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A Amena Cavaqueira

a mesa de cafe

Li o discurso de anúncio de candidatura de Cavaco e devo dizer que fiquei surpreendido – não com a excepcionalidade do discurso, mas sim com o quão previsível era aquele amontoado de frases feitas em que, apesar de tudo, o “candidato dos portugueses” conseguiu reunir 3 ideias: a primeira é que está ciente dos poderes e limites impostos ao P.R. pela Constituição (qualquer português que tenha uma em casa está, mas adiante…); a segunda é que se candidata “por um imperativo de consciência” (eu continuo a achar que se assim fosse devia mesmo era candidatar-se a primeiro-ministro nas próximas legislativas – para vir resolver o buraco em que nos enfiou). A terceira é que se candidata “como um homem livre”, “independente de qualquer estrutura partidária” (esta da “estrutura partidária” deve-lhe ter tomado uns 20mn a pensar numa boa forma de não referir o partido de que foi presidente).
Pois bem: temos candidato. O seu discurso de oito minutos contados serviu para isso – para quebrar com o silêncio que, pelos vistos, lhe serviu para ponderar. A pergunta é: para 8 minutos destes, para quê tanto tempo?
Pessoalmente, esperava um Cavaco confiante, não hesitante e nervoso; esperava um discurso mais abrangente. Porque as posições de Soares (e quem diz de Soares diz de Alegre, Louçã e Jerónimo de Sousa) em relação a temas fulcrais da actualidade, como a política externa americana (essencialmente, a Guerra do Iraque), o conflito no Médio Oriente, a ameaça internacional que é o Terrorismo, enfim, posições que um Presidente (ou neste caso, candidato a Presidente) tem que ter definidas, e que simplesmente não estão graças a um silêncio de 10 anos e alguns meses do “Professor” em relação a estes assuntos. Cavaco parece hesitante em falar abertamente, em provar que não tem livros para decorar as estantes do escritório onde aparece com os netos, come torradas e escreve auto-biografias.
Por outro lado, parece-me importante referir o papel isento da “Cavaca”, que afirma convictamente que a campanha do marido será “one man show”. Exceptuando, claro está, a sua aparição em público no anúncio da candidatura do marido, as fotos que vêm no “Expresso” de Cavaco com os netinhos, os depoimentos em relação ao papel de avós que ambos deram à comunicação social, etc. “One man show” my ass.
Quanto às reacções dos outros candidatos, era o que se esperava: não se pode pedir nem a Louçã, nem a Jerónimo de Sousa que escondam o fosso que sentem entre eles e o “Professor”; o porta-voz de Soares pareceu-me bastante sensato nas declarações que prestou (principalmente quando disse que ambos tinham provas dadas ao país); Alegre teima na sua obsessão com as candidaturas que soam a monarquia (apesar do ambiente que se viveu no CCB ter tido o seu quê de Coroação…) – já diz JAS que se Soares é o candidato da oposição, Alegre é o candidato da vingança contra à “traição” de MS. E não deixa de ter uma certa razão: é triste Alegre não ter percebido que não tinha meios para enfrentar Cavaco Silva, e não ter deixado a sua vingança para mais tarde: preferiu em vez disso dividir o eleitorado PS e entregar a vitória a Cavaco numa bandeja.

Opções.

Oh António, francamente!!!
Eu sei que as tuas opções e convicções são claras, mas está a tornar-se difícil ler os teus posts... onde é que anda essa objectividade nas análises??
Ai Antoine, Antoine...

Luisa

Mais objectividade que isto, Luisa? Eu sei que as tuas opões e convicções também são claras e radicalmente opostas às minhas, mas não esperes ver-me a dizer bem de Cavaco ou a entrar no comboio da sua promoção a herói nacional...
Obrigado pela visita e pelo comentário, anyway ;)

"Sabe, é que é um grande defeito das pessoas, esse de julgarem que criticando X estamos a elevar Y. Nem sempre é assim." Encontrei isto escrito por ti num outro comentário. Eu SEI que NÃO é bem a mesma coisa, mas pego ne tua frase para dizer, António, que o facto de te ter criticado não quer dizer que esteja a defender o "herói nacional" (;P) em causa.
Acontece que as minhas opções não são o que pensas que são... nunca me ouviste afirmar nada acerca delas, ou já?? Não são assim tão óbvias nem assim tão radicais!! Sou bastante ponderada em relação em elas, mas também bastante reservada... talvez um dia falemos sobre isso!!

Ah, aproveito para dizer que a minha ideia de objectividade tem um exemplo perfeito num post do mestre sobre as autárquicas, lembras-te? Não tende nem para um lado nem para o outro...

Luisa

Luísa, eu até posso concordar que possa haver pouca objectividade neste meu texto, mas penso, porém, que estamos a confundir um pouco objectividade com imparcialidade; penso, também, que é normal que as pessoas cedam à parcialidade, por vezes, na defesa das suas causa – embora não ache que tenha sido aqui o caso. Se achei desnecessário Cavaco dar tanta ênfase aos Poderes previstos pela C.R.P. em relação ao P.R., achei. Se achei que é hipocrisia da parte de Cavaco referir-se isentamente a uma crise que começou com ele, achei. Se achei estranho e de extrema falta de decoro não se referir uma única vez ao partido de que foi presidente, achei. Se achei o seu discurso insuficiente, achei também. Nisso tenho uma opinião muito parecida com a Clara Ferreira Alves, opinião essa a que até me referi naquele dia. E se achei no mínimo incoerente que Maria Cavaco Silva afirme que a campanha do marido vai ser feita por ele e apareçam de braços dados a sair do CCB, ou que o Expresso dedique uma reportagem aos netos e à empregada de Cavaco, achei também. Se continuo a achar que Alegre devia ter recuado, continuo. Acho que devia ter sido mais inteligente e pensado na sua candidatura para 2009/10, altura em que Soares estará (e aí sim) certamente menos capaz de exercer o cargo e em que Alegre teria mais que margem de manobra para avançar e lhe suceder.
Quanto à segunda parte do post, façamos aqui um pequeno esclarecimento em relação ao que comecei por dizer: eu não acho que o post do mestre tenha sido objectivo – o facto de ser um amontoado de diversas opiniões exige, inevitavelmente, uma boa dose de subjectividade. Se me perguntares se não foi antes imparcial, respondo-te que sim, e muito. Parecem-me coisas diferentes...
Se te estás a referir (e agora sim) à parcialidade ou à imparcialidade do meu texto, compreendo o teu ponto de vista. Sabendo tu que apoio Soares, é natural que penses isso. E só poderás pensar o contrário quando vires outras críticas minhas a estas Presidenciais: se sentir aspectos maus da parte de Soares irão para o mesmo saco (ou para o mesmo texto) que aspectos maus de Cavaco, ou de qualquer outro candidato – disso não tenhas a mínima dúvida.
Quanto às tuas convicções, quem sou eu para dissertar sobre elas! Tirei algumas conclusões de conversas que temos ocasionalmente, e não disse que eram radicais! Disse, sim, que acreditava serem radicalmente (ou, pelo menos, bastante diferentes) das minhas, o que é, na minha opinião (ou falando subjectivamente, se preferires) um pouco diferente...

Para concluir, obrigado mais uma vez pela visita, e por esta discussão ;)

P.S.: Não duvides que, a seu tempo, teremos mesmo de falar :D

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