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A cegueira dos aparelhos partidários*


«Tenho reflectido muito ultimamente sobre as contradições que se colocam permanentemente a um militante e dirigente partidário, como é o meu caso, obrigado a optar entre duas soluções políticas que se anulam, uma que vai ao encontro do acervo de valores da sua consciência e outra que serve interesses estratégicos do partido a que pertence, quase sempre conjunturais e descaracterizadores do seu programa e ideário.Não é somente uma conflitualidade a superar-se nos patamares da ética da responsabilidade e a ética da liberdade. O conflito polariza-se entre a salvaguarda coerente das nossas convicções e a absolutização do partido, que não pode constituir um fim em si mesmo, tal Leviatã a entrincheirar a nossa harmonia interior e a vilipendiar os imperativos da nossa consciência.Os aparelhos partidários e, nessa perspectiva, os partidos, da direita à esquerda, são todos conservadores, funcionam como cilindros ou rolos que esmagam inapelavelmente quem se oponha à bússola ou girândola da sua direcção.A subserviência dos militantes às direcções partidárias tem reflexos dramáticos na subordinação dos deputados ao governo, onde pontifica o líder do partido, sendo prestada a vassalagem, em detrimento da postura crítica, inimiga da rotina, da incompetência e do amiguismo.Os aparelhos partidários tendem a tornar-se uma das maiores fragilidades das democracias contemporâneas e um eixo crescentemente totalitário, que vai esmagando, sem disso nos darmos conta, a criatividade e a pluralidade no seu interior, descredibilizando a política e afastando da polis um número cada vez maior de cidadãos, com repercussões na abstenção eleitoral, no desencanto dos jovens, no afastamento de quadros valiosos da intervenção política.»

*por Joaquim Sarmento, in Público 11.08.2005

Já dizia o grande Lenine..."O partido é a mente, a honra e a consciência da nossa época "...mais palavras para quê?

Ou então, "A liberdade é uma coisa tão preciosa que devia ser racionada "...

Problema clássico de conflito entre (1) a esfera individual dos valores e (2) a comunhão de um projecto. Quando não se acredita mais em (2) ou quando a adesão a (2) custa demais em termos de (1)... o que deve acontecer é uma saudável dissidência.

Dada a actual diversidade de projectos (por falta de paradigmas globais convincentes) assiste-se a uma tendência para a fragmentação de partidos, credos e organizações. Esse fenómeno pode considerar-se uma reacção positiva à hegemonia dos modelos clássicos, tornados obsoletos ou repulsivos.

Estou aqui estou a defender um surto de mais não sei quantos pequeninos blocos (de esquerda, de direita, de centro, de gays, de ambientalistas, de macrobióticos, de fans de Marylin Manson, etc, etc). Ex-terroristas chamam a isto a "multidão pós-moderna" que pratica a liberdade das micro-convicções.

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