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segunda-feira, outubro 31, 2005

Vale muito a pena...

Irem à feira que está a decorrer na Casa da Cultura, até 27 de Novembro, de livros "última edição" e de material escolar (cerca de 60% mais barato que nas lojas), a preços verdadeiramente inacreditáveis. Desde Dossiers e capas a 1€, até Best-sellers como Harry Potter e livros de Dan Brown muito baratos, provavelmente mais do que na Feira do Livro da Praça da República...
Visitem!

domingo, outubro 30, 2005

O Quadrado

a mesa de cafe

Sem querer que o tempo de antena deste blog seja dedicado quase que inteiramente às Presidenciais, deixo aqui o link para o blog de apoio à candidatura de Manuel Alegre, "O Quadrado", que conta com textos de campanha de figuras que vão desde Inês Pedrosa a Eduardo Prado Coelho, ou Helena Roseta. Para quando o vosso, ó cavaquistas?

sábado, outubro 29, 2005

Untitled 5



"All truth passes through three stages. First, it is ridiculed. Second, it is violently opposed. Third, it is accepted as being self-evident"...

Arthur Schopenhauer

Obrigado M. Dias pelo excelente site de fotografia...

sexta-feira, outubro 28, 2005

A lei do Aborto!

Desde há muito que me dou ao trabalho de reflectir sobre este tema polémico, quiçá o mais polémico, da Actualidade, que é o Aborto. No entanto, devo confessar que nunca fiquei convencido por nenhuma das alternativas apresentadas. Nem com a, neste momento, vigente, nem com aquela proposta dos partidos de Esquerda. Esta minha posição já foi muito criticada, pois, parece que “é impossível ser neutro”. Contudo, este não é o meu caso. Eu nunca fui Neutro, simplesmente nunca me satisfiz com as soluções disponíveis.
Pois bem, depois de alguma reflecção, cheguei a uma ideia. Muito em bruto, mas, penso eu, com alguma lógica.
Começando pelo princípio: A Lei sobre o Aborto que temos não funciona, ou por outras palavras: É má! Quanto a mim, a nossa Sociedade lida absolutamente da maneira contrária à que devia, com este problema. Com efeito, hoje em dia, quem quer abortar fá-lo (em melhores ou piores condições), salvo algumas infelizes excepções. Mas, por outro lado, quem, à partida, até pode não querer fazê-lo é, verdadeiramente incitada a isso. Pode-se dizer então, que a sociedade e a justiça estão, alarmantemente, dissonantes. Mais, cada uma se afasta 180 graus do seu papel.
Ora, é neste ponto que assenta a minha ideia. Parece-me, sinceramente, que está mais que visto que a proibição do Aborto por parte da Justiça não resulta de modo nenhum e, em vez de resolver o problema, agrava-o. Assim, quanto a mim, a lei devia passar a permitir o aborto. “Ora é exactamente isso!” dirão alguns. De facto, até aqui, nada de novo… Pois bem, o que eu proponho de diferente, diz respeito à já referida sociedade. É que, com a nova Lei do Aborto a situação se não piorar, fica, pelo menos igualmente grave, passando para o extremo oposto, com abortos por tudo e por nada.
Assim, a alteração que eu proponho, não passa apenas pela mudança da lei, mas, principalmente, por uma mudança radical da mentalidade da nossa sociedade e da sua acção. A sociedade não deve incentivar o aborto mas sim mentalizar os cidadãos (ou neste caso as cidadãs) para o valor da vida! Uma mulher (ou rapariga) que engravide não deve ouvir conselhos para que aborte, mas sim o contrário. Deste modo, se decidir fazê-lo, esta fá-lo-á com a completa consciência do que faz, e não levianamente. Do mesmo modo, quando a mulher se dirigir ao hospital, deve-lhe ser prestado um serviço atento de sensibilização e informação, quanto ao acto que irá ser praticado.
Resumindo, o que eu proponho não é que se impessa o Aborto, como se faz agora, nem que se dê de mão beijada, como muitos querem que aconteça. O que eu desejo é que se legalize o aborto, mas que, sem tabus, se faça uma verdadeira sensibilização quanto ao que este acto significa e quanto ao verdadeiro valor da vida.
Só assim, na minha opinião claro, a sociedade poderá resolver este problema.

Porque...

a mesa de cafe

As Presidenciais que se avizinham são um tema que merece toda a nossa atenção, estão disponíveis na barra de lado os links para os sites de candidatura dos actuais 6 candidatos a P.R.: Cavaco Silva, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, José Maria Martins, Manuel Alegre e Mário Soares.

P.S.: Não posso deixar de dizer, no entanto, que as fotografias que estão na abertura do site de José Maria Martins estão qualquer coisa...

Latada 2005

a mesa de cafe

Até hoje nunca tinha percebido como raio é que um ano com “tesouradas” e “sanções de unhas” à perna poderia ser “o melhor ano da Universidade”. Até que vieram os Convívios. Gente nova. Padrinho. Latada. Baptismo. Jantares. Enfim, toda uma série de apetrechos que se não me convencerem que este foi, de facto, o melhor ano, ficarão na minha memória por muitos e bons anos.
No que diz respeito à Latada, ou melhor, ao cortejo em si, lembro-me de pensar ser impossível perspectivar qualquer tipo de diversão de collants, no meio de estudantes bêbados. Na verdade, provou ser mais do que isso – ver todos os amigos a fazerem figuras tristes e rirem-se delas é fantástico. Passar uma tarde inesquecível no meio de gente da nossa faculdade é uma possível definição para o cortejo da Latada. Durou pouco, e vai deixar saudades.
Outro aspecto que, apesar de não me ter surpreendido muito, merece ser elogiado, foi as Noites da Latada. Apesar do espaço ser pequeno, e da tenda não ter conseguido abrigar toda a gente da chuva, passei noites muito boas lá, com boa música e bom ambiente. À partida não dava nada pelo cartaz, e uma vez mais, surpreendi-me com a qualidade dos concertos, que me pareceram mais animados até que os das próprias “Noites do Parque”: Orishas deram um concerto bastante animado, e provas daquilo que valem ao vivo. Honestamente, fiquei com pena de ter ido para lá tão tarde. Squeeze Theeze Pleeze foi, provavelmente, o melhor concerto que vi lá: se já gostava bastante desta banda de Cantanhede, a sua prestação ao vivo só me fez admirá-los mais; arriscar-me-ia a dizer que são o melhor que temos de Pop/ Rock em Portugal (apesar de, lamentavelmente, não cantarem em português). Pareceram-me ter, principalmente, dois excelentes guitarristas, para além de um vocalista que mostra bastante à vontade e experiência em palco – o “cover” que fizeram do Single de Madonna, “Material Girl” (Boy, neste caso) estava simplesmente excepcional.
A noite de Xutos e Pontapés não me agradou assim muito; esqueceram-se que estavam numa Latada e que, precisamente por isso, nunca iria ser aquele o melhor concerto da vida deles – perderam-se em músicas não muito conhecidas pelo grande público, que esperava ouvir, uma vez mais, os mesmos Xutos de sempre.
Outra agradabilíssima surpresa foi o concerto do Quim Barreiros, e julgo não ser necessário explicar porquê. O homem é, definitivamente o maior. Faz a festa sozinho.
Mas, na minha opinião, o grupo pelo qual não dava mesmo nada, e que deu um concerto igualmente soberbo, foi Orxestra Pitagórica. É inacreditável. É lógico que das letras ninguém espera nada (apesar da adaptação “Não vás para o Dubai” do ultra hit de Bob Marley “No Woman no Cry” me ter feito rir a sério), mas em relação à instrumental fiquei boquiaberto. Têm dois excelentes guitarristas e um excelente baterista, que tocaram fenomenalmente quer a “Seven Nation Army”, dos White Stripes, quer um medley, como já disse, de Bob Marley, que também me ficará na memória.
Duvido que algum dia esqueça esta Latada…

quinta-feira, outubro 27, 2005

E agora...

a mesa de cafe

Uma musiquinha para quebrar o silêncio que veio a seguir ao último episódio da novela...

Sitting, waiting, wishing - Jack Johnson

Well I was sitting, waiting, wishing
You believed in superstitions
Then maybe you'd see the signs

The Lord knows that this world is cruel
I ain't the Lord, no I'm just a fool
Learning lovin' somebody don't make them love you

Must I always be waiting, waiting on you
Must I always be playing, playing your fool

I sang your songs, I danced your dance
I gave your friends all a chance
But putting up with them
Wasn't worth never having you

Maybe you've been through this before
But it's my first time so please ignore
The next few lines cause they're directed at you

I can't always be waiting, waiting on you
I can't always be playing, playing your fool

I keep playing your part
But it's not my scene
Want this plot to twist
I've had enough mystery
Keep building it up
Then you shooting me down
But I'm already down

Just wait a minute
Just sitting, waiting
Just wait a minute
Just sitting, waiting

Well, if I was in your position
I'd put down all my ammunition
I'd wonder why'd it taken me so long

But the Lord knows that I'm not you
And if I was, I wouldn't be so cruel
Cause waitin' on love ain't so easy to do

Must I always be waiting, waiting on you
Must I always be playing, playing your fool

No, I can't I always be waiting, waiting on you
I can't always be playing, playing your fool

Life Goes On

a mesa de cafe

Cavaco Silva vai hoje anunciar quais as suas “ambições para Portugal”. Posso garantir que estou curioso de saber quais são. E posso ainda garantir que tenho uma imensa e genuína curiosidade de conhecer Cavaco. Porque sinceramente não conheço…
Eu, pessoalmente, penso que este debate para as presidenciais vai ser bastante interessante. Apesar de descobrir a cada dia que passa que Cavaco silva foi um “embuste” enquanto primeiro-ministro (posições que podem ser rebatidas – estou a basear-me num texto anónimo que publiquei aqui há uns tempos com o respectivo link, e que tirei do Mar Salgado), concordo com o porta-voz de Soares, que disse que quer Cavaco, quer Soares, são homens com provas dadas ao país. Como tudo em política, estas provas são melhores para uns, piores para outros. Estou certo que Cavaco se vai esmerar. E eu vou gostar de o ouvir.

"Cavaco anuncia as suas "ambições para Portugal"

in Público

Pensamento II

a mesa de cafe

Zangas entre elementos de blogs já ditaram o seu fim. Um exemplo disso é o Barnabé. Mas eu não sou o Daniel Oliveira, e este blog, no que depender de mim, não vai acabar assim...

Disso podem ter a certeza...

Até porque a clientela que não nos deixa de visitar satisfaz-me. O meu objectivo não é ter audiências. Normalmente, isso acontece nos jornais e blogues em que se diz o que as pessoas gostam de ouvir...
Parafraseando a minha amiga Alice e devolvendo-lhe as conclusões a que cheguei: "Eu estou certo. O resto do mundo está errado." - eu não sei se estou certo, e creio que o resto do mundo também não sabe se está errado. Nem eu sei. É para isso que as pessoas discutem e confrontam opiniões. Estou certo que a lógica do pensamento único (coisa que abunda nuns sectores políticos de que me estou aqui a lembrar...) não te satisfaz... Mas como disse umas palavras atrás: eu não sei se estou certo... Saberás tu?

quarta-feira, outubro 26, 2005

Man is what he believes II

a mesa de cafe

A Alice decidiu abandonar o blog, alegando que não gosta do "rumo que lhe estou a dar". Suponho que se esteja a referir aos meus textos sobre as Eleições Presidenciais.
Parece-me no mínimo normal que, sendo eu o único participante deste blog que apoia Mário Soares (e por sinal, que nenhum visitante o apoie) o consenso seja uma coisa difícil, ou mesmo impossível. Não quero com isto dizer que seja Soares o único bom candidato que existe: a divisão entre Cavaquistas e Soaristas existiu sempre, os apoiantes de Cavaco nunca aceitarão de bom grado os meus textos, tal como eu não aceito os de Cavaco. Com Alegre, o episódio da "traição" incita a este confronto, com Louçã e Jerónimo de Sousa são questões acima de tudo ideológicas que motivam esse mesmo confronto, ou essa mesma polémica.
O único texto realmente crítico que fiz foi a Cavaco. Não me parece que tenham sido insultos gratuitos, pareceram-me críticas bem incisivas. Gostaria bastante que apoiantes de Cavaco as desmontassem, coisa que infelizmente não aconteceu. Não acho que não dê espaço para o debate, devendo, porém, ressalvar neste ponto que não gosto de discussões que andam em círculos, sem rumo aparente. Se as pessoas não gostam da dureza das minhas críticas, ignorem ou respondam na mesma moeda. Costumo ler textos de pessoas que considero serem bastante facciosas, e prefiro calar-me, porque não me revejo naquele tipo de debate. Tento ser o mais imparcial possível, mas as minhas convicções são as minhas convicções, a forma como exponho os assuntos é a minha forma de expor os assuntos e não tenciono mudar nem a primeira, nem a segunda. Chama-se a isso ter princípios (bons ou maus, toda a gente os deve ter).
Quero acreditar que haja outros motivos que tenham feito a Alice sair. Ela sabe que a porta estará sempre aberta, porque fundei o blog com ela. No entanto, espero que encontre um espaço de discussão com o qual se identifique mais. Pela minha parte, este blog continuará a ser aquilo que sempre foi. Um espaço onde cada um manda a sua posta, sem qualquer linha política definida. É na diversidade de opiniões que está a piada de um blog. É por isso, também, que os blogues politicamente demasiado definidos como o "Blogue de Esquerda" não me atraem.
Alguns chamar-me-ão cego. Não consigo entender porquê, porque eu não estou comprometido com nenhuma juventude partidária, nem com nenhum candidato, nem com nenhum partido político. Sou filiado na JS, mas a minha intervenção lá é nula. Nunca houve. Quem me conhece bem, sabe disso.
Desejo muitos e bons anos para este blog – sozinho ou com quem nele queira intervir.

terça-feira, outubro 25, 2005

Pensamento

a mesa de cafe

Mais que a atacar a economia europeia, o comunismo chinês está a derrubar o socialismo democrático europeu.

Preocupante.

segunda-feira, outubro 24, 2005

A Amena Cavaqueira

a mesa de cafe

Li o discurso de anúncio de candidatura de Cavaco e devo dizer que fiquei surpreendido – não com a excepcionalidade do discurso, mas sim com o quão previsível era aquele amontoado de frases feitas em que, apesar de tudo, o “candidato dos portugueses” conseguiu reunir 3 ideias: a primeira é que está ciente dos poderes e limites impostos ao P.R. pela Constituição (qualquer português que tenha uma em casa está, mas adiante…); a segunda é que se candidata “por um imperativo de consciência” (eu continuo a achar que se assim fosse devia mesmo era candidatar-se a primeiro-ministro nas próximas legislativas – para vir resolver o buraco em que nos enfiou). A terceira é que se candidata “como um homem livre”, “independente de qualquer estrutura partidária” (esta da “estrutura partidária” deve-lhe ter tomado uns 20mn a pensar numa boa forma de não referir o partido de que foi presidente).
Pois bem: temos candidato. O seu discurso de oito minutos contados serviu para isso – para quebrar com o silêncio que, pelos vistos, lhe serviu para ponderar. A pergunta é: para 8 minutos destes, para quê tanto tempo?
Pessoalmente, esperava um Cavaco confiante, não hesitante e nervoso; esperava um discurso mais abrangente. Porque as posições de Soares (e quem diz de Soares diz de Alegre, Louçã e Jerónimo de Sousa) em relação a temas fulcrais da actualidade, como a política externa americana (essencialmente, a Guerra do Iraque), o conflito no Médio Oriente, a ameaça internacional que é o Terrorismo, enfim, posições que um Presidente (ou neste caso, candidato a Presidente) tem que ter definidas, e que simplesmente não estão graças a um silêncio de 10 anos e alguns meses do “Professor” em relação a estes assuntos. Cavaco parece hesitante em falar abertamente, em provar que não tem livros para decorar as estantes do escritório onde aparece com os netos, come torradas e escreve auto-biografias.
Por outro lado, parece-me importante referir o papel isento da “Cavaca”, que afirma convictamente que a campanha do marido será “one man show”. Exceptuando, claro está, a sua aparição em público no anúncio da candidatura do marido, as fotos que vêm no “Expresso” de Cavaco com os netinhos, os depoimentos em relação ao papel de avós que ambos deram à comunicação social, etc. “One man show” my ass.
Quanto às reacções dos outros candidatos, era o que se esperava: não se pode pedir nem a Louçã, nem a Jerónimo de Sousa que escondam o fosso que sentem entre eles e o “Professor”; o porta-voz de Soares pareceu-me bastante sensato nas declarações que prestou (principalmente quando disse que ambos tinham provas dadas ao país); Alegre teima na sua obsessão com as candidaturas que soam a monarquia (apesar do ambiente que se viveu no CCB ter tido o seu quê de Coroação…) – já diz JAS que se Soares é o candidato da oposição, Alegre é o candidato da vingança contra à “traição” de MS. E não deixa de ter uma certa razão: é triste Alegre não ter percebido que não tinha meios para enfrentar Cavaco Silva, e não ter deixado a sua vingança para mais tarde: preferiu em vez disso dividir o eleitorado PS e entregar a vitória a Cavaco numa bandeja.

Opções.

domingo, outubro 23, 2005

O Gato de Pavlov



Para todos os interessados no condicionamento clássico.

Burros que nem um soco

a mesa de cafe

(...)À saída, a única nota dissonante aproveitando a presença das televisões, que transmitiam em directo, alguns militantes da JSD ali entretanto infiltrados bradaram a plenos pulmões: "Cavaco amigo a Jota está contigo!" O candidato, que tudo faz para se mostrar apartidário, certamente não gostou. E foi já com um sorriso forçado que entrou no Mercedes, lançando um último aceno à pequena multidão.

in Diário de Notícias

Quer-me parecer que nem Cavaco queria esta Claque de Futebol...

O Orçamento que não causa (muitas) surpresas...

a mesa de cafe

Não causou grandes surpresas, o Orçamento de Estado para 2006. Um orçamento que, muito sumariamente, adoptou a fórmula Ferreira Leite, apostando no aumento de impostos sobre bens como o tabaco ou combustíveis, intensificando o combate à fraude e à evasão fiscal, etc. etc. etc.
Há apenas algo que pode ajudar a que este orçamento produza um dos efeitos a que se destina (a redução do défice orçamental): que é uma estabilidade política que se adivinha possível com Cavaco Silva ou Mário Soares.
Por outro lado, a grande dúvida reside na precariedade, possível ineficácia e insuficiência destas medidas, que prejudicam a Economia a curto (e a longo) prazo – de facto, estas medidas não auguram nada de bom no que diz respeito ao crescimento de uma Economia de Mercado, que é a única forma que Portugal tem de apanhar o comboio da U.E. Não nos esqueçamos que as reflexões económicas têm de deixar de ser feitas num contexto de isolamento – a Economia tem que ser pensada cada vez mais para um Mercado Global, de discrepâncias enormes, de novos desafios – desafios esses que a que Portugal ainda não consegue fazer face e que, por isso, dificilmente vencerá com medidas que visam quase somente resolver o grande (de uma perspectiva interna) mas pequeno (de uma perspectiva externa – o nosso buraco económico é irrisório comparado com outros buracos, como o alemão ou francês) problema do défice (nota: espero que tenham compreendido a que me refiro com o “grande” e com o “pequeno”). Aliás, a propósito do défice, li outro dia um texto que resumia esta tragédia orçamental a um problema português: o deixa andar: Curioso é ver que o défice é um problema de há muito tempo em Portugal, mas apenas com ameaças da UE é que passou a ser reconhecido como um problema relevante. Como se fosse mais importante para a UE Portugal ter um baixo défice do que para os próprios portugueses.. (Mário Chainho, in Causa Liberal).
Com efeito, e baseando-me no que leio e ouço, parece-me que o défice orçamental é, não só, o reflexo do estado da Economia, como o indicador para uma possível solução do problema – o que quero dizer é que o(s) défice(s) nos podem levar ao cerne da questão: Portugal precisa de uma renegociação do Tratado de Roma. Precisa que lhe seja concedida a possibilidade de fixar o seu défice nos 6% - e precisa não por mero capricho. Precisa porque tem de se afirmar economicamente, e de depender cada vez menos factores externos, fazendo-lhes frente – factores esses que vão desde as sucessivas subidas em flecha do preço do barril de petróleo até às crises económicas que assolam potências europeias como a França ou a Alemanha. Basicamente, as prioridades devem ser não o défice (e tudo o que, obviamente, ele acarreta), mas sim a resolução do problema real: que é a capacidade de competir – que enquanto for praticamente inexistente não trará mudança.

P.S.: O “Expresso” elogia Teixeira dos Santos por ter conseguindo reunir o consenso da oposição PSD – eu torno a perguntar: havia outra opção?
De qualquer forma, é meritória, essa tarefa do “Expresso”: enquanto Manuela Moura Guedes deita abaixo com aquela sua bocarra qualquer medida do Governo, outra comunicação social tenta não agravar mais a grande instabilidade política que se vive em Portugal, que é, acima de tudo, perigosa para a própria democracia…

Campanha presidencial II

sábado, outubro 22, 2005

É nisto que consiste uma campanha presidencial (?)...


"Dinner in Paris?

...Or breakfast in Rome?"

Agora também nos Links, à direita...

And now, Ladies and Gentleman...

Uma música dedicada à velha guarda e amantes de Cavaco Silva, cantada pela magnífica voz da vocalista dos Hush, uma banda dinamarquesa cujo single "Lovestruck" veio até nós num anúncio do Volkswagen Polo:

"Every little thing he does is so magic, magic
and every time I see his smiling eyes
I get so happy, happy
and it feels just like I’m so in love again

Heaven is a raindrop falling on a dry spot
finally I’m love struck
and flying high again
my mind is in a sweet haze
I’m putting on my black lace
I’m longing for your embrace
to take me home again

Find a little place where we can be together, forever
I’ll cook you all your favourite things
and dress in leather, whenever
you call my name I’m so in love again

Heaven is a raindrop falling on a dry spot
finally I’m love struck
and flying high again
my mind is in a sweet haze
I’m putting on my black lace
I’m longing for your embrace
to take me home again

So many times
I have dreamed of you
I get so confused,
but it feels just like I’m so in love again

Chorus… "

(Um ou dois textos consistentes estão prometidos, para hoje ou para amanhã...)

quinta-feira, outubro 20, 2005

Última Hora

a mesa de cafe

Não sei se repararam, mas na barra de lado do Messenger está um separador com um Logótipo que diz “PE”. Quando se passa o rato sobre ele, aparece: “Torna-te militante do PE em www.partidoeristoff.com”. Fui ao dito site, pus a minha data de nascimento, mas simplesmente deu erro.
Se é uma brincadeira, é de mau gosto. Se é mesmo verdade é no mínimo hilariante…Alguém que tente ver o site e diga, por favor…

Partido Eristoff?!

What the f….

De Louvar

a mesa de cafe

Os santanistas estão dispostos a pôr de lado os seus ressentimentos contra Cavaco para apoiarem a sua candidatura. O que me faz concluir que, na política, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma…

Super Mário

Foi criado um blog de apoio a Mário Soares, com textos de várias personalidades, como por exemplo Vital Moreira, que apoia este candidato desde o anúncio oficial da sua candidatura.
É claro que, como blog de campanha, reinará a parcialidade e, obviamente, a coerência dará, muitas vezes, lugar à conveniência. O leitor pode esperar críticas acesas a Cavaco, às suas políticas económicas, à sua figura, aos seus ideais (ou à falta deles…) e, claro, textos de elogio a Mário Soares, reflexões sobre as Presidenciais, etc.
Recomendo a sua visita; passarei a ser visitante assíduo, tal como serei se houver das hostes cavaquistas um blog do género.

terça-feira, outubro 18, 2005

Amigos

a mesa de cafe

As pessoas caem, frequentemente, no erro estúpido de achar que têm muitos amigos. Talvez porque acreditem mesmo que os têm, talvez porque não consigam distinguir entre “amigos amigos”, “amigos” e “conhecidos”. É pena. Ás vezes este número fictício é apenas um refúgio para a solidão que sentem (sentimento que não corresponde verdadeiramente à realidade), por acharem que lhes faltam “amigos amigos”. E o que é um “amigo amigo”? “Amigo amigo” é aquele que sabe todos os nossos pontos fortes e todos os nossos pontos fracos. É aquele que nos manda à merda e que nos pede desculpa no minuto a seguir. É aquele que entra em nossa casa e nos abre o frigorífico, tal como faríamos em casa dele. É aquele que conhece os nossos pais, e aqueles que vivem em nossa casa – apesar de estes não serem para eles mais que “conhecidos” – podendo, no entanto, chegar a “amigos” ou até a “amigos amigos”.
Por isso, quando às vezes nos começamos a dar melhor com alguém (ou mesmo com um certo grupo de “amigos” que dantes eram apenas “conhecidos”) caímos no erro comum de achar que estes são nossos “amigos amigos”. Precipitamo-nos a inclui-los nesta categoria. E isto deve-se à falta de “amigos amigos” – ou melhor, ao sentimento de falta que sentimos, porque, efectivamente, não são necessários muitos “amigos amigos” na nossa vida. Eu arriscaria a dizer que se contam pelos dedos de uma mão os que tenho. Isto não quer dizer que os medidores de amizade – como no “The Sims”, por exemplo – não estejam em constante transformação. Aliás, o sistema utilizado neste jogo corresponde, na minha opinião, à realidade: Há dois medidores de relações: um a curto prazo e outro a longo prazo. Por isso, acontece às vezes, por exemplo, conhecermos uma pessoa e ao fim de poucas semanas acharmos que temos ali um amigo para a vida. Deste modo, a primeira barra estaria verde, quase no 100, mas a outra estaria vermelha, no máximo nos 20. E porquê? Porque o que nos parece a curto prazo é diferente do que nos parece a longo: no momento achamos que encontrámos o melhor amigo do mundo, mas…Se passarmos, vamos supor, 3 meses sem o ver, facilmente o primeiro indicador desce: enquanto que o outro descerá pouco: porque tal como demorou a subir, demorará a descer: só com uma coisa muito má (ex.: uma grande traição) ou muito boa (ex.: um grande amor) é que poderá subir até aos 100 ou descer rápido até aos negativos (neste último caso, claro, depois de tomarmos uma decisão em relação ao modo como vamos proceder: ou perdoamos, ou não perdoamos. Se não perdoamos, a barra desce a pique, se perdoamos pouco descerá. Se ignoramos, descerá muito pouco, porém, ao fim de vários incidentes “ignorados”, acaba mesmo por descer.)
Isto para dizer que às vezes as pessoas caem facilmente na ilusão da amizade numerosa: por vezes, até para tentar provar a quem quer que seja que conseguiram. Mas conseguiram o quê? No fundo, não conseguiram nada: hão-de conseguir. Não com demonstrações eufóricas de amizade artificial, criada a la minute, mas com grandes provas de efectiva amizade, que só o tempo permite que sejam dadas. Ou com situações excepcionais que nos obrigam a dá-las imediatamente. É assim que os “conhecidos” chegam (ou não) a “amigos”, e que os “amigos” chegam a “amigos amigos”.
Eu ficaria feliz se tivesse apenas um “amigo amigo”. Coisa cada vez mais difícil de existir, nos dias que correm. É pena que nem toda a gente ache o mesmo, e os procure desenfreadamente, desiludindo-se, em muitos casos...

segunda-feira, outubro 17, 2005
















A sede d' AMESADECAFE.
(Feita aqui)



Via: BLOGOTINHA

La Marche De L'Empereur


Estou como o Pedro, um bocado obcecada com este documentário e a rever seriamente o meu horário para poder ir assistir.
Ainda por cima o preço é a avultada quantia de 1 euro.

Não sei porquê...

Mas esta música põe-me bem disposto .
(Apesar de o refrão ser repetido dezenas de vezes, ser hiper-comercial, não ser electro-jazz-trance-ambiente-funk-blues; ser apenas, como já disse, comercial – ou pimba, se quiserem…)

Busted - Year 3000

One day when I came home at lunch time I heard a funny noise
Went out to the backyard to find out if it was one of those rowdy boys
Stood there was my neighbour called Peter
and a Flux Capacitor

He told me he built a time machine like the one in a film I've seen
yeah yeah...

He said I've been to the year 3000
Not much has changed but they lived underwater
and your great great great granddaughter
is pretty fine (is pretty fine)

He took me to the future in the flux thing and I saw everything
boybands and another one and another one and another one
triple breasted women swim around town totally naked!

We drove around in a time machine like the one in a film I've seen
yeah yeah...

He said I've been to the year 3000
not much has changed but they lived underwater
and your great great great grand daughter
is pretty fine (is pretty fine)

I took a trip to the year 3000
this song had gone multi-platinum
everybody brought our seventh album
it had outsold Michael Jackson
I took a trip to the year 3000
this song had gone multi-platinum
everybody brought our seventh album

He told me he built a time machine like the one in a film i've seen
yeah yeah...

He said I've been to the year 3000
not much has changed but they lived under water
and your great great great grandaughter
is pretty fine (is pretty fine)He said

I've been to the year 3000
not much has changed but they lived under water
and your great great great grandaughter
she's pretty fine (she's pretty fine)He said

He said I've been to the year 3000
not much has changed but they lived under water
and your great great great grand daughter
she's pretty fine (she's pretty fine)

He said I've been to the year 3000
not much has changed but they lived under water
and your great great great grand daughter
is pretty fine

Shanghai Living


(via "O Jumento")

Não posso deixar de chamar à atenção para este espectacular trabalho de "Hu Yang, que documentou a vida das famílias em Xangai tendo para isso entrevistado mais de quinhentas famílias daquela cidade". É um misto de "exposição on-line" com documentário, muito mas muito bom.
Enfim, já perceberam que aconselho vivamente a sua visita...

Dúvidas Metafísicas IV


a mesa de cafe

Alguém me explique (porque ainda não consegui perceber) porque é que foi Marques Mendes o grande vencedor destas autárquicas…

O Fim do Mundo

a mesa de cafe

…Já foi, por várias vezes, anunciado na TVI. Aliás, se algum dia este efectivamente acontecer, tenho a certeza que iremos ser brindados com directos do local, frases em rodapé do género “Já se previa”, comentários do Miguel Sousa Tavares, que comenta tudo e mais alguma coisa, observações da eufórica Manuela Moura Guedes, enfim, toda uma excelente panóplia de recursos informativos, que farão as delícias de quem vê o Jornal Nacional. Isto porque, quem vê o Jornal Nacional, procura não um noticiário mas sim mais um programa de entretenimento – é aí, aliás, que reside o cerne da questão: o momento em que o Telejornal deixa de ter uma função informativa e passa a desempenhar uma função lúdica, de entretenimento. Quem não imagina um taxista a cofiar o bigode farfalhudo enquanto assimila o conteúdo para as conversas do dia seguinte? O Jornal Nacional presta um excelente serviço a estas pessoas conversa de circunstância, visto que se lessem um jornal que não fosse “A Bola”, “O Jogo” ou o “24 horas” perderiam eternidades a descodificar a informação, que para o caso interessa pouco; interessa sim culpados, governantes corruptos, pivots insolentes, grandes planos de sofrimento: isso é informação que interessa. Apesar de não ser informação, claro está.

Bem, mas como estava a dizer, o Fim do Mundo e o tom apocalíptico com que o Jornal Nacional abre (e eu garanto-vos que tento não perder uma abertura), é de ir às lágrimas. O esforço que jornalistas como Pedro Pinto (mais sóbrios, mais calmos) devem ter que fazer para ler aquelas sentenças de morte deve ser qualquer coisa do outro mundo. A recente “Gripe das Aves” é mais um desses casos, em que o pivot tenta fazer um ligeiro ar de pânico.
Devo dizer-vos que se não tivesse passado os olhos pelo “Público on-line” nesse dia, julgaria que todos os galináceos das redondezas estavam com espasmos, convulsões e falta de ar. Mas não, confirmei que Manuela Moura Guedes estava sã e salva, e pensei: bem, não há-de ser assim tão grave. Se tamanha ave sobrevive…

Isto claro, pensei eu, porque a julgar pelas imagens e pelo tom da notícia, já imaginava pessoas a tombarem no meio das ruas, casas a arder, populares que agiam pelos próprios meios para evitar a “Pandemia”, (afinal, se vai chegar ao Reino Unido, porque é que não haveria de estar já cá), enfim, o caos, famílias dizimadas, hospitais cheios, ruas desertas. E enquanto desse rédeas à imaginação poderia pensar numa dezena de cenários apocalípticos possíveis. Até que pensei: calma, a BSE também iria ser o fim do mundo.
Na verdade, o meu pensamento bárbaro até me fez esboçar um sorriso: os preços da carne de aves vão descer muito provavelmente, visto que as pessoas não conseguem usar a cabeça, e muito menos nestas circunstâncias: se realmente já temos a doença dentro do país, pouco se pode fazer, já todos comemos frango; se não a temos, melhor, porque agora sim se tomarão medidas para a evitar, para a combater. Nos tempos da BSE foi exactamente a mesma coisa. E ainda bem, porque nada me agrada mais que a banalização dos bifes de vaca, que dantes vinham com menos frequência.

“Always look on the bright side..."

domingo, outubro 16, 2005

I Wanna Be Your Dog

Do noise aos blues, do doom ao jazz até à world music.

sábado, outubro 15, 2005

6ª Festa do Cinema Francês

Sei que esta semana vai ser complicada para ir ao cinema, mas se puderem, não deixem de ir a um ou dois filmes da 6ª Festa do Cinema Francês a decorrer em Coimbra, nos cinemas Avenida de 17 a 20 de Outubro.

É sempre uma alternativa ao cinema americano típico que passa nesta cidade quase em exclusivo e do qual, salvo raras excepções, já começo a ficar cansada.

Além de uma data de outros filmes, estou curiosa quanto a:

"Le Rôle de Sa Vie" 3ªfeira, 18 de Outubro às 16.30
"Les Revenants" 3ª feira, 18 de Outubro às 23.00
"La Marche de L'empereur" 4ª feira, 19 de Outubro às 11.00
"La Moustache" 4ª feira, 19 de Outubro às 22.30
"Habana Blues" 5ª feira, 20 de Outubro às 20.30

Mais informações AQUI.

Dúvidas Metafísicas III

a mesa de cafe

Porque é que o “Expresso” tem que parecer uma toalha de mesa? Ou uma manta?

Dúvidas Metafísicas II

a mesa de cafe

Porque é que os livros de Direito têm que oscilar entre as 900 e as 1500 páginas? Não dá para contar tudo de forma mais breve?


Dúvidas Metafísicas I

Se a Maria dos “Morangos Com Açúcar” vai para Medicina e está no 12º ano, como é que tem História?
E como é que todos os alunos têm Inglês no 12º Ano?

quinta-feira, outubro 13, 2005

Um Bloco Central harmonioso?

a mesa de cafe

Como diz o Pedro n' "A Ilha do Dia Antes”, “um governo de Bloco Central na Alemanha não será funcional face às divergências entre CDU e SPD”. Com efeito, essas divergências são históricas, não se tratando apenas e só de um fosso ideológico, mas também religioso, a dividir as massas partidárias. Após a Guerra dos Trinta Anos, a Alemanha torna-se uma manta de retalhos, em termos de confissões religiosas. Assim, nas regiões católicas, tende-se mais a votar na CDU (União Democrata Cristã), enquanto que noutras regiões (protestantes), se tende mais a votar no SPD (Partido Social-democrata Alemão). Deste modo, não se percebe como dois partidos religiosa e ideologicamente distantes conseguirão governar harmoniosamente…Poderão os conflitos políticos resultantes desta governação aguçar inimizades entre católicos e protestantes? Parece-me difícil, visto que estes dois grupos religiosos se entendem razoavelmente bem…No entanto, adivinhem qual o principal responsável pelas inimizades existentes entre estes? Adivinharam, é esse mesmo: (“(…)o movimento de aproximação entre as Igrejas Católica e Luterana tem enfrentado também resistência, sobretudo do próprio Vaticano. O principal ponto de discórdia é o sacramento da comunhão.”).
No fundo, a pergunta é: poderá este fosso ser apenas mais uma acha para a fogueira?
Creio que o tempo o dirá…

Sobre o mito de Cavaco

a mesa de cafe

Achei um interessante artigo sobre o so called "rigor cavaquista" (whatever it is), ou melhor, sobre a austeridade (que não existiu) do candidato da direita (que afinal não o é), e sobre o seu milagre económico (que se vem a saber que foi um embuste). Interessante, este ponto de vista. O artigo é um pouco longo, mas asseguro-vos que vale a pena lê-lo. Bem, para quem já tem ideias definidas em relação às presidenciais, não valerá assim tanto a pena...Mas, pelo menos, pode ser que se dissipem algumas dúvidas sobre o "mito Cavaco Silva".

"Quando Maria de Lurdes Pintasilgo foi primeira ministra de um governo da iniciativa de Ramalho Eanes, antes de sair do seu posto resolveu aumentar as pensões sociais de certas camadas de pensionistas. Foi um aumento considerável.

Sá Carneiro, na altura a preparar a AD, criticou fortemente esse aumento. A AD ganhou a seguir as eleições e foi para o governo, com Cavaco Silva em ministro das Finanças. Não tardou muito e fez novo aumento dessas pensões, o que fez com que num só ano essas pensões tivessem aumentado cerca de 45%. Começou aqui o descalabro despesista do Estado.

Mas, como o preço do petróleo entretanto tinha subido muito, de 12$/barril, para perto de 40$/barril, e como Sá Carneiro faleceu no acidente de Camarate, e era depois Pinto Balsemão o primeiro ministro, Cavaco Silva, prevendo mau tempo no canal para a economia mundial e portuguesa abandonou o barco da AD e recusou ser ministro do governo de Balsemão. Este ficou amuado e com o tempo se veria que nunca lhe perdoou este abandono do barco em pleno naufrágio.

A AD, esfrangalhada por lutas intestinas e pela crise económica que levou o país à beira da bancarrota, acaba por perder as eleições em 1983 e dá lugar a um governo de salvação nacional presidido por Mário Soares, com Mota Pinto em vice-primeio ministro. Foi o governo do bloco central.

Mário Soares teve de recorrer ao FMI para resolver a situação, com a ajuda do seu ministro das Finanças, Hernani Lopes. Em 1985 as contas públicas estavam recuperadas e o caso deu brado nos meios financeiros internacionais. Portugal passou a ser um exemplo de bom aluno do FMI.

Mas esta recuperação das finanças públicas custou popularidade a Mário Soares e ao PS, que na altura fez outra grande reforma, a do arrendamento, matéria tabú para os governos anteriores. E o PSD, com Cavaco Silva, sobe ao poder.

Iniciava-se na altura a recuperação da economia mundial depois do choque do petróleo de 1980/81, com a descida forte do preço do petróleo. Cavaco Silva, bem infomado sobre os ciclos económicos, viu que teria um período de vacas gordas para fazer figuraço, até porque Portugal se preparava para entrar na CEE e iria receber chorudos fundos comunitários.

Cavaco Silva passou então a governar com três Orçamentos, o geral do Estado, o dos fundos comunitários e o das privatizações da banca, seguros, etc.

Foi um fartar vilanagem, dinheiro a rodos para distribuir pela clientela, incluindo centenas de milhares de funcionários públicos. O despesismo estatal no seu melhor! Fez obras, sim senhor, incluindo o CCB, que era para custar 6 milhões de contos e custou 40 milhões, segundo se disse na época. O rigor cavaquista no seu melhor!

Anos depois vem a guerra do Golfo, com implicações económicas fortes a nível internacional, e Cavaco Silva, prevendo período de vacas magras e já com ele em andamento, resolveu abandonar o barco e parar de governar e entregou o testemunho ao seu ex-ministro Nogueira. Este perdeu as eleições para Guterres e em 1996 iniciava-se a recuperação da economia mundial. Foi um bom período para Guterres, que continuou o despesismo de Cavaco Silva, já que este último tinha deixado o campo minado por sistemas automáticos de aumento da despesa pública, o MONSTRO cavaquista de que viria a falar Miguel Cadilhe, além de milhares de contratados a recibos verdes no aparelho do Estado, que Guterres teve de integrar nos quadros do Estado para não ter de mandar para a rua gente que há anos não fazia outra coisa senão trabalhar para e dentro do aparelho de Estado.

Foi este o percurso do despesista Cavaco Silva, o que como ministro das finanças da AD aumentou num ano, pela segunda vez, milhares de pensionistas, e o que, como primeiro ministro, aumentou a despesa pública de tal ordem que os défices públicos da sua governação, se limpos das receitas extraordinárias, subiram tanto (chegou a 9% do PIB) que o actual défice das contas públicas é apenas mais um no oceano despesista inventado por Cavaco Silva nos longínquos tempos da AD e continuado nos tempos em que foi primeiro ministro, depois da recuperação heroica dos tempos de Mário Soares e Hernani Lopes, nos anos 1983-85.

É neste despesista disfarçado de rigor que devemos votar para PR? Desculpem, se quiserem propor Hernani Lopes para PR, podem contar com o meu voto. Mas como ele não aparece a candidatar-se a PR, vou votar em quem o ajudou a salvar Portugal da bancarrota provocada pela AD de Cavaco Silva. E esse alguém é Mário Soares.

Estes os factos. E eu voto em factos, não em mitos e miragens. Mário Soares tem um brilhante CV em controlo da despesa pública (governos de 1977/78 e 1983-85). Cavaco Silva tem um brilhante CV no descalabro das contas públicas.

Qualquer economista, se intelectualmente honesto e conhecer um pouco da nossa História recente, rejeita liminarmente este embuste chamado Cavaco Silva. Se ele for presidente da República, como pode ele pregar moralidade económico-financeira quando ele foi e é ainda o pai do MONSTRO? Monstro que agora Sócrates se esforça por abater com as reformas profundas que está a fazer.

Para os mais novos aqui fica a radiografia do embuste chamado Cavaco Silva."

Anónimo, in Mar Salgado

Contacto com extraterrestres - II

a mesa de cafe

Doutora 1: Caloira...Graça.

Doutora 2: Caloira, Graça.

Doutora 1: Não ouviu? GRAÇA, caloira.

Caloira: Ah! Chamam-se as duas Graça? Olá, o meu nome é Rita!

(não se passou bem assim, mas poderia ter-se passado. Contar a versão original implicaria explicar a piada, que não teria, desta forma, piada nenhuma…)


Contacto com extraterrestres

a mesa de cafe

“ (…) De seguida, irei dar-vos a bibliografia para esta cadeira: o primeiro livro chama-se… “Assiduidade...Aulas” (risos). O Segundo chama-se “Direito Privado Romano (…)”, e o terceiro chama-se “Direito Privado Romano – volume II (…). O meu nome é ASJ, professor desta casa há (…).
(…) Bem, estão então concluídas as apresentações: a minha e a da bibliografia recomendada. Procederemos então à vossa. Ou melhor, não procederemos, visto que são bastantes. Essa apresentação irá, portanto, decorrendo, sempre que trouxerem o primeiro livro… (risos)”

Quer-me parecer que isto vai ser divertido…Muito divertido…

terça-feira, outubro 11, 2005

From another point of view...

a mesa de cafe

"Sendo uma expressiva vitória do PSD quanto ao número de câmaras municipais conquistadas (uma parte delas em coligação com o CDS/PP), e uma concomitante derrota do PS, as eleições locais estiveram longe de ser um triunfo da direita em toda a linha. Pelo contrário: por um lado, é provável que o PS tenha sido o partido mais votado (mesmo depois de desagregados os resultados das coligações PSD-CDS/PP); por outro lado, a direita continua a ser minoritária, pois a soma dos votos do conjunto da esquerda supera por boa margem o conjunto da direita.
Por isso, também não procedem as ilações apressadas que alguns tentaram tirar quanto às próximas eleições presidenciais, embora a vitória do PSD constitua um inegável tónico para a candidatura de Cavaco Silva."

Vital Moreira, in Causa Nossa

Traçadinho - Estudantina Universitária de Coimbra

(A banda sonora destes dias...)

Vejo a lua duas vezes (hip!)
E o céu está a abanar

Que diabo aconteceu

Como é que aqui vim parar


Esta questão a tremer
Isto agora vai ser bom
Queria cantar um fadinho

Mas não acerto com o tom



Desta vez estou mesmo à rasca
Vou-me pirar de mansinho
Não volto aquela tasca

Não bebo mais traçadinho




Tenho a guitarra partida
Esta noite é para a desgraça
Não conheço esta avenida
Afinal o que se passa


Esta vida é de loucos

Esta vida é ir e vir
Porque um homem bebe uns copos

Começa logo a cair


Desta vez estou mesmo à rasca
Vou-me pirar de mansinho
Não volto aquela tasca
Não bebo mais traçadinho

segunda-feira, outubro 10, 2005

Depois de mais umas acesas eleições, desta vez Autárquicas, aproveito para fazer um balanço dos “mais” e “menos” da mesma:

Mais:

- Carmona Rodrigues. A sua vitória em Lisboa marca o triunfo da simplicidade de discurso, face à demagogia. Carmona é, quanto a mim, um dos primeiros espécimes de um novo tipo de político, mais simples e verdadeiro. (Quando aqui disse que Carrilho tinha perdido as Eleições com aquele infeliz episódio que se seguiu ao debate perdido contra Carmona, creio que não me enganei!
- A vitória de Rui Rio no Porto, com maioria Absoluta. Esta vitória marca o triunfo da honestidade face à corrupção imobiliária e cria, definitivamente, uma clara Fronteira entre o Futebol e a Política. Pinto da Costa tentou, mas saiu-se mal…
- Jerónimo de Sousa. A conquista de mais duas câmaras municipais, em relação a 2001, por parte da CDU, demonstra que, a nível autárquico, a capacidade de trabalho se superioriza às questões ideológicas. Este aumento camarário consegue, ainda, adiar a ultrapassagem do BE.
- José Sócrates. O Primeiro-Ministro soube assumir a derrota com grande dignidade. Saiu por cima!
- João Soares. Embora estas eleições marquem a sua terceira derrota seguida (duas para câmaras municipais e uma para secretário-geral do PS), Soares soube sair muito dignamente, mostrando dignidade e, acima de tudo, elegância.
- Marques Mendes. Ele é, de facto, o vencedor da Noite. Saiu vitorioso em toda a linha. Para ser perfeito só faltava Valentim Loureiro ter perdido…

Menos:

-A segunda violação da Lei Eleitoral por parte de Mário Soares, ao apelar ao voto no filho, João Soares. Pela segunda vez, de tanto querer ajudar o filho acaba por prejudicá-lo gravemente. Um passo atrás do candidato à Presidência que, aliás, aparece agora atrás de Manuel Alegre numa recente sondagem.
- A segunda parte do discurso de José Sócrates. Sou o primeiro a discordar com aqueles que tentam misturar o Governo com as eleições Autárquicas, o problema, para Sócrates, é que ele é uma destas pessoas. Sócrates não pode querer o lucro e livrar-se dos encargos (que neste caso foram maiores). Ao intrometer-se nas Eleições Autárquicas, o Primeiro-Ministro deu razões ao Povo para votarem contra ou a favor dele. Saiu-se mal, agora não se pode queixar.
- O CDS-PP. Um partido que pretende uma representação real a nível nacional não se pode diluir desta maneira nas Eleições Autárquicas.
- Manuel Maria Carrilho. Um dos grandes derrotados da noite perdeu uma grande hipótese de demonstrar a sua boa educação, mas não o fez e, com mais uns toques de deselegância, disparou em todas as direcções…erradas.
- Avelino Ferreira Torres. Qual D. Sebastião, tentou conquistar a câmara de Amarante, contra tudo e todos. Saiu-se mal, muito mal, e, por uma vez, o Populismo perdeu.
Tem razão ao afirmar que a Comunicação Social o derrotou, pois sem a luta desta, creio que a vitória seria sua. No entanto, neste caso, penso que foi feito verdadeiro Serviço Público.
- Valentim Loureiro. Depois de mais uma vitória estrondosa, “disparou”, bem ao seu jeito, um discurso orgásmico no qual, mais uma vez, criticou Marques Mendes e tentou uma aproximação ao PS, elogiando Sócrates. Este é, de facto, o Paradigma do Populismo. Um caso a ser estudado!

domingo, outubro 09, 2005

Outra vez...

O candidato presidencial socialista, Mário Soares, violou hoje a lei eleitoral ao apelar ao voto no candidato PS à Câmara Municipal de Sintra no próprio dia da eleição, disse à Lusa fonte da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Após exercer o direito de voto, Mário Soares defendeu, em declarações aos jornalistas, a vitória do candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara de Sintra, João Soares.

"Toda a gente sabe que há um empate técnico e espero que se decida a favor do candidato socialista, ou seja, o João Soares", disse o ex-Presidente da República.

Segundo o porta-voz da CNE, Nuno Godinho de Matos, tais declarações "violam claramente o nº2 do artigo 177 da Lei Eleitoral para as autarquias locais, que proíbe que no dia da eleição seja feito um apelo ao voto".

De acordo com o porta-voz da CNE, esta violação da lei eleitoral é punida com uma pena de prisão até seis meses ou uma multa até 60 dias.

Nuno Godinho de Matos acrescentou que "como se trata de um ilícito eleitoral de natureza criminal, é um crime da responsabilidade do Ministério Público, por isso a CNE vai dar conhecimento do caso (ao MP)".


Esta foi a segunda vez que Mário Soares violou a Lei Eleitoral.

A primeira aconteceu nas últimas eleições legislativas, a 20 de Fevereiro deste ano, Mário Soares apelou à "maioria absoluta no PS".


  • Um candidato à presidência da República Portuguesa viola por duas vezes seguidas uma lei relativa ao processo eleitoral.
  • Fá-lo a favor do filho.

As projecções dão a vitória a Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Valentim Loureiro

Contudo, Marco de Canaveses está de parabéns pela derrota de Ferreira Torres.

Condenado: Que ou que foi declarado ou reconhecido como culpado.

(Imagem e significado retirados do Dicionário Ilustrado de O Jumento)

As fábricas de acontecimentos

a mesa de cafe

Em Nova Orleães continuam as mesmas pessoas carentes, os mesmos destroços, a mesma miséria, o mesmo cenário de catástrofe.
Os telejornais (quer-me parecer que desta vez em todo o Mundo) fabricaram o acontecimento, com horas de directos, entrevistas, imagens, comentadores, análises políticas...

Agora desapareceu tudo.

Tal como as águas, que já baixaram.

Fabricaram o acontecimento, as massas consumiram, deitaram fora. Ou seja, "acontecimento = produto".

Que merda de mundo...

Monday morning

Segunda-feira iniciarei um novo ano num novo Universo, totalmente diferente de tudo aquilo a que me habituei. Vou conhecer a so called vida académica, dezenas de pessoas novas (muitas das quais do sexo oposto, espero), vou a convívios, vou ser praxado, vou beber e, claro, “se houver tempo”, estudar. Atenção: estava a brincar. Este é precisamente o motivo que me levou a escrever este texto.
Não sei se já tiveram oportunidade de estar em contacto com Universitários. Eu já, e posso dizer que se encontrei gente espectacular (entre elas o tão necessário “padrinho”), encontrei também alguns que me fazem compreender o descrédito que se tem nos alunos do Ensino Superior. Infelizmente, ouço relatos de amigos meus cujas expectativas em relação à praxe foram destronadas por meia dúzia de selvagens que vêem na praxe e no facto de serem tratados por “doutores” um excelente meio de descarregarem todas as frustrações pessoais que têm por estarem completamente à margem do espírito académico, da praxe e da própria Universidade. Isto é, se há estudantes que fazem por honrar Coimbra e a sua longa tradição académica, há outros, porém, que são os culpados pelo pavor com que algumas pessoas chegam à Universidade, com medos incutidos por relatos de histórias macabras que, infelizmente, muitas vezes são verdadeiras.
Aqui há dias estava sentado numa esplanada, a beber um bom café e a ter dois dedos de conversa, quando saído do nada, um amigo da pessoa que estava comigo se senta, e debita durante 20mn todas as suas aventuras enquanto Universitário. Foi “Mr. Caloiro”, fez um strip em cima da mesa, não fez uma única cadeira e não foi a uma única aula.
O meu bom senso dizia-me que esta peça teria aprendido, mas não. Limitou-se a encorajar-nos a fazer o mesmo, a não ir às aulas, “não precisam delas para nada”, and so on, and so on…
Eu, impávido e sereno, nem abri a boca. Esse meu amigo sorria, abanando a cabeça. E eu pensei se esta amostra de aluno universitário não corresponderia, de facto, à gigantesca fatia dos que “fazem o curso a partir de casa”. Eu sei que não estou lá, que não sei como são as aulas, que se calhar vou cair até no mesmo erro. No entanto, parece-me incrível que um estudante desencoraje tão convictamente outro a cumprir as suas supostas obrigações, ainda antes de as aulas começarem.
E, uma vez mais, tiro a mesma conclusão de sempre: isto explica, de facto, muita coisa…

sábado, outubro 08, 2005

Presidenciais

Uma "sondagem" d' O Jumento com resultados estranhos, tendo em conta que os mais prováveis vencedores serão os menos apreciados.

Qual o candidato de que gostas menos?
Aníbal Cavaco Silva
46%
Francisco Anacleto Louçã
9%
Jerónimo de Sousa
5%
Manuel Alegre
5%
Mário Soares
35%


Total Votes: 190

Conclusões possíveis:
  • Os visitantes desse blog são uma minoria eleitoral.
  • Ainda não votou a massa eleitoral.
  • Cavaco e Soares são, indubitavelmente, os mais fortes, até na negativa.
  • Os eleitores portugueses não sabem o que querem ou então querem o que não gostam.

(Aceitam-se outras conclusões)

Já repararam?

Já repararam que em dia de reflexão a campanha eleitoral continua? Desta vez, uma campanha diferente, a das estações de televisão que apelam ao eleitor que vote nelas para a cobertura das eleições de amanhã.

O que me chama a atenção nem é o apelo em si, mas a morosidade das reportagens que mostram todo o processo de preparação de uma reportagem nacional de dimensões nunca antes vistas. Na véspera de cada domingo de eleições é sempre isto.

Sou só eu a achar as formas de concorrência entre os três canais ridícula? Sou só eu a achar descarada a auto-publicidade, principalmente da TVI num espaço que deveria ser informativo?

É claro que os telejornais portugueses já perderam a credibilidade há muito tempo. Pela quantidade de notícias irrelevantes (fait-divers) que nos contam as histórias da velhinha que fez a maior manta do mundo e entrou para o livro do guiness, do menino que salvou a vida de um passarinho, do pobrezinho que enriqueceu graças à bondade da vizinha, da tia que pôs botox, etc, etc, etc.
Outro factor, e este nota-se especialmente na TVI, são os títulos escritos em rodapé e os comentários dos pivôts às notícias. Tipo: "os impostos vão subir novamente, mais uma contradição deste governo que ainda não conseguiu cumprir as suas promessas, o mesmo de sempre". (E eu que pensava que as notícias deviam ter uma mera função informativa e, como tal, deviam ser apresentadas com imparcialidade...)

Mas o que mais me choca é mesmo a auto-publicidade. As notícias que anunciam um novo programa ou uma emissão especial na grelha da estação, que mostram os seus bastidores, que entrevistam figuras emblemáticas do canal, etc.

E que tal se as televisões tivessem um programa específico para se publicitarem, em vez de o fazerem nos telejornais?

De facto a informação televisiva já não se pode gabar de qualidade, objectividade e concisão. Nada como um bom jornal.

sexta-feira, outubro 07, 2005

O eterno jogo de ping-pong

Penso que é preocupante a atitude da população portuguesa face à política, principalmente, porque reduz o sistema eleitoral a um eterno jogo de ping-pong entre ela e o Governo. Empurra para o Governo uma bola, recebe-a desfeita; empurra outra bola, recebe-a desfeita. E isto porque a população portuguesa (chamemos-lhe eleitorado) não percebe que os caprichos que reclama são incompatíveis com o hedonismo que pratica. Dá todos os privilégios como adquiridos, tentando explorá-los ao máximo, e o resultado é, normalmente, que os benefícios que resultariam para o Estado desses privilégios que atribuiu desaparecem, em questão de segundos. O chico-espertismo prevalece. Vantagem nula.
Ora, para alguém que ainda nem sequer vota, esta palhaçada que é o não compreendimento de como uma democracia pluri-partidária deve funcionar, deixa-me a pensar (vantagem minha) se a única solução não é fugir e deixar isto tudo aos espanhóis. Pôr uns letreiros luminosos nas fronteiras, que digam qualquer coisa como: “venham-nos tirar o défice, que nós não conseguimos, nem com os melhores economistas da melhor faculdade do país (e quem sabe, do mundo)”. Penso que seria a solução mais sensata ou, melhor, a única possível. Assim, os magistrados (que só entendem latim e alemão) não entenderiam, os professores (que só dão francês, alemão e inglês) não entenderiam, o povo recusar-se-ia a entender, e o Governo Espanhol aqui instalado governaria à vontade, sem que as pessoas percebessem – e sem que os sindicatos acordassem de manhã e dissessem: ena, vamos fazer mais uma greve, ou melhor, vinte.
Bem, mas o que verdadeiramente me motivou a escrever este texto foi uma sondagem no “Público” que revelava, apesar do pouco número de inqueridos, que estas eleições autárquicas iriam revelar o descontentamento com o Governo (ou pelo menos, 67% dos inquiridos pensam assim). Nada de mal, certo? Errado. Este tipo de observações não é digna de um jornal como o “Público” que já devia ter assimilado a óbvia lição de que as eleições autárquicas nunca devem ser misturadas com a prestação do Governo. Isto parece-me tão simples, tão evidente, que não consigo aceitar que alguém não pense assim. E porquê? Porque quando se vota num candidato para uma autarquia, está-se a acreditar num projecto concebido localmente! O eleitorado não deve culpar o candidato à autarquia pela má prestação de um governo porque este simplesmente não tem culpas no cartório. Ou seja, é primitivo ver as autárquicas como um sistema de punição do Governo. É primitivo, é perigoso e é irracional. Eu, felizmente, não penso assim. Vantagem minha.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Parabéns


A Coisa Pública faz hoje 95 anos. Uma verdadeira senhora, na flor da idade. A julgar pelas palavras de Alegre, só as cores da bandeira mudaram. Isto claro, no caso de Soares ser eleito. É caso para dizer: Viva o Rei!

A cegueira dos aparelhos partidários*


«Tenho reflectido muito ultimamente sobre as contradições que se colocam permanentemente a um militante e dirigente partidário, como é o meu caso, obrigado a optar entre duas soluções políticas que se anulam, uma que vai ao encontro do acervo de valores da sua consciência e outra que serve interesses estratégicos do partido a que pertence, quase sempre conjunturais e descaracterizadores do seu programa e ideário.Não é somente uma conflitualidade a superar-se nos patamares da ética da responsabilidade e a ética da liberdade. O conflito polariza-se entre a salvaguarda coerente das nossas convicções e a absolutização do partido, que não pode constituir um fim em si mesmo, tal Leviatã a entrincheirar a nossa harmonia interior e a vilipendiar os imperativos da nossa consciência.Os aparelhos partidários e, nessa perspectiva, os partidos, da direita à esquerda, são todos conservadores, funcionam como cilindros ou rolos que esmagam inapelavelmente quem se oponha à bússola ou girândola da sua direcção.A subserviência dos militantes às direcções partidárias tem reflexos dramáticos na subordinação dos deputados ao governo, onde pontifica o líder do partido, sendo prestada a vassalagem, em detrimento da postura crítica, inimiga da rotina, da incompetência e do amiguismo.Os aparelhos partidários tendem a tornar-se uma das maiores fragilidades das democracias contemporâneas e um eixo crescentemente totalitário, que vai esmagando, sem disso nos darmos conta, a criatividade e a pluralidade no seu interior, descredibilizando a política e afastando da polis um número cada vez maior de cidadãos, com repercussões na abstenção eleitoral, no desencanto dos jovens, no afastamento de quadros valiosos da intervenção política.»

*por Joaquim Sarmento, in Público 11.08.2005

terça-feira, outubro 04, 2005

Uma Turquia ocidentalizada entre nós

a mesa de cafe

Istambul é um claro exemplo do processo de ocidentalização da Turquia, processo esse que culminará, se tudo correr bem, num exemplo para todo o Islão, com um país secularizado, moderno e cosmopolita. Por aquilo que pude observar, Istambul é uma cidade cuja vida resulta do contraste Oriente/ Ocidente, contraste esse que também é visível em cidades como Ankara que estão, com efeito, perfeitamente ocidentalizadas, embora mantendo (falo mais no caso de Istambul) traços da cultura islâmica, que conferem um cenário único aos visitantes. São exemplo disso as imagens das margens do Bósforo, do Palácio do Dolmabahce, do trânsito caótico, das ruas preenchidas por uma massa humana mais que diversificada, das lojas de muitos andares com fachadas de aço e vidro com um homem e um carrinho de bebidas de higiene duvidosa em frente, enfim, a brutalidade e a imponência com que a metrópole que é Istambul se impõe ao turista que vem à espera de um país 3º mundista.

A recente polémica em torno da adesão da Turquia, motivou-me a tentar perceber até que ponto é que a integração de um gigante como este numa U.E. em franca inferioridade (dentro de um prazo não muito longo), face a potências como os E.U.A., a China e o Japão lhe traria vantagens. Penso ser bastante difícil ter uma opinião formada em relação a este assunto, pela sua complexidade. Por um lado, a Turquia é, indiscutivelmente, um país com um forte potencial, com uma economia mais forte que, por exemplo, a búlgara, (igualmente candidata a integrar a U.E.) e que, apesar de instável macroeconomicamente, mostra sinais de crescimento, de ano para ano. É um bom pólo de investimento, cujas exportações revelam uma indústria poderosa. Para além disso, o alargamento do espaço de livre circulação de pessoas e bens e uma maior diversidade cultural são duas mais-valias indiscutíveis.

Por outro lado, as desvantagens pesam quase tanto como as vantagens: apesar de uma forte indústria, uma grande fatia da população trabalha no sector agrícola. O facto de ser um país em que a pobreza ainda é uma realidade para uma boa percentagem da população iria complicar a atribuição de fundos comunitários a outros Estados que também necessitam deles (e Portugal é um bom exemplo, visto que isto também se refere aos fundos destinados à agricultura). A massificação da emigração (para países como Alemanha, por exemplo) faria tremer ainda mais as economias de alguns países (com um número assustador de trabalhadores a baixo custo – recordemos que a Turquia está em vias de chegar aos 90 milhões de habitantes, e que será (ou que seria) o maior Estado Europeu).

Os “nãos” ao Tratado Constitucional podem, em última análise, traduzir a receptividade de alguns Estados à entrada da Turquia – por eles podemos concluir também que a Europa tem sérias dúvidas quanto à Turquia como país europeu. São dúvidas com razão de existir, principalmente em relação à integração turca no Espaço Económico Europeu, com a ameaça que as sucessivas subidas do preço do petróleo representam.

(Peço desculpa pela extensão do texto…)

sábado, outubro 01, 2005

No Brain Zone

a mesa de cafe

"Eu estou a dizer que não sou um instrumento da esquerda nem faço fretes à esquerda. Não sou um instrumento de Mário Soares, não sou um instrumento de Manuel Alegre, não sou um instrumento de Jerónimo de Sousa, não sou um instrumento de Francisco Louçã. Eu estou a dizer que eu não sou um instrumento"

Ribeiro e Castro, in Público

(Não, meu caro. Quer-me parecer que a sua condição se limita apenas à de um instrumento musical. Nada mais.)

Imaginem

Imaginem que vão ao Teatro Académico Gil Vicente para assistir ao concerto de uma banda que não conhecem e da qual as únicas coisas que sabem é que é uma banda cigana romena que se chama Fanfare Ciocarlia.

Agora imaginem o que é chegar à sala quase cheia e, depois de duas músicas, 3/4 da assistência estar de pé, nos corredores entre as cadeiras, à frente do palco, ao pé da porta, etc... a dançar e a usufruir ao máximo daquele ambiente cheio de vida.

No fim de um grande concerto, imaginem o que é a banda sair do palco para o corredor da plateia, daí, passar para o hall de entrada do TAGV e depois ficar à porta do lado de fora, sempre a tocar rodeados pela assistência. Imaginem o que é toda a gente à volta (quem tinha assistido ao concerto e quem estava simplesmente a passar pela zona) totalmente seduzida pelo ambiente proporcionado pela música e pelos músicos.

Agora imaginem Fanfare Ciocarlia a atravessar a rua, e a tocar no meio da Praça da República.

Foi um concerto único, surpreendente e muito bom.

"The Life and Times of Scrooge McDuck"

Os apreciadores de B.D. costumam olhar com desdém para as revistas Disney. Consideram-nas infantis, repetitivas até. Não que não tenham alguma razão nos seus julgamentos, mas há um outro lado destas Bandas Desenhadas que merece, no mínimo, um pouco da nossa atenção. Um dos responsáveis por este lado (chamemos-lhe até sério) é Don Rosa, que criou uma magnífica história da família Patinhas, ou no original McDuck, Duck e Coot (as últimas duas foram traduzidas, respectivamente, para Pato e Patus), as três famílias (no caso do primeiro, um clã escocês) que se cruzaram para dar origem aos patos que conhecemos hoje em dia (nenhum foi deixado de fora).
Com certeza que já se aperceberam de inúmeras contradições dentro destas histórias (há uma edição dos “50 Anos do Pato Donald” que lhe atribui outras origens – tendo sido o pato irascível criado pelo Tio Patinhas e pela Vovó Donalda – mas, pelos vistos, a Vovó Donalda é viúva). Esta “Saga do Tio Patinhas” pretende (não impondo, como o próprio autor explica no Prefácio) criar uma história “oficial”, para acabar com as histórias mal resolvidas desta “família”.
A intenção deste desenhador é de louvar. Não pensem que este trabalho não requereu investigação, quer das personagens, quer de factos históricos reais, que surgem nas histórias e que permitem um enquadramento surpreendentemente credível das histórias do(s) Pato(s). Esta saga centra-se mais na vida do Tio Patinhas, mais precisamente na forma como um simples jovem pato consegue tornar-se no “Pato mais rico do Mundo”. Ora, como self-made pato que é, obviamente que as aventuras e dificuldades do Pato capitalista que trabalhou desde os dez anos ocupam um lugar de destaque.
De salientar também uma história que li aqui há uns tempos de uma adaptação de uma história de Carlo Goldoni, e uma outra (igualmente brilhante) adaptação do romance de Victor Hugo, “Les Miserables”. Ambas bastante divertidas (lembro-me de rir sozinho a ler a primeira) e de uma mestria que não se espera de umas B.D. feitas para crianças.
Há outro livro deste desenhador que merece atenção: penso que se chama “A História da Família Pato”, aqui sim, com detalhes sobre todas as personagens e, como é habitual, centenas de excelentes ilustrações…

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