A César o que é de César
João Caesar das Neves considera que, caso o SIM ganhe, abortar será "tão normal como um telemóvel". Disse isto assim, a frio. Poderia ser um yogurt, uma lanterna ou um dedal. Uma tenda ou uma cadeira. Um livro ou um banjo. Mas não: um telemóvel. A mulher passará a sair de manhã para ir carregar a sua vitamina e ir fazer um aborto. O marido irá à Vodafone comprar um novo Nokia 489031, e pelo caminho, deixa a mulher na clínica. O filho mais velho, temeroso com a ideia de um maninho, oferece à mãe um Sagem GXpto e um "Cheque Aborto", com prazo ilimitado. Imagino anúncios com jovens em trajes menores a correr pela praia, pêlos a eriçar e uma música envolvente, enquanto ouvimos "Aborta: segue o que sentes"; noutro qualquer coisa como "a efémere vive apenas 2 semanas (...) e se quiseres abortar, só tens mais 8".
Mas tudo isto pertence ao imaginário de César das Neves, que, btw, parece ser bastante fértil: não foi este que quis ser nobel?
Mas tudo isto pertence ao imaginário de César das Neves, que, btw, parece ser bastante fértil: não foi este que quis ser nobel?