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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Vasco Rato...

...disse ontem no Prós e Contras exactamente o que eu penso sobre o Aborto (e que já disse aqui). Valeu a pena ouvir. Simples, duas razões.

Todo o resto do debate limitou-se, para variar, a centrar-se em "peanuts"!

P.S. A médica que lá foi defender o NÃO foi uma péssima escolha. Constrangedor o modo como evitou responder a várias perguntas, para as quais qualquer outro membro da plateia teria a resposta na "ponta da língua"

terça-feira, janeiro 30, 2007

A Imbecil


Estava para escrever sobre isto há uma semana, quando vi no Sol a crónica do António Pedro Vasconcelos. Antecipou-se. Mas disse o que eu pensava, por isso, faço das suas, minhas palavras.

Sobre o último Prós-e-Contras cujo tema foi o caso do Sargento APV diz:

(...)Curioso em conhecer os prós-e-contras da história achei que ia ter acesso a toda a informação que me habilitasse a fazer um juízo tanto quanto possível imparcial sobre a história(...)

(...)o que se passou foi um momento de TV inominável: um puro exercício de demagogia, um linchamento popular com uma plateia ululante de desprezo pelo 'pai desnaturado'(...)

(...)qualquer tentativa do advogado do pai biológico e dos magistrados convidados para levar o público a ver este drama com um juízo mais sereno era votada ao fracasso. Fátima Campos Ferreira tinha escolhido o seu campo: a defesa das razões do coração contra as razões dos juízes


(...)nunca foi abalada pela dúvida, nunca teve curiosidade de ver o outro lado da questão. O seu julgamento estava feito. O pai biológico era um monstro.(...)

(...)a plateia teve o seu momento de apoteose quando FCF declarou que, sem a família de acolhimento e com uma pai daqueles, a criança teria morrido à fome.(...)

(...)O que se passou é improvável de um país civilizado e de uma TV pública.(...)

Ele diz tudo o que eu diria (curiosamente, acreditem, até pelas mesmas palavras. À excepção de "ululante", evidentemente). O que não diz, está subentendido: Fátima Campos Ferreira é uma Imbecil, com todas as letras. Não sabe apresentar. Não é imparcial. Não tem timing, sequer. Tem o irritante dom, qual cão a farejar, de cortar a linha de raciocínio aos dialogantes em pontos cruciais.

Não compreendo como pode a RTP coadunar-se com isto e deixar esta abécula apresentar o seu melhor programa. Judite de Sousa estaria, evidentemente, melhor.

Seria um autêntico serviço publico passar FCF para um programa matinal, daqueles para os quais estes temas emotivos são tão caros (devidamente acompanhados por música a condizer), ou, talvez melhor, enviá-la para a TVI para fazer parceria com a Castafiore da televisão portuguesa, Júlia Pinheiro

segunda-feira, janeiro 29, 2007

O Código de Marcelo Discodificado

Smart Bumpers

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Agora SIM

Não se assustem! É só para dizer que agora sim, os exames começam a apertar, razão pela qual terei de deixar "a mesa" em stand by. Com sorte, nem tanto. Mas se acontecer já sabem a que se deve...

Intervalo

"I'm all at sea, where no one can bother me"














© David Doubilet

terça-feira, janeiro 23, 2007

Gafe...

...de uma das intervenientes no programa da RTP "Os Grandes Portugueses".

Enquanto comentava a lista dos 100 mais votados uma senhora solta a frase "Pinto da Costa, essa coisa horrível" (ou algo parecido). O problema é que a apresentadora era, nada mais nada menos, que Maria Elisa, ex-amante (ou não ex) da dita personagem!, que ficou com cara de "alho podre"!

P.S. Para quem viu recordo a "incisiva" intervenção de um ouvinte dos Açores que resolveu falar sobre o flagelo da Droga, vá-se lá saber porquê! Talvez fosse uma metáfora rebuscada...

Para quem duvidava da "categoria" de um tal de Hélio Pestana para integrar a Lista dos 100 Grandes Portugueses está aqui a resposta. Não é que o homem até consta na Wikipédia em inglês.

Vejam este artigo "imparcial". Vale a pena ! link

P.S. Outra das personalidades, Maria do Carmo Seabra, não tem tanta sorte. Coitada!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Andou a ler-nos o Malandro!

só há duas posições aceitáveis” perante o aborto: “ou o aborto é um atentado contra a vida e então é sempre um crime, pelo que até a actual legislação é inaceitável; ou o aborto não é um homicídio e, por isso, não deve ser considerado crime

José Miguel Júdice

domingo, janeiro 21, 2007

"Keep Abortion Safe, legal and rare"

Esta magnífica frase só podia ser de... adivinharam, Bill Clinton. O mundo tem saudades de um bom presidente americano...

A César o que é de César

João Caesar das Neves considera que, caso o SIM ganhe, abortar será "tão normal como um telemóvel". Disse isto assim, a frio. Poderia ser um yogurt, uma lanterna ou um dedal. Uma tenda ou uma cadeira. Um livro ou um banjo. Mas não: um telemóvel. A mulher passará a sair de manhã para ir carregar a sua vitamina e ir fazer um aborto. O marido irá à Vodafone comprar um novo Nokia 489031, e pelo caminho, deixa a mulher na clínica. O filho mais velho, temeroso com a ideia de um maninho, oferece à mãe um Sagem GXpto e um "Cheque Aborto", com prazo ilimitado. Imagino anúncios com jovens em trajes menores a correr pela praia, pêlos a eriçar e uma música envolvente, enquanto ouvimos "Aborta: segue o que sentes"; noutro qualquer coisa como "a efémere vive apenas 2 semanas (...) e se quiseres abortar, só tens mais 8".
Mas tudo isto pertence ao imaginário de César das Neves, que, btw, parece ser bastante fértil: não foi este que quis ser nobel?

Respondendo ao Sr. Cóneg... Bandeirinha

Antes de mais, deixa-me apenas felicitar-te pelo texto. Li-o de uma ponta à outra. Sendo tão raros estes momentos em que abordas de forma lúcida, séria e consciente determinado assunto, seria desperdiçar uma boa oportunidade de debate não responder. Seria, aliás, pouco provável que não o fizesse, fosse este sobre que assunto fosse; sendo este, não poderia mesmo deixar de o fazer.

Não posso deixar de reparar que finalmente decidiste dedicar umas horas à política (à política à sério - deixemos os nossos amigos das Concelhias por agora). Abstendo-me de uma possível condenação desta instrumentalização da coisa, é bom ver que, pelo menos, abandonaste as ideias anarco-conservadoras e percebeste que quem manda realmente nisto, para o bem ou para o mal, não somos nós, mas sim um órgão devidamente legitimado para o efeito, que (repito: para o bem e para o mal) é capaz de decidir sobre questões que nos tocam no âmago. Como esta, por exemplo.

Pois bem, o aborrecido da coisa é que, por uma questão de coerência e honestidade, acabaste de assumir um compromisso do qual já não te podes libertar, pelo menos nuns tempos próximos: no caso de o não ganhar, vais ter que continuar a bater-te por questões como “educação sexual nas escolas, divulgação e responsabilização para a prática sexual, uso de métodos contraceptivos, acompanhamento de mães solteiras, apoio empenhado de grávidas em risco, aplicação rigorosamente acompanhada da pílula abortiva a mulheres vítimas de violações, reforço da lei conjugal, facilidade de regime de adopção para casais heterossexuais com condições para acolher crianças (...)”, tudo questões, et voilá... políticas. Disse “no caso de o não ganhar”, mas acredito que o devas fazer mesmo que o sim ganhe, da mesma maneira que eu o farei. Ou seja, se contavas lavar as mãos mal este pesadelo acabasse e deixar na toalha os resquícios do activismo político... think again, porque vinculaste-te a ele sem sequer dares conta. Não esperas que a “facilidade de regime de adopção para casais heterossexuais com condições para acolher crianças” seja obra do Arcebispo de Braga, pois não?

E é aqui que vai por água abaixo o teu argumento de que esta questão não passa pela política, pelos partidos, pela esquerda e pela direita. Nada mais errado: passa e muito. Vejo, pela primeira vez, muito boa gente que costuma passear pelo CDS a falar em coisas como “métodos contraceptivos” e “educação sexual”. Ora, não costumam ser estes seres que aplaudem os discursos em que o Santo Papa apela ao não uso do preservativo? E que ficam calados em matérias como a educação sexual nas escolas, e mesmo em relação a tantos outros relacionados com este? Sim, são. E para eles só encontro uma palavra: hipócritas. É mais ou menos esta a gente que integra as “não obrigadas”. Resta saber de onde vem a “obrigação”: parece-me que o patrão terá de ter um olhar de lince para detectar um feto com 34 – 42mm (é o que costuma medir um feto com 10 semanas) na barriga de uma sua licenciosa empregada. Mas deixemos isto. O que é realmente interessante aqui é ver como, de repente, os partidos e as pessoas de direita passaram a aplaudir tudo o que está relacionado com prevenção. Porque até aqui nem o problema se colocava. Era preferível acreditar que os jovens não andavam a ter relações (diria o Nuno Melo: “não deveriam andar a ter, de qualquer das maneiras”). E até nem havia grande problema: se as coisas corressem mal iam a Espanha, ou davam o petiz para adopção (não é de espantar que se importem tanto com estas instituições). Toda esta harmonia parece esvair-se quando, de repente, chegam os genocidas de esquerda, prontos para mudar uma lei que, em primeiro, não funciona, porque ninguém deixa de abortar por a lei não permitir – a diferença é que se tem 500€ vai dar um passeio a Vigo ou a Badajoz; se não tem vai dar um passeio a um vão de escada; em segundo, é injusta, porque condena apenas mulheres, quando a responsabilidade civil/ criminal devia ser repartida – o que parece não incomodar ninguém que defende o não, para alem de ti; em terceiro, é (igualmente) dispendiosa para o Estado, porque financia julgamentos, advogados, magistrados, despesas administrativas e cuidados de saúde para mulheres que abortam em más condições (nota: estou a utilizar os termos direita e esquerda para diferenciar concepções político-sociais; poupemo-nos ao esforço de tentar imputar este estatuto aos actuais partidos). Esclarecida a forma como a política toca esta matéria, avancemos.

A pergunta não é inocente, mas é clara: “concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez se realizada, por opção da mulher nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” Se respondermos sim, não estamos a pronunciar-nos a favor da liberalização do aborto (visto que este continua a ser permitido apenas em circunstâncias taxativamente previstas, ou seja, com inúmeras restrições), mas sim contra: 1) a prisão da mulher, (até três anos), depois de esta já ter passado pela violência física e psíquica de um aborto clandestino; 2) a existência, por ano, em Portugal, de 18 mil abortos clandestinos e de centenas de mulheres com graves complicações pós-abortivas (obrigado A. Belo). Para alem do que já referi em cima, é também por isto que vota o sim (ou pelo menos algum sim).

Gosto especialmente da crença que se instalou de que, de um momento para o outro, o dinheiro investido em clínicas de aborto poderia ser canalizado para a sua prevenção. Sim, os privados, num acto de generosidade, vão mesmo abdicar dos seus investimentos e passar a preocupar-se com o bem comum. Está-se mesmo a ver. E o pior é que não há maneira de os obrigar. O curioso é que esta espécie de crença soa demasiado a... neoliberalismo?
Como já te disse, aborrece-me mais que os espanhóis atafulhem os nossos jornais com anúncios à “Clínica dos Arcos” do que montem cá as nossas clínicas. Se querem o nosso dinheiro dêem-nos trabalho. A privatização de um serviço como este só me aborrece a partir do momento em que o Estado deixa de o realizar a um preço baixo, concertado. Assim: venham as clínicas – nem é difícil de imaginar a clientela: jovens de 19/ 20 anos que estudam no S. João de Brito ou na U. Católica, provavelmente com apelidos com muitos “elles” e “ypslons”. Sim, porque não me parece que quem vá recorrer a elas sejam as pessoas que realmente necessitam deste serviço, talvez porque... não o possam pagar numa clínica privada. E são estas que são aqui chamadas.

Para acabar, que isto já vai longo, deixa-me apenas dizer que o que está aqui em causa não é propriamente pragmatismo e fascínio pelo fácil. Fácil!? Abortar parece-te uma decisão... fácil!?
Claro que não é. E como já disse dezenas de vezes, sou a favor de todas essas medidas para dissuadir a mulher de abortar. Sou a favor, aliás, de um conjunto de medidas complementares de acompanhamento das mulheres que abortam. A questão é que mesmo depois de fornecidas as “condições de apoio social, assistência a mães solteiras e acompanhamento, sistemas de protecção e acompanhamento psicológico e médico a grávidas de risco e leis de responsabilização conjugal” acho que a última palavra deve ser... da mulher/ do casal. E é por isso que voto SIM.

P.S.: este post teve como finalidade (tentar) responder-te. Queria ver se fazia uma coisa mais elaborada ainda a tempo do referendo, o que não me parece nada fácil, tendo em conta a altura (devia estar a preocupar-me mais com regimes de interdição e afins)...

E agora?

Perante a polémica actual, o fala, o contradiz, o mata e o esfola, penso importante definir com exactidão e de forma explícita o que penso e aprovo/condeno. Mais do que para encher isto com comentários de um que ficou a achar que eu sou isto ou do outro que não gostou daquilo, faço este exercício perante mim e para bem do meu processo de organização mental; também perante os outros que me lêem, os que eu leio, aqueles a quem mando umas bocas, ou os que me mandam a mim. Trata-se de um assunto sério, acerca do qual, por todo o lado (principalmente na imprensa), cada vez mais se fala e menos se pensa.
Não gosto de política. Nunca me envolvi directamente em nenhum assunto que detivesse uma componente política de uma envergadura tão robusta. No entanto, não apresento esta questão como as pessoas que ligam, vivem ou gostam de política. Aqui o que está em causa ultrapassa em larga escala o ser de direita ou de esquerda.
Tenho recordado imenso a passagens de dois livros que reli recentemente, em relação a este assunto. Será que George Orwell quando escreveu o 1984 ou Aldous Huxley no Admirável Mundo Novo se lembraram que ia haver um miúdo que ia dar voltas e voltas à cabeça a pensar nos livros deles, a propósito de uma questão destas? Certamente que não. No entanto foi o que aconteceu.

Sem dispersar mais, actualmente, Portugal vai ser chamado a decidir, mais do que se concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez se realizada antes das 10 semanas por vontade da mulher, vamos saber se a maioria do nosso país é ou não a favor de que o seu Estado, a sua Lei e os seus órgãos representativos tolerem a prática do aborto, de modo que este seja totalmente liberalizado dentro de um certo período de tempo. O que se vai passar, se a maioria votar sim, é isso, não é apenas o carácter dócil de que a pergunta se “reveste”, porque se fosse não estaríamos perante todo este alarido. Isto para não falar da parte da mulher. Afinal, um filho é gerado por um pai e por uma mãe. Muitos pais não reconhecem filhos, muitas mulheres são violadas e ficam sem amparo. Eu penso que pôr na vontade da mãe se a criança vai ou não nascer é equiparável a retroceder à época Vitoriana ou à Grécia antiga, em que apenas à mãe competia exercer as tarefas relacionadas com os filhos, ocupando-se o pai de trabalhos, negócios e outras actividades, e limitando-se a contactar periodicamente com eles. Se uma criança tem uma mãe que não a deseja, poderá ter um pai que a eduque e a faça crescer saudável a todos os níveis (e vice-versa). Na minha opinião, a lei deveria responsabilizar os dois indivíduos que originaram a vida da criança pela sua estabilidade, sejam quais forem as condições.
Isto porque, evidentemente, a mulher pode engravidar perante um descuido ou uma irresponsabilidade. O acto sexual pressupõe responsabilidade. Claro que continua a haver raparigas novas “enganadas” e com ideias erradas acerca dos perigos do sexo. Um problema desta dimensão, está longe de ser resolvido dizendo sim ao aborto. Um problema destes resolve-se com medidas estruturais e de raiz que visem informar as pessoas e construir conhecimento na sociedade. Somos um país que ainda nem o passo básico para esta etapa deu…em Portugal, grande número de pessoas acha inconcebível haver aulas de Educação Sexual. Uma medida urgente.
Outra questão que vale a pena abordar, dada a polémica que tem gerado, é a liberdade. Não sei quem é que me vai convencer da liberdade que tem, quem vai abortar. Há, de facto, alguns casos de mulheres que, por facilidades e “conhecimentos” abortam várias vezes e não contentes com isso ainda perante as câmaras dos telejornais dizem “não vejo qual é o mal, eu fiz quatro…”. No entanto, não vou sequer pegar nesses casos, porque parto do princípio que há mulheres que abortam em casos de miséria extrema e desespero. Ninguém me vai convencer que estas mulheres, principalmente as mais desfavorecidas, ao fazê-lo, estejam a exercer qualquer tipo de liberdade. Estão a recorrer, contrariadas, a algo que vêem como a única saída para o seu estado. Dar liberdade a estas mulheres que abortam contrariadas e tanto preocupam os/as defensores do sim, não passa por cingi-las ao “pronto, aborte lá”. Dar liberdade a essas mulheres passaria por um processo muito mais abrangente e muito mais difícil e trabalhoso (daí ninguém acreditar ou pensar sequer em segui-lo), que passaria por dar condições de apoio social, assistência a mães solteiras e acompanhamento, sistemas de protecção e acompanhamento psicológico e médico a grávidas de risco, leis de responsabilização conjugal, tanta coisa… No fundo, dar condições à criança e à família. Porém, perco a conta ao número de pessoas que me dizem diariamente ir votar sim por não acreditar em nada disto. Tristemente, não tenho outra explicação para este fenómeno que não o pragmatismo e fascínio pelo fácil que afoga a nossa sociedade.
A par disto, vem o fácil (que mais podia ser), que é “ir a Espanha abortar”. Nem sequer pensem mais nisso. Quais lobos esfomeados, já trataram de comprar um prédio na Av. da República, mesmo no centro de Lisboa, para montar uma enorme clínica de abortos. Com as medidas de fundo por mim propostas no parágrafo acima, estávamos a inverter a tendência para o recurso à interrupção voluntária da gravidez (fosse ela feita no centro de Lisboa, em Badajoz ou numa cave de um armazém nos arredores de Fátima). Eu acredito que sim, que há medidas que evitam a tendência para recorrer à interrupção. Os exploradores de clínicas de aborto e os médicos/as e enfermeiros/as que ganham muito dinheiro (seja ele legal ou não) a fazerem abortos, certamente pensam que não, mesmo que acreditem que sim, que haja medidas que moderem o número de casais a recorrer ao aborto (o problema é que se elas fossem postas em prática, estes indivíduos sem escrúpulos teriam a sua clientela e o seu negócio em risco).
Para mim, é uma questão que se prende acima de tudo com o faço de cada um acreditar nas ideias concretas que promovam a vida e a qualidade de vida dos seres humanos. No estrangeiro, preferem recorrer ao aborto. Para mim, isso nada significa. Não tenho problema nenhum em viver num país que em algumas coisas saiba dar grandes exemplos: na abolição da escravatura, no fim da pena de morte e no não pactuar com uma prática de risco e humilhante a que chamam interrupção voluntária da gravidez. Com Educação Sexual nas escolas, divulgação e responsabilização para a prática sexual, uso de métodos contraceptivos, acompanhamento de mães solteiras, apoio empenhado de grávidas em risco, aplicação rigorosamente acompanhada da pílula abortiva (este medicamento não destrói o “ovo”, impede a sua evolução reprodutiva) a mulheres vítimas de violações, reforço da lei conjugal, facilidade de regime de adopção para casais heterossexuais com condições para acolher crianças (pouca gente sabe, mas no nosso país começa a ser vulgar ir adoptar bebés ao Brasil e a África, dadas as dificuldades que o nosso regime se encarrega de colocar a quem quer e tem condições para adoptar).
É fácil acreditar, promover e desfrutar o privilégio de viver em democracia, bem como a nossa liberdade individual para exigir e pressionar os nossos representantes estatais a mudar e seguir uma política neste sentido? Não. É difícil, não é uma tarefa fácil. Eu sei que não é fácil, mas mesmo hoje acredito! Vou votar NÃO, porque eu SIM, eu acredito que uma questão desta seriedade pressupõe medidas bem mais sérias e estruturais, que visem uma evolução continuada e credível. Acredito que há quem pense como eu. Divulguem! Não tenham medo de ter dúvidas, nem de se informarem perante todos daquilo que pensam e o que vos leva a pensar sim ou não. Votem, mas acima de tudo, evitem o pragmatismo! Eu não tenho medo de acreditar. Eu não tenho medo de pensar. Eu VOTO NÂO!

sábado, janeiro 20, 2007

Os Grandes portugueses

Devo dizer que acho uma certa graça e este programa. Vale o que vale, é certo, mas o que vale é útil. Dá uma boa indicação da maneira como os portugueses vêem a sua história.

Sendo assim, decidi fazer a minha própria lista (aberta a discussão):

Camões
D. João II
D.Manuel II
Pedro Nunes
Mário Soares
Eça de Queiroz
Fernando Pessoa
Infante D. Henrique
D. Afonso Henriques
Padre António Vieira
Aristides de Sousa Mendes

P.S. A lista devia conter 10 elementos, mas como não sabia qual tirar...ficam 11!

Coimbra em 1º no "Times"




A Universidade de Coimbra ficou colocada em 1º lugar entre as melhores Universidades Portuguesas (públicas e privadas) e em 266º lugar entre as 500 melhores do mundo (subindo 186 lugares), seguindo-se-lhe as Universidades Nova de Lisboa (que ocupou o lugar 277 subindo, assim, 63 lugares) e Católica Portuguesa de Lisboa, que ficou em 338º lugar, subindo 53 lugares. O artigo fornece também um ranking europeu. Como possíveis causas desta subida gigantesca da "maior e mais antiga academia do país" (186 lugares), os autores do ranking apontam o "envolvimento com a comunidade" e os "benefícios que daí resultam".
O ranking foi publicado no "Times" há uns meses e, por cá, no "Jornal de Negócios".

Um murro no estômago daqueles que carinhosamente a apelidam de "Universidade das Beiras"?

Eu sei, eu sei

O tema começa a ficar gasto (apesar de nunca ter visto uma opinião bem fundamentada por parte de algumas almas que o anunciam) , mas há posts que são verdadeiras preciosidades. Este é um deles. Independentemente das vossas convicções, penso que é impossível... não rir. Muito.

BuySealand.com


A história que vou contar de seguida é capaz de ser dos mais intrigantes casos práticos de direito internacional que andam, verdadeiramente, na boca do mundo, e uma das mais curiosas que tenho visto nestes últimos tempos.

O Principado de Sealand, um micro-estado que, na verdade, não é um principado, nem muito menos um micro-estado é uma plataforma petrolífera abandonada na zona costeira britânica (a 10km de Suffolk, para ser mais preciso) onde vive uma família de 10 elementos, entre os quais o auto-proclamado príncipe Roy I (Paddy Roy Bates, um ex-lucotor de rádio e oficial do exército britânico) e o seu filho, Michael, príncipe regente. Apesar de não ser reconhecida soberania (a toda a família Bates é atribuída cidadania inglesa, que é, aliás, utilizada por estes para todos os efeitos) ao seu país, nada impediu a família Bates de desenhar a sua própria bandeira, os seus próprios selos e de cunhar as suas próprias moedas, que se adivinham de vasta utilidade. O seu sentimento como povo é tão forte que um incêndio na plataforma superior foi descrita pelos próprios como “a devastating fire which has crippled its infrastructure significantly. In common with other island countries, our resources here are limited; the difficulties this disaster presents are compounded by the effects upon our population and industries.” – nem quero pensar no rombo nas exportações.
Esta história, só por si, já é interessante. Mas não tão interessante quanto a que vem a seguir.

O site “The Pirate Bay” é um dos mais conhecidos trackers de torrents que existem no mundo (muito sumariamente, um torrent é um ficheiro que contem informação acerca de quem partilha um determinado ficheiro (música, filmes, aplicações, etc.) que queremos adquirir e que nos põe, através de um programa (vg. Bittorrent, Azureus, etc.) em contacto com essa pessoa para o podermos copiar). O sucesso dos torrents tem vindo a aumentar exponencialmente, essencialmente por razões de eficácia e facilidade de utilização. É claro que, tal como o gravador de DVDs, foi criado com o intuito - está-se mesmo a ver, aliás – de partilhar conteúdos criados por nós, ou seja, cujos direitos de propriedade intelectual nos pertencem. Mas é claro que imediatamente se descobriram outras finalidades bem mais proveitosas (assistir a séries que ainda não estrearam no nosso país, por exemplo). Ora, é fácil de adivinhar que estamos a falar em prejuízos de milhões de dólares para as editoras, distribuidoras, etc., que vêem nos torrents (e consequentemente, dos sites de torrents) um inimigo a abater. Quem está à frente do site “The Pirate Bay” percebeu isso. Mas também percebeu o enorme poder que tem entre mãos. E por isso decidiu arranjar uma maneira de instalar os servidores cheios de pirataria numa zona em que não haja jurisdição que condene esse crime. Mais precisamente, num Estado criado para o efeito. E o micro-estado de Sealand serviria perfeitamente. É por isso que decidiram começar a angariar fundos para poderem comprar à família Bates a plataforma (perdão: o país). E não duvido que consigam juntar dinheiro suficiente. O pior será quando quiserem oficializar o país junto da ONU ou assim, género: “Queremos um país onde possamos alojar terabytes de conteúdos pirateados. Pode ser?”

Esta história parece demasiado fantasiosa, mas é verídica. O site “Buy Sealand” está online há apenas 10 dias e já angariou cerca de $18500. E promete angariar bem mais, tudo em nome, lá está, da pirataria. No caso de não conseguirem juntar dinheiro suficiente, já andam de olho numa ilha (há dezenas de arquipélagos a servir os mais variados fins: lavagem de dinheiro, armazenamento de informação confidencial, etc.) onde possam instalar os seus PCs e viver o resto da vida a jogar Warcraft. Porque sim, querem construir uma micro-sociedade, dentro do seus micro-país. Que não há de crescer muito, a alimentar-se exclusivamente de sardinhas...

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Valha-nos o Escrivá de Balaguer!

"Se o dr. Louçã mandasse (credo!), de uma coisa estou certo: não era necessário dinheiro para campanhas porque...não haveria campanhas."

Bagão Félix, a propósito da campanha do referendo ao aborto, PÚBLICO, 19-01-2007

quinta-feira, janeiro 18, 2007

"Terrorismo Semântico"

"Os partidários da não despenalização do aborto que continuam a falar do aborto como "morte de criança", "eliminação de um ser humano", etc. deveriam ser minimamente coerentes, exigindo que o aborto fosse punido como infanticídio ou homicídio, e não como um crime autónomo. Por que o não fazem, recuando assim perante o seu próprio terrorismo semântico?"

Vital Moreira, in Causa Nossa

Realmente, já não se pode andar descansado em lado nenhum hoje em dia!

Já que ultimamente se anda a debater assuntos sérios por estes lados, aproveito para alertar todos acerca das situações de perigo que têm lugar diariamente nas grandes cidades, bons exemplos do estado actual do mundo em que vivemos. Isto passou-se comigo; não deve ser motivo de gozo. Peço aos mais zelosos e responsáveis que divulguem esta mensagem por e-mail e façam com que os seus amigos mais próximos abram os olhos e não deixem passar ao lado situações como esta.

Amigos tenham cuidado!VALE A PENA LER.
Pode acontecer também contigo.

Publico esta informação para avisar que fui vítima de um assalto num supermercado. Funciona da seguinte maneira:
Nos parques de estacionamento de grandes superfícies comerciais, duas jovens bem esbeltas e produzidas chegam perto do carro enquanto estás a guardar as compras no porta-bagagens e começam a limpar o pára-brisas com uma esponja e um produto de Limpeza; dizem que é um novo produto que pode ser usado sem água e que vende imenso no estrangeiro. Elas são as demonstradoras.

Os seios praticamente saem das camisas, é impossível não olhar.Eu até quis dar uma gorjeta, mas, muito simpáticas, não aceitaram e perguntaram-me se eu ia passar próximo de outro supermercado, pois elas iam para lá; Eu disse que sim, que não havia problema e entraram as duas para o banco de trás.
Pelo caminho começaram a beijar-se.
Logo de seguida uma passa para o banco da frente e começa por me fazer sexo oral, passando para coisas bem piores (melhores), enquanto a outra rouba o dinheiro que estava no meu bolso de trás das calças.

Estejam alerta, pois poderá acontecer também com vocês!!!!
Roubaram-me
Na segunda-feira,
Na terça-feira duas vezes,
Na quarta,
Na quinta...
E amanhã ainda devo lá ir outra vez!!!

Assim está melhor

Vergonhosamente

Não publiquei a tempo nenhum post alusivo ao nosso segundo blogoaniversário. Mea culpa (cf. C. SOUSA - "O Direito Geral de Personalidade", pp. 5 - 486). Em todo o caso, acho que é fácil perceber a a mensagem: 2 anos (e tal), muitos posts, muita briga, polémica, confusão, lamechice (...)
Quando olho para os primeiros posts parecem-me... toscos. (Espera lá, isto foi o que disse há um ano...)
A verdade é que até o post que escrevi há um ano me parece tosco. E ainda bem que assim é: é sinal que estou (estamos?) mais críticos, mais maduros, de espírito mais aberto. Que evoluímos. No dia em que olhar para um texto e não conseguir detectar nada que me arrependa de ter escrito vou ficar... desiludido.

Entediado, talvez.

É incrível o que a minha vida mudou em 2 anos. A realidade que conheci já não existe. As pessoas que conheci já não existem: hoje são versões praticamente acabadas daquilo que a sua infantilidade e existência quase prosaicas prometiam: snobs, queques, reacionários, radicais, intelectuais, espertos, espertinhos, espertalhões...

Aquilo em que acreditava parece-me, hoje, ingénuo. Aquilo que penso e faço hoje parecer-me-ia inconcebível. Até o modo como me relaciono com as pessoas é diferente. Mais calculista, mais premeditado, mais frio, até. Talvez seja isto a que chamam... maturidade.

Não sei se sou melhor pessoa. Sei que sou diferente. Sei que estou diferente.

Estamos todos, afinal.

P.S.1: desculpem o tom excessivamente erm... intimista.
P.S.2: amanhã vou-me arrepender de ter escrito isto.

terça-feira, janeiro 16, 2007

O Melhor argumento do SIM:

A Direita (leia-se NÃO) teve 30 anos para mudar uma Lei com que nem os próprios defensores do NÃO concordam.

Ou porque é pouco restritiva.....

Ou porque as mulheres que cometem Aborto não deviam ser julgadas e presas....

Só se podem queixar de si próprios!

Dúvida!

Para quem vota NÃO e ao mesmo tempo é contra o Julgamento e, consequentemente, Prisão, porque o faz?

Entre impedir as mulheres de abortar mas sem lhes fazer nada ou dar-lhes condições de o fazer, não será melhor a segunda?

P.S. Não me respondam de maneira a mandar a "Bola" de volta. Não me digam: Então, mas a partir das 10 semanas já não é assim?

Estive a pesquisar na Net e encontrei....

Não se pode tolerar que o Estado imponha aos cidadãos um qualquer ponto de vista moral. Os cidadãos devem ser livres de agir de acordo com as suas consciências, enquanto a sua actuação não fizer diminuir a liberdade dos outros cidadãos.

É boa! É óbvio que, para quem é contra o Aborto, se age contra a liberdade de um ser-humano. E nesse caso já o Estado deve "impor um ponto de vista moral".

A sociedade portuguesa está dividida no seu julgamento moral acerca do aborto: enquanto que muitos portugueses consideram o aborto imoral, muitos outros não partilham dessa opinião -- ou, pelo menos, agem em contradição com ela. Não cabe ao Estado intervir, decretando que qualquer destes grupos de pessoas tem razão.

A questão não é considerarem imoral, mas sim crime! E nesse caso parece que este argumento já não colhe....! Aliás, não é por acaso que há um referendo!

"Não há planeamento familiar eficaz sem a possibilidade de, como solução de recurso, abortar."

No comments.....

Está em causa o respeito pela dignidade, autonomia e consciência individual de cada pessoa e pelos princípios da igualdade e da não discriminação entre mulheres e homens.

Sim. É pena... Se ao menos os homens também pudessem ter filhos, já seria uma Lei Igualitária... Como, aliás, diga-se de passagem, é a lei que o SIM propõe!

Porque é um elemento essencial do Estado de direito o princípio da separação entre a Igreja Católica ou qualquer outra confissão religiosa e o Estado.

O que tem tudo a ver com a questão. Se não houvesse essa separação não havia referendo! É óbvio que o Estado é laico, agora, daí a não querer que a Igreja participe na discussão vai uma grande distância

Porque a proibição do aborto dá origem à gravidez forçada o que se traduz em violência institucional.

Esta é das melhores...Mas atenção, isto só é "violência institucional." até às 10 semanas. A partir daí...

A parábola dos Sindicatos e do Patronato....

Os sindicatos/NÃO não admitem que o Aborto clandestino vai diminuir...o Patronato/SIM não admite que o Aborto vai aumentar....!

domingo, janeiro 14, 2007

Devo dizer que...

Qualquer semelhança entre estes senhores e estas senhoras é... pura coincidência. E aposto que a Tia Bibba está no segundo, ou que então vai criar um novo: género "Vivvá... esqueçam".

Sobre a Coragem

Nas bombas de gasolina a que costumo ir existe, ao lado do balcão de pagamento, um expositor de revistas. Enquanto espero na fila para pagar costumo passar os olhos pelas capas; hoje deparei-me com uma particularmente interessante, que dizia mais ou menos isto: "A Coragem de ser mãe aos 40 anos - Bibba, Bibbá, Pitta, Pittá (não é relevante) volta a ser mãe. Fotografias exclusivas de _______ (preencher com nome queque, que agora não me recordo; a propósito, também não me lembro do nome da revista, mas também não deve ser relevante)". Mas devo dizer que fiquei imediatamente lavado em lágrimas. "A Coragem de ser mãe aos 40 anos". "Coragem!?" Um ser cuja única actividade que se lhe conhece é precisamente essa - ser mãe - é "corajoso" por a pôr em prática!? Ainda mais aos 40 anos (ainda se tivesse 50...)!? Ensandeceu tudo!? E btw: Quem é que compra aquelas bostas!? Para ver a fotografia de um recém-nascido!? Ah, são exclusivas! Damn, se comprar a “Ana Mais Atrevida” já não posso ver o ________ (preencher outra vez com nome queque...)

Vou só ali cortar os pulsos e já venho!

sábado, janeiro 13, 2007

Raul Castro e Cuba

" (...) O seu pai, no dia 2 de Dezembro, fez, pela primeira vez, um discurso no qual admitia uma negociação com os EUA, para resolver o diferendo entre os dois países. Como vê este gesto?
Sempre foi dito por Fidel que estava disponível para resolver os problemas com os Estados Unidos. Mas os meios de comunicação social não o diziam e agora querem fazer passar a ideia de que o meu pai é mais aberto. Isso não é verdade, ele apenas segue uma estratégia traçada colectivamente.

(...)

Admite que os opositores e dissidentes sejam integrados na vida política cubana?
Em Cuba, não existem opositores nem dissidentes. Existem mercenários. Eles reclamam um espaço para discutir ideias, mas esse espaço existe, dentro do Partido, onde eles não querem entrar para continuarem a dizer que são opositores. Dentro do Partido Comunista existem mecanismos para apresentar essas propostas, mas se essas propostas não forem socialistas não nos interessam (...)".


Mariela Castro
, Filha de Raul Castro, in Visão

Grosserias

«Há uns bastardos da comunicação social do continente – digo bastardos para não dizer filhos da puta – que aproveitaram este ensejo para desabar ódio sobre a minha pessoa.»

Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira - SIC (Junho 2005).

«Meus senhores, eu já estou farto de vos dizer que não me incomodem a falar nem de medíocres, nem de colaboracionistas, nem de gente rasca como o PS. Não me falem nessas coisas.»

Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira in "Jornal da Madeira, 15 de Agosto de 2006"

"Portugal já está sujeito à concorrência de países fora da Europa, os chineses estão a entrar por ai dentro, os indianos a entrar por aí dentro e os países de leste a fazer concorrência a Portugal... está-me a fazer sinal aí porque? Que estão chineses ai? É mesmo bom que eles vejam porque não os quero aqui"


Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional da Madeira - TSF (Julho 2005)

"O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, disse hoje ser uma “grosseria jurídica” o acórdão do Tribunal Constitucional que aprova a nova Lei das Finanças Regionais..."


in "Público"

Não, eu acho que são da Linda Reis

"(...) Questionado se espera ainda um veto político de Cavaco Silva, Marques Guedes salientou que “as decisões do sr. Presidente da República são do sr. Presidente da República”."

in Público

sexta-feira, janeiro 12, 2007

NIM

Há algo que me intriga, antes de mais, na Lei actual. Aliás, são duas coisas:

1. Quem é a favor da Lei Actual, é-o,consequentemente, da vida. Portanto, há três casos em que a Lei não corresponde a essa permissa. Um, o mais claro, é o caso de violação. O bebé não tem culpa de ter surgido da forma que surgiu. É um ser humano e basta. Outro é o caso da pílula do dia seguinte. Se há vida a partir da fecundação, não será isto aborto? Finalmente, os deficientes. Se não matamos os deficientes (já o fizemos, mas há 2000 anos), não o vamos fazer só por ainda serem...seres-humanos.

2.Pode parecer radical, mas...se não me engano, parte-se do pressuposto que um feto (ou o que lhe queiram chamar) é um ser-humano. Como tal, aquilo que comummente se denomina de aborto, não passa de homicídio. Consequentemente, não deveria ser (para quem é "a favor da vida") condenado como tal?

É por estas e por outras que, para mim, a Lei Actual não é NÃO, é NIM!

P.S. Para uma próxima um post sobre os "defeitos" do SIM

...e ponto final!

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Pegando no assunto do momento... um site!

Não pretendo impôr nada nem opinião nenhuma... mas para quem estiver interessado, deixo aqui um site de um grupo/movimento pelo "não" à legalização do aborto:

www.independentespelonao.org

É um grupo sereno, que só pelo facto de discutir o assunto com calma e sem extremismos chama a atenção e merece respeito. Quando se fala neste assunto geralmente é em diálogos surdos de parte a parte... daí esta sugestão: porque este grupo não grita; conversa!

Bom estudo e bom ano!

terça-feira, janeiro 02, 2007

Notas Sobre Um País Pequeno

Almodôvar é uma pacata vila alentejana situada a cerca de 40km de Beja, já quase no Algarve, e em que tudo funciona com (e apenas com) um telefonema. A farmácia só abre depois de telefonarmos à senhora. As bilheteiras do Expresso só abrem se telefonarmos ao responsável. Mas tudo funciona impecavelmente: telefona-se e as pessoas vêm. E vêm rápido, e, normalmente, bem dispostas. Quando os habitantes vêem alguém a aproximar-se de alguma coisa fechada, oferecem-se prontamente para entrar em contacto com a dita pessoa: mobilizam todos os meios que encontram (normalmente parece ser a cunhada) e as coisas aparecem feitas. De forma simpática, rápida e eficaz.

Lisboa é uma metrópole situada sensivelmente a meio de Portugal (um pouco mais abaixo, talvez) onde tudo parece funcionar, mas onde ninguém parece gostar de falar. As pessoas andam sempre sisudas, seja no metro, no comboio, ou no autocarro, ou na fila para o metro, na fila para o comboio, ou na fila para o autocarro. Perguntei a um segurança se o autocarro que estava estacionado naquela plataforma era o indicado no sinal luminoso em cima (visto serem pelo menos uns 30 sinais e não estarem bem colocados) e ele mandou-me consultar o bilhete. Respondi-lhe que sabia qual era o meu autocarro, apenas não sabia se era aquele. Ele mandou-me consultar o bilhete outra vez. Ainda estive para lhe tentar explicar de outra forma, mas desisti. Não me parece que um segurança que ganhe 30€ por hora deva ser simpático, mas pelo menos prestável. Ou nem isso: se tivesse, pelo menos, um QI superior a 20 já me dava por satisfeito. E era o que chegava para responder à pergunta que lhe fiz.

Notas Sobre Um País Grande

Bill Bryson é uma daquelas pessoas tão chatas que se tornam engraçadas. Ou tão versáteis que se tornam curiosas. Alguém que se define, aliás, como “um escritor de viagens” e que acaba a escrever livros tão antagónicos como “Breve História de Quase Tudo” (em que explica ciência de forma extremamente simples) e “Notas Sobre Um País Grande” (em que desanca a american way of life) só pode ser alguém fascinante. Mas não é só Bill Bryson que é fascinante. Os seus livros também o parecem ser (pelo menos este último).

Num estilo extremamente simples, recorrendo constantemente ao sarcasmo, Bryson consegue debater assuntos tão complexos como a pena de morte ou tão banais como o binómio eficiência/ simpatia no que diz respeito aos Correios Britânicos vs. Americanos. Tendo a vida que deixou em Inglaterra (com algum saudosismo) como pano de fundo, as suas crónicas são uma espécie de correspondência para uma família que deixou para trás (na verdade, são crónicas que este escreveu durante cerca de dois anos para um jornal britânico acerca da vida nos EUA, pais a que regressou com a sua família após 20 anos a viver em Inglaterra), em que relata a realidade quase doentia com que se deparou. A meio do livro temos a sensação que os EUA não são um país, são um planeta. Há tantas práticas, tantos hábitos, tantos vícios – aparentemente banais – institucionalizados, tão diferentes da (concluímos) simples vida europeia (a obsessão com a novidade e diversidade dos produtos; o paternalismo/ moralismo enraizado (bares em que se podem ler avisos como: “Levamos a nossa responsabilidade para com a comunidade a sério. Assim, estamos a introduzir a politica de limitar cada cliente a um máximo de três bebidas. Agradecemos a sua compreensão e cooperação”); a forma absurda como sucessivos governos combatem questões delicadas como a toxicodependência (ex: criando legislação penal cada vez mais rígida e investindo gigantescas somas de dinheiro em novas cadeias para alojar os novos reclusos, que se multiplicam, em vez de canalizar esses investimentos para programas de prevenção, etc.); a burocratização que cresce a um nível quase epidémico; a forma como alguns americanos tentam provar constantemente que a imigração é uma problema, quando esses fluxos migratórios são significativamente menores nos EUA do que em outros países (ex: Reino Unido, França) e existem centenas de Km2 quase que desertificados em dezenas de Estados; os questionários absurdos que são entregues aos “recém-chegados” (“Pretende praticar poligamia nos EUA”; “Pretende levar a cabo algum atentado terrorista?”); a total ineficiência dos serviços administrativos em geral; a crença de 2/3 da População de que a pena de morte é a solução mais eficaz para o combate ao crime, etc.).

É impossível transmitir aqui o prazer que se tem a ler, quase que ininterruptamente, uma após uma, as suas crónicas. A facilidade com que nos identificamos com alguns problemas com que Bryson se depara (ex: a mecanização dos empregados dos serviços de apoio ao cliente das companhias de telefones ou dos centros de assistência ténica e, consequentemente, a sua completa ineficácia na resolução de problemas), leva-nos a crer que, aparentemente, caminhamos para uma demência generalizada, globalizada, contagiante, capaz de levar à loucura o cidadão mais normal (como Michael Douglas em “Falling Down”). E sejamos francos: um livro que reitera a prática preferida do mundo - desancar americanos – só pode ser uma preciosidade.

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