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Uma Turquia ocidentalizada entre nós

a mesa de cafe

Istambul é um claro exemplo do processo de ocidentalização da Turquia, processo esse que culminará, se tudo correr bem, num exemplo para todo o Islão, com um país secularizado, moderno e cosmopolita. Por aquilo que pude observar, Istambul é uma cidade cuja vida resulta do contraste Oriente/ Ocidente, contraste esse que também é visível em cidades como Ankara que estão, com efeito, perfeitamente ocidentalizadas, embora mantendo (falo mais no caso de Istambul) traços da cultura islâmica, que conferem um cenário único aos visitantes. São exemplo disso as imagens das margens do Bósforo, do Palácio do Dolmabahce, do trânsito caótico, das ruas preenchidas por uma massa humana mais que diversificada, das lojas de muitos andares com fachadas de aço e vidro com um homem e um carrinho de bebidas de higiene duvidosa em frente, enfim, a brutalidade e a imponência com que a metrópole que é Istambul se impõe ao turista que vem à espera de um país 3º mundista.

A recente polémica em torno da adesão da Turquia, motivou-me a tentar perceber até que ponto é que a integração de um gigante como este numa U.E. em franca inferioridade (dentro de um prazo não muito longo), face a potências como os E.U.A., a China e o Japão lhe traria vantagens. Penso ser bastante difícil ter uma opinião formada em relação a este assunto, pela sua complexidade. Por um lado, a Turquia é, indiscutivelmente, um país com um forte potencial, com uma economia mais forte que, por exemplo, a búlgara, (igualmente candidata a integrar a U.E.) e que, apesar de instável macroeconomicamente, mostra sinais de crescimento, de ano para ano. É um bom pólo de investimento, cujas exportações revelam uma indústria poderosa. Para além disso, o alargamento do espaço de livre circulação de pessoas e bens e uma maior diversidade cultural são duas mais-valias indiscutíveis.

Por outro lado, as desvantagens pesam quase tanto como as vantagens: apesar de uma forte indústria, uma grande fatia da população trabalha no sector agrícola. O facto de ser um país em que a pobreza ainda é uma realidade para uma boa percentagem da população iria complicar a atribuição de fundos comunitários a outros Estados que também necessitam deles (e Portugal é um bom exemplo, visto que isto também se refere aos fundos destinados à agricultura). A massificação da emigração (para países como Alemanha, por exemplo) faria tremer ainda mais as economias de alguns países (com um número assustador de trabalhadores a baixo custo – recordemos que a Turquia está em vias de chegar aos 90 milhões de habitantes, e que será (ou que seria) o maior Estado Europeu).

Os “nãos” ao Tratado Constitucional podem, em última análise, traduzir a receptividade de alguns Estados à entrada da Turquia – por eles podemos concluir também que a Europa tem sérias dúvidas quanto à Turquia como país europeu. São dúvidas com razão de existir, principalmente em relação à integração turca no Espaço Económico Europeu, com a ameaça que as sucessivas subidas do preço do petróleo representam.

(Peço desculpa pela extensão do texto…)

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