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Já repararam?

Já repararam que em dia de reflexão a campanha eleitoral continua? Desta vez, uma campanha diferente, a das estações de televisão que apelam ao eleitor que vote nelas para a cobertura das eleições de amanhã.

O que me chama a atenção nem é o apelo em si, mas a morosidade das reportagens que mostram todo o processo de preparação de uma reportagem nacional de dimensões nunca antes vistas. Na véspera de cada domingo de eleições é sempre isto.

Sou só eu a achar as formas de concorrência entre os três canais ridícula? Sou só eu a achar descarada a auto-publicidade, principalmente da TVI num espaço que deveria ser informativo?

É claro que os telejornais portugueses já perderam a credibilidade há muito tempo. Pela quantidade de notícias irrelevantes (fait-divers) que nos contam as histórias da velhinha que fez a maior manta do mundo e entrou para o livro do guiness, do menino que salvou a vida de um passarinho, do pobrezinho que enriqueceu graças à bondade da vizinha, da tia que pôs botox, etc, etc, etc.
Outro factor, e este nota-se especialmente na TVI, são os títulos escritos em rodapé e os comentários dos pivôts às notícias. Tipo: "os impostos vão subir novamente, mais uma contradição deste governo que ainda não conseguiu cumprir as suas promessas, o mesmo de sempre". (E eu que pensava que as notícias deviam ter uma mera função informativa e, como tal, deviam ser apresentadas com imparcialidade...)

Mas o que mais me choca é mesmo a auto-publicidade. As notícias que anunciam um novo programa ou uma emissão especial na grelha da estação, que mostram os seus bastidores, que entrevistam figuras emblemáticas do canal, etc.

E que tal se as televisões tivessem um programa específico para se publicitarem, em vez de o fazerem nos telejornais?

De facto a informação televisiva já não se pode gabar de qualidade, objectividade e concisão. Nada como um bom jornal.

Em todos os países da Europa que conheço, com muito mais população do que Portugal, os respectivos telejornais não duram mais do que meia hora. São concisos, factuais, perfeitamente esclarecedores das realidades nacional e internacional. Desde há muito tempo que me escandalizo com a duração de mais de 1 hora dos telejornais portugueses e me interrogo àcerca das razões de tal anomalia. Seguramente, essa oferta, que se estende a todas as estações de TV, terá justificação num certo tipo de procura, para a qual informação deve ter fortes componentes de Jornal do Crime, Crónica Feminina, Record e Hola. Seja como for, o modo como se escarafuncha no mais pequeno detalhe (nomeadamente) da desgraça alheia é chocante. Mas, o consumidor médio deve ser soberano, também, neste mercado do voyeurismo jornalístico.

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