O Leão da Estrela
Vi no outro dia este filme e não me arrependi. O Cinema dos anos 30/40/50 português, capaz das maiores fantochadas, foi também criador (sei que está longe de ser uma opinião unânime) de alguns filmes fabulosos!
Como era hábito neste tipo de filmes, juntava-se uma mão cheia (não mais que isso) de bons actores, misturando-os com outros actores, estes verdadeiramente medíocres! Na verdade, era isto que dava piada aos filmes!
Este e o "Costa do Castelo" são, dos poucos que vi, os melhores. Em comum têm aquele que é quanto a mim o maior actor português de sempre: António Silva. Como se costumava dizer: "As suas mãos pareciam que falavam!"
Basta dizer que nunca me ri tanto a ver um filme português (e, provavelmente, nenhum outro) como com estes dois. António Silva era talhado para a comédia popular, dita de Revista.
O curioso é que estas películas continham um humor bastante básico (eram dirigidas às massas, ao contrário de hoje, e por isso tinham que ser de fácil compreensão), bastante ao estilo dos Malucos do Riso. Ou seja, muitas vezes não passavam de uma "charupada"!
No entanto, passava-se exactamente o oposto quando o intérprete era o António Silva. As piadas básicas e pouco engraçadas tornavam-se hilariantes (pelo menos para mim!), de tal modo a interpretação, cheia de mímica, era brilhante.
O único exemplo que me ocorre é o do Camacho Costa, falecido actor da dita série dos Malucos do Riso, e que conseguía exactamente o mesmo. Com ele, aqueles sketches completamente imbecis tornavam-se engraçados (contando que a pessoa se abstraísse dos risos de fundo).
O Filme em si conta a história de um lisboeta típico de bairro, da classe média baixa, que vai ao Porto ver a final da taça contra o "seu" Sporting. Lá, fica em casa de um "suposto" amigo rico (que desconhecia as suas origens humildes), o qual vai aldrabando, convencendo-o de que era também ele próprio abastado, passando a partir daí, durante uns tempos, a viver às suas custas, no Porto. Entretanto, à medida que o filme se vai desenrolando e aproximando-se aparentemente da tragédia, uma das filhas apaixona-se pelo filho do "ricaço" e revela-lhe as origens. Este, no entanto, não desiste (o lado "bonito" e "à la Estado Novo" da história) e mantém as intenções de casar com ela.
É aqui que o filme revela mais uma particularidade fantástica. Ao contrário do que seria de esperar, os pais do noivo nunca chegam a descobrir que estão a ser aldrabados e o "pelintra", com a sua lábia, (impecavelmente interpretado) leva a sua avante! Isto é bastante curioso, porque normalmente os filmes com este tipo de trama reservam sempre para o fim um volte-face, em que se descobre tudo; para depois, contudo, acabar tudo bem, numa espécie de catarse (obrigado "Frei Luís de Sousa")!
O Cinema português actual tem muito a aprender com a capacidade de captação do público destes filmes!
Como era hábito neste tipo de filmes, juntava-se uma mão cheia (não mais que isso) de bons actores, misturando-os com outros actores, estes verdadeiramente medíocres! Na verdade, era isto que dava piada aos filmes!
Este e o "Costa do Castelo" são, dos poucos que vi, os melhores. Em comum têm aquele que é quanto a mim o maior actor português de sempre: António Silva. Como se costumava dizer: "As suas mãos pareciam que falavam!"
Basta dizer que nunca me ri tanto a ver um filme português (e, provavelmente, nenhum outro) como com estes dois. António Silva era talhado para a comédia popular, dita de Revista.
O curioso é que estas películas continham um humor bastante básico (eram dirigidas às massas, ao contrário de hoje, e por isso tinham que ser de fácil compreensão), bastante ao estilo dos Malucos do Riso. Ou seja, muitas vezes não passavam de uma "charupada"!
No entanto, passava-se exactamente o oposto quando o intérprete era o António Silva. As piadas básicas e pouco engraçadas tornavam-se hilariantes (pelo menos para mim!), de tal modo a interpretação, cheia de mímica, era brilhante.
O único exemplo que me ocorre é o do Camacho Costa, falecido actor da dita série dos Malucos do Riso, e que conseguía exactamente o mesmo. Com ele, aqueles sketches completamente imbecis tornavam-se engraçados (contando que a pessoa se abstraísse dos risos de fundo).
O Filme em si conta a história de um lisboeta típico de bairro, da classe média baixa, que vai ao Porto ver a final da taça contra o "seu" Sporting. Lá, fica em casa de um "suposto" amigo rico (que desconhecia as suas origens humildes), o qual vai aldrabando, convencendo-o de que era também ele próprio abastado, passando a partir daí, durante uns tempos, a viver às suas custas, no Porto. Entretanto, à medida que o filme se vai desenrolando e aproximando-se aparentemente da tragédia, uma das filhas apaixona-se pelo filho do "ricaço" e revela-lhe as origens. Este, no entanto, não desiste (o lado "bonito" e "à la Estado Novo" da história) e mantém as intenções de casar com ela.
É aqui que o filme revela mais uma particularidade fantástica. Ao contrário do que seria de esperar, os pais do noivo nunca chegam a descobrir que estão a ser aldrabados e o "pelintra", com a sua lábia, (impecavelmente interpretado) leva a sua avante! Isto é bastante curioso, porque normalmente os filmes com este tipo de trama reservam sempre para o fim um volte-face, em que se descobre tudo; para depois, contudo, acabar tudo bem, numa espécie de catarse (obrigado "Frei Luís de Sousa")!
O Cinema português actual tem muito a aprender com a capacidade de captação do público destes filmes!