a utilização exaustiva de depoimentos duvidosos e as consequências que estas soap opera news acarretam em termos políticos e sociais.
Como é dito no próprio site, é importante que não se deixe esta história morrer, para que surjam respostas para o porquê de terem sido omitidas declarações de agentes da PSP, para o porquê desta divulgação errada de números e, subsequentemente, para que as massas entendam como são facilmente manipuladas…
Eu também me sinto enganado. E vocês?

Rita Lee

Tudo Vira Bosta

O ovo frito, o caviar e o cozido
A buchada e o cabrito
O cinzento e o colorido
A ditadura e o oprimido
O prometido e o não cumprido
E o programa do partido
Tudo vira bosta
 
O vinho branco, a cachaça
O chopp escuro
O herói e o dedo duro
O grafite lá no muro
Seu cartão e o seu seguro
Quem cobrou ou pagou juro
Meu passado e meu futuro
Tudo vira bosta
 
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta
 
Filé mignon, champignon, Dom Perignon
Salsichão, arroz, feijão
Mulçumano e cristão
A Mercedes e o Fuscão
A patroa do patrão
Meu salário e meu tesão
Tudo vira bosta
 
O pão-de-ló,  brevidade da vovó
O fondue e o mocotó
Pavarotti e Xororó
Minha éguinha pocotó
Ninguém vai escapar do pó
Sua boca e seu loló
Tudo vira bosta
 
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta
 
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta
 
A rabada, o tutú, o frango assado
O jiló e o quiabo
Prostituta e deputado
A virtude e o pecado
O governo e o passado
Vai você que eu tô cansado
Tudo vira bosta
 
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta
 
Um dia depois
Não me vire as costas
Salvemos nós dois
Tudo vira bosta
 
Tudo vira bosta
Tudo vira bosta
Tudo vira bosta
Tudo vira bosta
 
Tudo vira bosta

quinta-feira, julho 21, 2005

Time runs...


Um mês desperdiçado na absoluta anulação do divertimento/ produtividade que é esta cidade…
TIREM-ME DAQUI!...

quarta-feira, julho 20, 2005

A Direita é inconsequente

a mesa de cafe

A forma como Marques Guedes e a direita em geral regulam a sua participação política é digna de se louvar. Como ainda não conseguiram encontrar medidas com que combater as medidas do Governo de Sócrates, centram todo o seu contributo em questões mínimas, (ouvir a bancada do CDS discursar sobre a violência nas escolas é de chorar a rir – será que no S. João de Brito ou nos Salesianos do Estoril também era assim?) chistes e provocações de extrema vacuidade, que vão desde a espantosa descoberta de que Sócrates (e aliás, Marques Mendes) não iria ficar com as secretárias de Santana Lopes até à mais recente insistência numa possível “falta de autoridade” do primeiro-ministro sobre os restantes ministros: ou seja, deve ser, provavelmente, necessário, que o Governo, para que assegure estabilidade, adopte uma lógica de pensamento único; o facto de Campos e Cunha discordar em certos pontos de José Sócrates (num artigo de opinião) é imediatamente entendido como um princípio de uma tragédia, tal como a sua substituição será. E se não for, deverá ser, porque o único objectivo da direita com este tipo de participação política é derrubar com retórica e mesquinhez um Governo eleito com maioria. E depois vêem energúmenos como Nuno Melo solicitar, com vigor e convicção, a demissão de Freitas do Amaral. O insolente menino de boas famílias esquece que lhe deve o facto de poder estar sentado no Parlamento (e mesmo sem saber construir uma frase…!); aliás, não esquece, nunca o soube e, provavelmente, nunca saberá, porque as suas intervenções de “adolescente mimada” (como diz RAP acerca da atitude do CDS em relação a Freitas do Amaral) bloqueiam qualquer possibilidade de digerir algum assunto com lucidez. Vem falar de “interesse nacional”, quando o único interesse nacional que pode resultar da sua pessoa é com sua demissão, pelo menos para a nação não ter de o ouvir…O único "interesse nacional" é a preservação da democracia, e era conveniente que estas bestas começassem a perceber isso (ou será que não lhes convém?)
Eu, pessoalmente, recuso-me a digerir o discurso proferido pela imprensa, tão…servil…Será que não há nenhum salvador da nação a controlar esta marioneta? Dá-me cada vez mais a impressão que sim…

"The Butterfly Effect" (Efeito Borboleta)

Change one thing. Change everything

Todas as palavras são insuficientes para descrever a genialidade deste filme. Desde “O Fabuloso destino de Amélie Poulain” e “O Despertar da Mente” que não encontrava um filme que me enchesse as medidas. Este fê-lo. E de que maneira.
Criei uma espécie de anticorpos a filmes americanos – quase que uma rejeição natural a estes filmes, por saber que à partida nunca terão potencialidade para se tornarem favoritos. E porquê? Pelas dezenas de FX utilizados em filmes como “A Guerra dos Mundos” ou por essa tradição (intrinsecamente necessária, porém) que são as personagens “bigger than life” que surgem numa série de filmes (tendência que tem vindo a deflagrar em algum cinema europeu) mas que não deixam, no entanto, de ser engraçados.
“The Butterfly Effect” é uma obra-prima. Chamem-me exagerado, mas é o que penso. Não tenho problema rigorosamente nenhum em reconhecer-lhe esse estatuto. A grandeza do argumento, da fotografia, das interpretações comprova esta minha classificação. Começamos intrigados, sentimo-nos baralhados até meio do filme e acabamos…pensativos. Pensativos com o final surpreendente que era, aliás, a única boa maneira de acabar com aquele “beco sem saída”.
Disseram-me que, lendo o resumo da história na parte de trás do DVD, o filme não iria ter a mínima piada porque se percebe antes de o ver. Discordo disto, porque o essencial do filme não é perceber qual o mecanismo da história, que nos é dado entender (ou melhor: que nos é mesmo dado) em algumas partes do filme. A pergunta que não nos sai da cabeça durante todo o filme é esta: “Como acabar com isto?”. E a resposta que obtemos, precisamente no final, é mais que satisfatória.
Mas, para que percebam em que consiste o filme, vou tentar resumi-lo: Evan é um puto de 7/8 anos que se apercebe de enormes faltas de memória, que são entendidas pela mãe e pelos médicos como uma doença (hereditária) que este houvera herdado do pai e do avô. Na verdade, Evan vem a descobrir que aquilo de que realmente sofre não é uma doença, mas sim uma capacidade de viajar no tempo pelas memórias e alterar o rumo das coisas. É muito disto que o filme vive e chega-lhe, porque a história está sublimemente arquitectada. Os pormenores fundamentais são facilmente memorizados, e provocam arrepios quando finalmente são encaixados no fio da história.
É claro que só quem viu o filme conseguirá entender o que estou a dizer. Quem não viu, estou certo que sentirá o mesmo quando o vir.
Só mais dois pontos que queria salientar: a “teoria do caos”, (da borboleta que bate as asas e provoca um tornado) em que está incluído o chamado “Efeito Borboleta”, tem uma excelente ligação ao filme: o que esta teoria pretende transmitir “é que insignificantes factores podem amplificar-se temporalmente de forma a mudar radicalmente um estado”. É preciso dizer mais alguma coisa? Apenas isto: brilhante ponto de partida.
O outro ponto é mera especulação minha: a personagem principal, interpretada por Ashton Kutcher, na idade adulta, parece-se bastante, a meu ver, com a figura de Jesus Cristo. Terá sido propositado? Já que Evan não pode fazer o papel de Deus (“Evan, you can’t play God role”), pode pelo menos parecer-se com Jesus Cristo…Ai se o Vaticano sabe disto…

Sin City


Um filme muito bem realizado, com uma imagem excelente que nos transporta para a banda desenhada, e um elenco de luxo, entre os quais, Jessica Alba, Benicio del Toro, Josh Hartnett, Bruce Willis, Clive Owen, Brittany Murphy, Elijah Wood (sem dúvida o papel mais perturbador e interessante, muito bem interpretado). A ironia impera na mensagem de Sin City e, com Quentin Tarantino como realizador convidado, só podia ser de génio. Um filme que nos faz rir com a violência. Classificá-lo-ia como comédia violenta.
Não é fácil contá-lo, por isso, vejam, vale a pena.

segunda-feira, julho 18, 2005

Estou zangado com a Apple

a mesa de cafe

Cheira-me (aliás, tenho a certeza) que a Apple não deve querer fazer (ainda) mais dinheiro. E isto porquê? Porque parece que a pessoa que lhes quer comprar o iPod tem de passar por uma série de provas de resistência e paciência. E esperar…esperar muito…
Procura-se pela cidade de Coimbra inteira e encontramos 4 (sim, ouviram bem - 4) lojas revendedoras do iPod: A Trífida, a Sinergia, a Vobis e a Worten (do Dolce Vita e do Coimbra Shopping). Todas elas têm uma coisa em comum (ou melhor, não têm uma coisa em comum): o iPod mini silver esgotado. Esgotadíssimo. E tirando a primeira, nenhuma mostra muito interesse em explicar porquê. Só esta primeira explicou que o grande problema é do “importador”.
Ora, eu, como leigo que sou em matéria de gestão de empresas, pergunto-me a mim mesmo: Porque raio é que uma empresa com a dimensão da Apple não assegura em nenhuma altura do ano (no Natal foi exactamente a mesma coisa – com a excepção que um dos vendedores se ofereceu amavelmente para mo vender em dois dias, mediante o pagamento de mais 30€) o fornecimento do seu produto mais vendido de sempre? Por falta de capacidade? Pouco provável. Por falta de vontade em fazer dinheiro? Certamente que não. A meu ver, a única leitura que se pode tirar desta ruptura de stocks é que está a haver uma falha monumental no fornecimento de produtos Apple. E que essa falha lhes pode fazer perder muito dinheiro (mas isto claro, sou só eu a meditar no assunto) …
Mas posso dizer que esta saga que é conseguir um iPod mini em Coimbra (que se repete agora, com a compra de uma capa) chega a ter piada. A certa altura criamos quase que uma rotina em torno disto. E depois tem piada ver como é que os vendedores funcionam. Os mais honestos dizem que simplesmente não podem assegurar nada, e que por isso preferem pedir o contacto e telefonar quando chegar. Mas depois há sempre aqueles que criam uma espécie de compromisso, com a “reserva” ou “encomenda” e nos tentam impingir o já gasto esquema do “passe daqui a uma semana” (a semana destes gajos deve ter aí uns 90 dias).
E é claro que, uma vez mais, as grandes superfícies abafam as outras. Depois de muito meditar, acabei por ficar com o azul, pondo fim a toda esta angústia metafísica.
Concluindo, e como não gosto de dar o dito por não dito, apenas queria dizer que continuo a adorar praticamente todos os produtos da Apple; as vendas e assistência técnica é que deixam, a meu ver, muito a desejar.
E como também já disse, recomeço a saga com a procura de uma capa: “não temos. Passe cá para a semana"

Religião

«A religião é um sentimento ou sentido de absoluta dependência.»
(Friedrich Schleiermacher)

«Definimos por religião a relação entre o homem e o poder sobre-humano em que ele acredita ou do qual se sente dependente. Esta relação é expressa através de emoções especiais (confiança, medo), de conceitos (crença) e de actos (culto e ética).»
(C. P. Tiele)

«(...) "mysterium tremendum e fascinosum":mistério tremendo e fascinante (Rudolf Otto). É uma força que, por um lado, gera um terror vago, mas por outro, tem um poder de atracção a que se torna difícil resistir.»

(Retirado de "O LIVRO DAS RELIGIÕES" de Jostein Gaarder, cuja leitura aconselho vivamente)

"Boogeyman" ("Quem tem Medo do Papão?")

a mesa de cafe

Uma interessante pintura da história que mais atemoriza as crianças de muitos povos em todo o mundo, é como eu resumiria este filme. Na verdade, quem é que não se lembra das repetitivas ameaças: “Lava os dentes, senão chamo o Papão”; “Come a sopa, senão chamo o Papão”; “Arruma os brinquedos, senão…”.
Tim é um adulto que passados 15 anos de o seu pai ter saído de casa se apercebe de uma forte reminiscência dos seus traumas de infância. De forma a exorcizar estes temores, procura uma explicação lógica para o desaparecimento do seu pai, quando tinha apenas 8 anos, numa noite de trovoada, pela porta do seu armário. Todo o filme gira em torno destas sucessivas aparições da figura sinistra que é o Papão – e são estes momentos que justificam a sua classificação como filme de Terror. A meu ver poder-se-iam acrescentar mais duas, como Thriller e Suspense, visto que medo (medo como provoca um “Hellraiser”) se sente em poucas partes do filme, para não dizer em quase nenhumas. Talvez a parte em que Tim regressa à sua casa de infância, onde tudo começou, seja a parte mais intensa, mas esta retira alguma surpresa aos acontecimentos, porque mal se fala nesta hipótese, adivinha-se que os eventos principais decorrerão neste espaço.
Contudo, e como comecei por dizer, o filme é uma boa história para incluir estes demónios de infância, e poderia ser melhor se tivessem criado uma figura mais palpável, com mais consistência, mais realista. A figura de esqueleto está um pouco gasta, e provoca tudo menos medo, quando parece saída do Resident Evil. Tirando isso, o desempenho de actores pouco badalados pode-se dizer que é bastante bom. A forma como foi filmado também ajuda a criar uma certa atmosfera de tensão, com planos característicos deste tipo de filmes em que, por exemplo, o actor anda lentamente pelo corredor até que de repente se fecha uma porta ou uma janela, surge um monstro verde com uma faca ou meia dúzia de fantasmas/ espíritos saltam do candeeiro. No entanto, estes clichés não favorecem em nada a tentativa de criar um filme único, contribuem para que seja apenas mais um. Mas também não me parece que este filme tivesse outro objectivo…
Mas como quem gosta verdadeiramente de cinema, gosta de todo o cinema, recomendo que vejam…

sábado, julho 16, 2005

São quase 4 da manhã, mas a verdade é que passei a meia-noite sem dizer algo deveras importante ao Tony... Ainda mandei um toque por volta das duas (porque não tenho dinheiro no telemóvel) mas acabei de me cruzar com ele, ia eu para casa e ele na mota para a mainsa city e pensei que não podia deixar de dizer o que vou dizer ainda esta madrugada.
Isto tudo para te dar os parabéns. Sim, pelas notas dos exames que te vão permitir entrar na FDUC, mas sobretudo pela tua recém-adquirida maioridade, como quem diz, há quatro horas.
Enfim, MUITOS PARABÉNS, TONY.


quinta-feira, julho 14, 2005

O cabeça de dinamite

Uma troca de “farpas” que aqui houve no blog há uns tempos motivou-me para ler um filósofo que me escapou da interminável lista de livros que tenho marcada para (quem sabe…um dia…) ler.
Estou a falar de Friedrich Nietzsche (homem que mete medo só pelo nome) mas que tenho pena de não ter estudado para (o) perceber melhor. De qualquer forma, os seus livros são um verdadeiro prazer de ler. O seu estilo faz-me lembrar Eça (se bem que não tão bom – nem o tradutor conseguiria): o tipo de frase, o humor subtil, a ridicularização (se bem que no caso de Eça eram as personagens criadas por ele).
Li 2 livros (o que é manifestamente insuficiente, mas…), fiquei com vontade de ler 20. Comecei pelo “Anticristo” e avancei para “O Crepúsculo dos Ídolos”. O primeiro é sem tirar nem pôr aquilo que penso acerca da religião católica; o segundo parece-me um pouco exagerado – divertido, mas exagerado (o que não o impede de ser brilhante).
Não sou ninguém para fazer análises das obras de Nietzsche. Percebi toda a sua repugnância (bem fundamentada) ao chamado sacerdote, a sua visão do cristianismo como religião de bárbaros, enfim, uma mensagem simples e demolidora: a humanidade anda e andou a enganar-se com o cristianismo – deturpado desde a sua raíz; e o que choca, sobretudo, é que a forma como anda não mudou desde o séc. XIX. Como existencialista e humanista que é, Nietzsche não concebe sequer outra forma de perceber o mundo do que por ele próprio – não há nada “above”; isto provoca-lhe uma certa irritação – o porquê de o homem não poder ter a salvação neste mundo.
No livro de que já falei, “O Crepúsculo dos Ídolos”, temos uma crítica a três filósofos que tive a sorte de estudar (possivelmente a mais, mas estes foram os que me ficaram na cabeça): Platão, discípulo de Sócrates (cuja filosofia nos é dada a conhecer pelo discípulo do filósofo) e Kant. Estes primeiros são pilares do pensamento antigo, como toda a gente sabe; é talvez essa a característica de que Nietzsche se serve para, basicamente, os humilhar ("Derrubar ídolos - isso sim, já faz parte de meu ofício"). Sócrates não entende nada de moral, Platão não entende nada de moral e Kant entende-a de maneira errada, porque a forma como entende nunca fará o homem feliz. Certamente conhecem “a acção boa em si mesma”, a base de toda a moral kantiana - para Nietzsche, um tremendo erro. Como é que se pode pedir, por exemplo, a um operário, que se sinta realizado com o seu trabalho, se não o fizer tendo em vista o fim de ser bem remunerado, de ter dinheiro para pagar as suas despesas? Não há duvida, Nietzsche tem razão: a moral de Kant é impraticável…
Por outro lado, há um substratum de ideias pouco modernas…A recusa à democracia e ao socialismo provam-no… Para além disso, a escrita de Nietzsche, um pouco violenta até, serviu certamente de inspiração ao tio Adolf; pelo menos no anti-semitismo: despropositado, descabido, exagerado. Bem, mas isso é Nietzsche…

segunda-feira, julho 11, 2005

In my country (Um amor em África)

Um filme fantástico acerca do fim do Apartheid na África do Sul.
O governo sul-africano cria a Comissão para a Verdade e Reconciliação (CVR) com o propósito de desvendar a verdade acerca das graves violações dos direitos humanos ocorridas entre 1 de Março de 1960 e 19 de Maio de 1994. Anna Malan (Juliette Binoche) é uma locutora que acompanha o processo, no qual também se sente envolvida. É neste contexto que conhece Langston Whitfield (Samuel L. Jackson), um jornalista norte-americano enviado ao seu país (África do Sul) para cobrir as audiências sobre a CVR. Ambos vivem muito intensamente toda a situação e aprendem que nem tudo é como tinham imaginado nos mundos interiores de cada um.
Juliette Binoche, como já nos tem habituado, desempenha exemplarmente o seu papel com uma sensibilidade e expressão notáveis.
Um filme que vale a pena ver, pelo romance, pela informação que nos fornece acerca da história mais recente da África do Sul, pela fotografia que nos traz paisagens edénicas, pela música e pela qualidade do argumento e do elenco.
Cino estrelas. Vejam.

Estaremos na iminência de uma 3ª Guerra Mundial?

Esta questão pode parecer exagerada, mas, se repararmos bem, o que se está a passar neste momento na Europa é muito parecido com o que se passou no final dos anos 30, quando as Nações Democráticas demoraram a perceber a inevitabilidade de uma Guerra, deixando espaço e tempo livres à Alemanha e à Itália para conduzirem as suas estratégias imperialistas.
Hoje, há novamente uma extrema dificuldade em reparar no que está à frente dos olhos: a ameaça terrorista. De facto, o fanatismo islâmico é uma ameaça completamente declarada que é absolutamente necessário reconhecer e combater. Não se pode continuar a fingir que não se vê, e a inventar causas que pareçam ser facilmente combatíveis.
O que se passa é que, depois da civilização Ocidental ter resolvido todos os seus problemas, esta se depara com uma ameaça exterior. Na verdade, esta não representa apenas objectivos opostos ou ideologias opostas, mas sim, para além disso, algo de muito mais complexo: Uma Religião oposta.
Perguntará o leitor: Como é que uma religião se pode opor a estados laicos, como os europeus.
Ora, este é o ponto fulcral da questão. O Ocidente, por força da evolução democrática que desenvolveu destacou-se à muito da unidade entre o estado e a religião, mas, estes países, não o fizeram. Assim, o Ocidente confronta-se hoje com a ameaça de estados que, a mando de uma religião retrógrada e fanática (para os nossos valores), empreendem uma Guerra contra a Civilização Ocidental.
Este ponto leva-nos de volta à questão inicial. Com efeito, parece cada vez mais inevitável uma guerra, mas, à semelhança do passado, e agora mais ainda, esta Guerra está longe de ser o suficiente para resolver a questão.
Este ponto conduz a duas teses opostas que começam agora a surgir, como meio de resolução deste conflito: Será que a Guerra contra o terrorismo será suficiente para derrubar esta ameaça e fazer triunfar definitivamente os valores ocidentais, ou, por outro lado, será através de uma acção local de combate à pobreza e à desinformação que este objectivo será alcançado.
Para mim, a primeira é inevitável e a segunda é necessária. Por um lado, não podemos ficar de braços cruzados à espera que a ameaça se torne obvia para todos, mas por outro lado, é também necessário uma acção local, pois sem esta só obteremos a destruição e nada será construído.
Espero sinceramete que eu esteja errado e que a questão seja de muito mais fácil resolução, mas temo bem que não...

Estão desculpados



Os meus passeios pelo Google levaram-me ao site mais incrível que já alguma vez vi. Esqueçam os gatos em frascos de vidro e outras imbecilidades que algum pobre espírito se diverte a conceber, aproveitando-se da ingenuidade das pessoas. Este aqui é simplesmente genial.
Imaginem um site cuja única função é esta: pedir desculpa. Ao mundo. Pela reeleição de Bush. Para isso, milhares de pessoas enviam fotos com folhas de papel em que se desculpam por haver tantos milhares de americanos burros que nem um soco, jurando que existe uma grande fatia que não contribuiu para a perpetuação de uma bushville.
A pergunta é esta: como é que num país com gente tão perspicaz, este asno pode ganhar com a percentagem com que ganhou? Para poder pôr em prática o seu plano de destruição maciça de um qualquer acordo ambiental? Para fazer as mentalidades das pessoas regredirem? Mas ele esquece-se que a América se fundou à custa de gente bem mais inteligente que ele?
For Christ sakes…

sábado, julho 09, 2005

Ruídos do Além

a mesa de cafe

O imprevisível acontece. Quando temos em mente uma coisa, sai-nos sempre outra, o contrário. Hoje tinha em mente ir ver “A Guerra dos Mundos”. Hoje acabei por ir ver o “Ruídos do Além”, porque os bilhetes para este primeiro estavam esgotados. Damn… Fica para amanhã.
Não sou grande apreciador de filmes de terror/ suspense, thrillers ou coisas do género. Há, contudo, alguns que me surpreendem, dentro deste género; “The Others” foi um deles, este nem por isso.
O filme é, essencialmente, um aproveitamento da fórmula em que se mistura ficção com realidade; começa com uma frase de Thomas Edison, que não sei reproduzir aqui, mas que nos alerta para a possibilidade de haver uma máquina que capte ruídos ou vozes de mortos, para nos fazer acreditar, desde o início, que aquilo no fundo até pode (ou poderia) ser verdade. A partir daí, é suposto acompanharmos amedrontados a busca de Jonathan Rivers, arquitecto incrédulo da morte da sua mulher, grávida de um segundo filho seu, de uma forma de contactar com ela e com o mundo dos espíritos. Esta busca surge quando um homem misterioso lhe jura que pode contactar com pessoas mortas, utilizando para esse efeito, tão-somente, um qualquer aparelho que funcione por ondas de rádio.
É obvio que, visto ser um filme, este procedimento dá resultado, o que leva Jonathan a utilizar o método de forma obsessiva, coisa que se revelará bastante perigosa…
Muito sinteticamente, diria que dá para mandarmos uns saltos da cadeira e evitarmos aparelhos de rádio nas horas seguintes. A história está razoável, os actores são, de uma forma geral, bastante bons (e não muito conhecidos). Dado o(s) género(s) a que pertence, o filme vive muito de portas a tremerem, música que se vai adensando e gritos quando menos (ou melhor, quando mais) se espera
Se puderem vejam…

Zeca Baleiro

Gostei muito do concerto...


Samba do Approach

venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat

eu tenho savoir-faire
meu temperamento é light
minha casa é hi-tech
toda hora rola um insight
já fui fã do Jethro Tull
hoje me amarro no Slash
minha vida agora é cool
meu passado é que foi trash

venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat

fica ligada no link
que eu vou confessar, my love
depois do décimo drink
só um bom e velho engov
eu tirei o meu green carde
fui pra Miami Beach
posso não ser pop star
mas já sou um noveau rich

venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat

eu tenho sex-appeal
saca só meu background
veloz como Damon Hill
tenaz como Fittipaldi
não dispenso um happy end
quero jogar no dream team
de dia um macho man
e de noite drag queen

venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat
venha provar meu brunch
saiba que eu tenho approach
na hora do lunch
eu ando de ferryboat(venha provar...)

sexta-feira, julho 08, 2005

Sing me a sad song...



When you were here before, couldn't look you in the eye
You're just like an angel, your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fuckin' special

But I'm a creep, I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts, I wanna have control
I want a perfect body, I want a perfect soul
I want you to notice, when I'm not around
You're so fuckin' special
I wish I was special

But I'm a creep, I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here, ohhh ohhhh

She's running out again...
She's running out, she runs, runs, runs, runs....she runs....

Whatever makes you happy
Whatever you want
You're so fuckin' special
I wish I was special
But I'm a creep, I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong here

Untitled2



Selfishness is not living as one wishes to live, it is asking others to live as one wishes to live...

quarta-feira, julho 06, 2005

Dada a genialidade deste blog: Blitzkrieg, decidi juntá-lo aos nossos links!

Mundos...

Outro texto interessante, encontrado em deambulações pela blogosfera...

O mundo masculino e o feminino são irremediavelmente diferentes. Até à enxaqueca crónica! Para visualizar melhor a situação imaginem que vão de carro e encontram uma fronteira tipo Vilar Formoso. Dum lado damos de caras com o mundo feminino no outro batemos com o lombo no mundo masculino.Imaginando o mundo feminino ele será, sem dúvida, cor de rosa, aromatizado, aclimatizado sem mácula, todos os seus habitantes terão a roupa a condizer, andarão obrigatoriamente de barba feita e as casas serão asseadas e com estantes com objectos arrumados por tamanhos, espécies, proveniências e anos. As flores pululam por toda a parte, em cada esquina haverá vendedores de acessórios e todas as ruas terão lojas de roupa das melhores marcas. Só as mulheres terão cartão de crédito o qual, por lei, não poderá ser controlado pelo marido. Também por decreto-lei fez-se saber que as mulheres devem ser acompanhadas, para todo o lado, pelas amigas. Neste mundo a sogra é uma espécie protegida e devido às medidas proteccionistas implantadas o seu número aumentou substancialmente sendo possível, no momento em que falamos, reproduzir sogras em cativeiro com um assinalável sucesso. No mundo feminino a dor de cabeça não será uma desculpa e passará a ser considerada um estado de espírito. Passará mesmo a existir o estatuto de objector sexual. Neste mundo não existirá a lei do fora de jogo, aliás o futebol a existir será transmitido no intervalo das telenovelas. Todos os carros terão a mesma cilindrada e não saber estacionar será uma coisa boa. No mundo feminino tudo será agrupado entre o «fofo» e o «não fofo», o «querido» e o «não querido». Exclui-se o «amoroso» que é uma designação com estatuto próprio. Em virtude do mundo feminino não ser totalmente auto-suficiente estabelece trocas comerciais com o mundo masculino. No entanto, as trocas estão estabelecidas ao nível dos serviços: mudar pneus, carregar a botija do gás (em zonas onde o gás não seja canalizado), arranjar o carro, etc.O mundo masculino é caoticamente organizado. As ruas têm ecrãs gigantes onde durante 24 horas são transmitidos jogos das mais variadas modalidades. A cerveja é considerada bebida medicinal e, como tal, comparticipada pelo estado. O striptease, por seu turno, é considerado uma ferramenta pedagógica. Como, ainda, não consigo sobreviver sem o mundo feminino este documento autodestruir-se-à dentro de momentos e todo o ficheiro será apagado do disco rígido...10, 9, 8, 7, 6, 5...

Qual culpabilidade?

Quando o António ficou de férias escreveu um texto (A Mesa de Café Férias de Verão) em que falava no vazio, no sentimento de culpa por não ter nada para fazer, nada para estudar depois do fim dos exames... Devo confessar que fiquei com um certo receio de que me acontecesse o mesmo, mas agora que estou de férias (há mais ou menos uma hora), sinto tudo menos culpabilidade por não estudar e muito menos um vazio (a verdade é que já estava de farta de tanto estudo).
Acabou. Felizmente. Finalmente.

P.S.- Espero que o "vazio" te tenha passado, de certeza que foi só momentâneo;)

terça-feira, julho 05, 2005

God Bless America






"Não vou para o G8 para fazer alguém ficar bem ou mal, nem vou para fazer favores a ninguém"


George W. Bush








"Não criem uma geração de cínicos"
Bob Geldof

"Trinta mil crianças morrem todos os dias, a cada três segundos"

Richard Bennet (presidente do MPH)

"The Apprentice", com Donald Trump


Televisão…É coisa de que se falou ainda pouco neste blog, surpreendentemente. E não me importo de ser eu a dar um primeiro contributo.
Vejo muito pouca televisão, o meu entertainment trash é obtido na net. Mas, às vezes, dou uma espreitadela fora de horas e costuma estar sempre a dar, principalmente no People & Arts, um programa ou outro de interesse. Um que me cativa bastante é o “The Apprentice”, uma brincadeira que o bilionário Donald Trump decidiu criar para se entreter nas horas livres.
O jogo é um excelente retrato da base do sistema económico americano – os seus concorrentes são incitados a deixarem qualquer sentimento de amizade e entreajuda lá fora – ali, apenas têm de ser espertos. Porque basta ouvir Donald Trump a falar, que se conclui imediatamente que este não é um homem inteligente; é esperto. E que criou um programa para criar empresários espertos. Nada mais.
Mas deixando de parte os hobbys de Mr. Trump, passo a explicar em que consiste o programa emitido pela NBC nos EUA e pelo People & Arts em Portugal. Temos um grupo formado por 18 empresários, com vontade de enveredarem por uma carreira de sucesso (ou então simplesmente com vontade de serem conhecidos/ reconhecidos); uns 9 com o chamado college degree e outros 9 com apenas um high school diploma. Durante 13 semanas ir-se-ão digladiar, em provas escolhidas por Mr. Trump, cujos resultados (show me the numbers) provarão a vitória de um método mais teórico ou mais prático, usado em função das capacidades da cada um.
O que me desperta especial interesse neste programa é a apologia do smart way of life. Os concorrentes maquinam, planeiam, calculam – por ex.: Donald Trump divide-os em duas equipas. Pede-lhes que vendam o maior número de garrafas de água de uma recém-criada marca, com a cara dele. Eles terão imediatamente de definir estratégias para “enganar” o comprador – para obter o maior lucro possível. Consequentemente, a equipa perdedora terá de se sujeitar a uma análise, que tem por fim o de detectar “o elo mais fraco”, ou seja, aquele que será despedido. É assim que as coisas se processam na verdadeira empresa capitalista americana, e Donald Trump e os seus assistentes não têm problema nenhum em fazer perdurar a fórmula do mundo bipartido em vencedores e em vencidos. Aliás, creio que os americanos têm dificuldade em conceber o mundo de outra forma.
Outro aspecto interessante são os planos fabulosos de Manhattan, filmados ou nas ruas, em que se pode observar a agitação das próprias pessoas, que não param – por outras palavras, a vida maquinal que estas pessoas levam; ou até do próprio helicóptero de Trump, em que se define na janela a linha de arranha-céus e prédios que constituem a big apple.
Podemos, então, concluir que este programa tinha tudo para liderar as audiências, se fosse transmitido num dos 4 canais nacionais/ gratuitos: mesquinhice, winners e loosers, Nova Iorque, competição, um bonito apartamento e uma sala sombria em que ecoa a frase You’re fired

segunda-feira, julho 04, 2005

Message in a bottle


It is better to sleep on things beforehand than lie awake about them afterwards...

domingo, julho 03, 2005

Como a Apple me pagou bem...



Digo desde já que sou fanático pela tecnologia Apple. Desde aquele Macintosh a preto, branco e cinzento, até aos novos PowerBooks, os computadores e restantes gadgets desta marca sempre me têm feito babar e suspirar por eles…Apesar da ameaça Intel (a Apple/ Macintosh não está a conseguir acompanhar a evolução dos processadores, estando cada vez mais eminente a necessidade de se fundir com uma empresa que os fabrique). Seja pelo design apelativo, de linhas simples e discretas…seja pela funcionalidade e prazer que dá trabalhar com um aparelho destes…É quase como um bom carro, ou um simplesmente uma vertente consumista de que admito padecer.
Como não podia deixar de ser, os computadores da Apple custam, tal como as televisões e aparelhagens da Bang & Olufsen, um preço exorbitante. Sempre tive este grave problema – só me interessar por coisas que realmente enchem os olhos.
Mas para vos falar mais concretamente daquilo que me motivou a escrever este post, vou começar por fazer um bocado de publicidade ao tão batido iPod, o Leitor de Mp3 que tem vendido aos milhares em todo o mundo – e que não foi por acaso.
Os iPod são uma espécie de família, que se ramifica de acordo com o bolso de cada um. Para o mais poupado, o Shuffle serve, com a sua capacidade de 512Mb ou 1Gb… Em crescente ordem de exigência temos o Mini (4 e 6Gb), o iPod propriamente dito, de capacidade até 80Gb e a versão destes em Photo, mero capricho, visto que não têm grande qualidade e única vantagem que acrescentam ao Leitor de MP3 propriamente dito é a visualização do Álbum, tal como no Windows Media Player. Os preços começam, respectivamente, nos 100€ ($100, nos EUA, saindo mais barato) e acabam nos 400 (e muitos) Euros. Como vêm, não é luxo que seja propriamente acessível ao bolso de toda a gente, principalmente daqueles que gastam uma exorbitância sem se sentirem culpados por isso… Eu já ando a suspirar por um desde o Natal… Por agora, contento-me com o meu Denver de 256Mb…
Associado ao iPod está uma verdadeira indústria de música – os iTunes… A meu ver, é uma brilhante solução, não digo que para pôr fim à pirataria, mas pelo menos para a combater (mais daqui a uns anos, quando o comércio electrónico estiver verdadeiramente dinamizado). Funciona de forma simples, rápida e eficaz: em média 1€ por cada música.
Bem, já tive direito aos meus 5mn de delírios consumistas…volto ao meu socialismo.

Ou então, não…

sábado, julho 02, 2005

Madagáscar

a mesa de cafe

Porque todo o assunto merece reflexão, comentário e anotação, queria falar-vos do Madagáscar, o novo filme de animação da Dream Works, que estreou dia 30. Três dos participantes deste blog foram ontem ver o filme, depois de conseguirem comprar, heroicamente, 4 bilhetes, que por sinal eram os últimos.
Lá estava o Dolce Vita, com o seu ar de templo do consumismo, em que se mistura tudo o que está na moda em arquitectura – de vidro fumado a madeira, passando pelas cadeiras de plástico, há de tudo. Subimos as escadas rolantes e chegamos aos cinemas. A Marta pediu uma Coca-Cola, que lhe trouxeram num garrafão. Entrámos na sala de cinema, que já abarrotava, e assistimos a 20mn de anúncios.
Até que finalmente o filme começou, com dezenas de putos já agitados nas cadeiras aos guinchos. Passados 5mn, já só se ouvia o mastigar de pipocas e a voz do Bruno Nogueira, que faz de girafa hipocondríaca.
O filme está francamente bom, dentro do seu género. A meu ver, um pouco distante do Shrek…melhor talvez que o Ice Age. E isto justifica-se pelo seguinte: “Shrek” é um filme com uma história de crianças misturada com humor para adultos. Honestamente. Duvido que 60% das piadas sejam entendidas por alguém com menos de 15 anos. E é isso que faz dele um filme que agrada a miúdos e a graúdos. Depois, claro está, a parte de caricatura de alguns bonecos de animação que conhecemos, faz dele um filme facilmente apetecível.
Mas voltando ao Madagáscar. Penso que o filme está bastante bom, pelo menos a nível gráfico. Os pormenores dos bonecos, os próprios cenários…estão realmente fabulosos…
Agora, enfim…a história…é tipicamente infantil...uns animais com complexos de estrela que fogem de um Jardim Zoológico em Nova Iorque (uns contra e outros a favor da decisão)...E não consegue passar disso. Todos estes filmes começam bem e acabam bem, mas este exagera…
Claro que ganha bastante com as vozes, do “Gato Fedorento”, etc. Mas, sinceramente, estava à espera que também estas participações fossem mais exploradas…Não tão limitadas à tradução em si…
Depois, claro, há sempre partes condenadas pela própria tradução; ouvir o “New York, New York” traduzido para português é uma experiência quase dolorosa. Para já não falar das piadas…enfim…
Como já devem ter reparado, não estou propriamente entusiasmado com o filme…
Honestamente, estava à espera de melhor…
Vejam, se tiverem motivação para isso…

Ah, e uma experiência surreal: uma das personagens que mais intervém no filme, o rei da ilha de Madagáscar, fala pretoguês… o que significou conter o riso durante algum tempo…o suficiente para que o pai e filha negros que estavam mesmo ao meu lado se rissem também…

Portanto esperemos, de braços cruzados...

a mesa de cafe

Fico verdadeiramente pasmado com a demagogia insultante de praticamente todos os comentadores políticos deste país. Ou, principalmente, com a forma como afirmam e airosamente retiram tudo aquilo que dizem (salvaguardando aqueles, como VPV, que se limitam a não dizer nada). Chegou o capítulo dois: aquele em que não sabem (porque simplesmente não sabem) o que seguir, quem e porque defender ou mesmo como defender e, por isso, adoptam a táctica banca de mercado: “Eles andam lá todos para nos roubar”; “Eles querem todos o mesmo!”; etc., etc., etc.,.
Eu acredito em José Sócrates e nas suas medidas. Talvez sem saber aquilo que efectivamente representam; mas foram prometidos números e resultados – e espero para os ver. Até lá, recuso-me a pertencer ao outro Portugal, formado por salvadores da Pátria e que esperam por mais salvadores da Pátria.
Claro que posso ser obrigado a, daqui por uns meses, retirar tudo o que disse e pedir muitas desculpas. Mas, aí, é porque o país conseguiu o que queria - já disse isto uma vez: Salazar não apareceu em tempos de prosperidade...É preciso dizer mais alguma coisa?
Começo a perder a paciência para isto. O melhor é fazer mesmo as malas e pirarmo-nos todos, deixando o país entregue à corja que há-de sempre dominar em todos os sectores. Todos...

Live8

Não podia deixar de referir o Live8, uma iniciativa mundial no seguimento do Live Aid há vinte anos atrás, que envolve os países cujos governantes se encontrarão na Escócia este mês para a conhecida G8. É uma união a nível global pela justiça nas trocas mundiais e nas relações entre os países mais ricos e os mais pobres. Não se pede dinheiro, pede-se o envolvimento na causa...
Para o efeito, estão em simultâneo nesses 8 países, a decorrer concertos das bandas e aristas mais famosos...

sexta-feira, julho 01, 2005

"L'Auberge Espagnole", "Les Poupées Russes"


Não sei se conhecem um filme muito especial: "L'Auberge Espagnole" ("A Residência Espanhola"), com inúmeros actores pouco conhecidos, mas com grande talento (talvez conheçam a Audrey Tatou, por ter encarnado a Amèlie em "O Fabuloso destino de Amèlie"). Destaco do elenco, Romain Duris, que encarna a personagem prinicipal: Xavier, um jovem francês que parte para Barcelona em bolsa de estudo e fica alojado numa residência muito especial... É durante o ano aí passado que a sua vida muda radicalmente, mais interiormente que doutro modo, através da interacção com estudantes de outras nacionalidades (Inglesa, Italiana, Espanhola, Alemã, Francesa, etc.) com os quais partilha a casa.

Este é, sem dúvida, um dos meus filmes preferidos pois alia uma comédia inteligente e irresistível (à boa maneira do cinema europeu) a uma mensagem profunda e um pouco inquietante que nos deixa a pensar.

Assim, foi com muito agrado que soube da sequela desta história: "Les Poupées Russes" ("As Bonecas Russas")... Um filme que conta a história de Xavier e das demais personagens, 5 anos depois do seu encontro na Residência Espanhola. Estreou em França dia 15 de Junho e deve estar para breve a passagem por Portugal. Por isso, aconselho vivamente que o vejam, tendo em conta a qualidade do seu antecessor. E para os que não viram o primeiro, é um filme a não perder!

A Mesa de Café Férias de Verão

a mesa de cafe

Este post vem um dia atrasado (pelo menos em relação a mim), mas…como blog de jovens que é este, não podia deixar de assinalar aqui o terminus (há marcas que nunca desaparecem…) dos exames nacionais e, consequentemente, do ano.
É isso mesmo, pessoal. Estamos de férias.
Bem, eu sei que isto pode parecer completamente desprovido de “densidade social (whatever it is), crítica, política, etc.”, mas gosto de partilhar experiências como esta, que atingem toda a gente…
Penso que terá, por isso, piada, que dêem aqui a vossa opinião acerca desta nossa primeira “época de exames” (qualquer estudante universitário se vai rir quando vir isto). Na minha opinião, pareceu-me que os exames foram, de uma maneira geral, bastante mais fáceis do que se estava à espera. É por isso que me custa a entender o modo como certos professores, como por exemplo, esse grande jurista que dá pelo nome de D… nos fazem questão de aterrorizar, como se fosse a prova mais dura pela qual alguma vez havemos de passar. Enfim…
Bem, agora a pergunta é: O que fazer? Sim, é verdade, estar de férias até quase Novembro (no caso de quem vai para Direito) é sem dúvida muito bom, mas…o que fazer até lá? É indecente! Obrigam-nos a passar os 30 dias do mês de Junho a estudar ou, quando por acaso não estamos a estudar, a pensar que deveríamos estar. E isso é torturante. E de repente, “puf”. Vão-se os exames, as tardes e noites de estudo, os resumos, as secretárias em que não se descobre um cm2 de madeira, atafulhadas de folhas, “guias de acesso”, etc.
Os exames são como uma boa relação...Alimentados com estudo em vez de convívio, e que deixam marcas quando terminam…
Por isso, ficamos nós, aqui, a escrever em blogs às 20.30, a pensar que não fizemos rigorosamente nada o dia todo e a sentirmo-nos culpados por isso.

Sem sequer imaginarmos que o descanso é merecido…

*

Boa sorte para os que ainda vão fazer IDES dia 6 e para os da 2ª fase…

Excelentes posts num excelente blog

NO PAÍS DOS SACANINHAS
Dêem-me um sacana à moda antiga
Como nos filmes de outras eras
Daqueles que vestiam a sacanice e a assumiam

E olhando se reconhecia e temia
Fato e sacana.
Hoje há sacaninhas
Betinhos com caras de sonsos
Vozes delicadas, boas maneiras
Aprumados, bem-educados
Bem vestidos, bem comportados
Frágeis como donzelas
Usam tretas freudianas à lapela
Não são filhos da puta
São filhinhos da mamã.
Até na sacanice este país se tornou pequenino
Pouca coisa, mesquinho.
Temos os sacanas que merecemos.
Ah quem me dera um sacana à moda antiga
E não estes piolhos que por aí pululam
Com sacanices todas iguais, globalizadas
Que só fazem comichão não dão tesão
Tão frágeis, tão indefesos e pequeninos
Que se tem medo que quebrem e se partam
Se levarem uma simples lambada.

.....

.....

.....

.....

TOMADA DE POSSE

Eu, abaixo assinado, declaro solenemente, por minha honra
Que auferirei e desfrutarei
De todos os privilégios a que tenho direito
E de todas as mordomias que me serão concedidas
Como servidor e representante da Nação.
Prometo não esquecer que há crise… Para os outros
Prometo não dar mais regalias… Aos outros
Prometo cortar privilégios…. Aos outros
E com unhas e dentes defender os meus.
É uma honra servir este País
E depois de terminado o mandato
Irei como os meus antecessores
Para institutos ou empresas do Estado
Ou para a Caixa Geral de Depósitos
Fiel depositária de todos,os que como eu,
Não se distinguiram na governação
E que também assinaram este documento
Prometendo nele desfrutar ad eternum
Dos privilégios que me são concedidos
Por ter, mesmo que por pouco tempo,
Sentado o cu na cadeira do poder.

´

in, Eroticidades

A Mesa de Café

Imprensa Desportiva

a mesa de café Blogger