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O Fim do Mundo

a mesa de cafe

…Já foi, por várias vezes, anunciado na TVI. Aliás, se algum dia este efectivamente acontecer, tenho a certeza que iremos ser brindados com directos do local, frases em rodapé do género “Já se previa”, comentários do Miguel Sousa Tavares, que comenta tudo e mais alguma coisa, observações da eufórica Manuela Moura Guedes, enfim, toda uma excelente panóplia de recursos informativos, que farão as delícias de quem vê o Jornal Nacional. Isto porque, quem vê o Jornal Nacional, procura não um noticiário mas sim mais um programa de entretenimento – é aí, aliás, que reside o cerne da questão: o momento em que o Telejornal deixa de ter uma função informativa e passa a desempenhar uma função lúdica, de entretenimento. Quem não imagina um taxista a cofiar o bigode farfalhudo enquanto assimila o conteúdo para as conversas do dia seguinte? O Jornal Nacional presta um excelente serviço a estas pessoas conversa de circunstância, visto que se lessem um jornal que não fosse “A Bola”, “O Jogo” ou o “24 horas” perderiam eternidades a descodificar a informação, que para o caso interessa pouco; interessa sim culpados, governantes corruptos, pivots insolentes, grandes planos de sofrimento: isso é informação que interessa. Apesar de não ser informação, claro está.

Bem, mas como estava a dizer, o Fim do Mundo e o tom apocalíptico com que o Jornal Nacional abre (e eu garanto-vos que tento não perder uma abertura), é de ir às lágrimas. O esforço que jornalistas como Pedro Pinto (mais sóbrios, mais calmos) devem ter que fazer para ler aquelas sentenças de morte deve ser qualquer coisa do outro mundo. A recente “Gripe das Aves” é mais um desses casos, em que o pivot tenta fazer um ligeiro ar de pânico.
Devo dizer-vos que se não tivesse passado os olhos pelo “Público on-line” nesse dia, julgaria que todos os galináceos das redondezas estavam com espasmos, convulsões e falta de ar. Mas não, confirmei que Manuela Moura Guedes estava sã e salva, e pensei: bem, não há-de ser assim tão grave. Se tamanha ave sobrevive…

Isto claro, pensei eu, porque a julgar pelas imagens e pelo tom da notícia, já imaginava pessoas a tombarem no meio das ruas, casas a arder, populares que agiam pelos próprios meios para evitar a “Pandemia”, (afinal, se vai chegar ao Reino Unido, porque é que não haveria de estar já cá), enfim, o caos, famílias dizimadas, hospitais cheios, ruas desertas. E enquanto desse rédeas à imaginação poderia pensar numa dezena de cenários apocalípticos possíveis. Até que pensei: calma, a BSE também iria ser o fim do mundo.
Na verdade, o meu pensamento bárbaro até me fez esboçar um sorriso: os preços da carne de aves vão descer muito provavelmente, visto que as pessoas não conseguem usar a cabeça, e muito menos nestas circunstâncias: se realmente já temos a doença dentro do país, pouco se pode fazer, já todos comemos frango; se não a temos, melhor, porque agora sim se tomarão medidas para a evitar, para a combater. Nos tempos da BSE foi exactamente a mesma coisa. E ainda bem, porque nada me agrada mais que a banalização dos bifes de vaca, que dantes vinham com menos frequência.

“Always look on the bright side..."

o teu post~está excelente... brutal.. nele consegues exactamente exprimir o que sentimos ao ver o "Jornal Nacional"...

na verdade, não costumo ver muitas vezes, pk, bem, como referiste e muito bem, não há informação nesse programa e não serve para te informares mas tão pura e simplesmente para te rires, ou, ao contrário, veres, triste, o cenário português que se depara à tua frente... bem, pode dar para rir ou para chorar, depende da perspectiva...

mas relativamente à gripe das aves, eu quis estar melhor informada, então, decidi estar mais atenta às notícias que diziam respeito a esse assunto... como a SIC e a RTP não abriram os noticiários com as notícias da gripe das aves, acabei por `ver o "Jornal Nacional"... bem, após uma boa mei-ahora de notícias, ditas chocantes... bem, uma notícia sofre os números da gripe das aves, outra a pseudo-explicar a doença, outra para o contágio, outra para a prevenção, outra com entrevistas de rua a simples mortais cidadãos com cultura rasca, outra com uma entrevista a um médico, outra com entrevista a donos de empresas que lidam com aves, ... bem, enfim, o caos, o pânico, o terror...

não imagino como teria ficado a minha avó, se assistisse a tal programa...

o resultado? bem, alarmar, alarmar, alarmar tem como resultado pessoas em pânciop, a fazer o maior escandalo por aí.. quando na verdade não hã motivos para isso, não é?
e, tal como dizes, sempre vem o bife mais barato... lol

Bem... Obrigado pelo comentário :)!
Excusado será dizer que concordo contigo... O esquema do noticiário da TVI está simplesmente genial...Muito bem observado, mesmo...

Não nos esqueçamos da outra grande vantagem implícita no teu texto, António: o Jornal Nacional estimula grandemente a imaginação. De facto, repara bem como imaginaste logo uma cena apocalíptica a partir da observação daquele programa... Passo a citar: a julgar pelas imagens e pelo tom da notícia, já imaginava pessoas a tombarem no meio das ruas, casas a arder, populares que agiam pelos próprios meios para evitar a “Pandemia”, (afinal, se vai chegar ao Reino Unido, porque é que não haveria de estar já cá), enfim, o caos, famílias dizimadas, hospitais cheios, ruas desertas. E enquanto desse rédeas à imaginação poderia pensar numa dezena de cenários apocalípticos possíveis. .
Bom texto, o teu, sim senhor;)

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