Posted by Alice on domingo, outubro 23, 2005 at 5:24 da manhã |Permalink
Cavaco porta-se bem, é um bom pai de família, consulta a sua Maria para tudo, até lhe pede licença para ir fazer chi-chi e Maria diz que sim, desde que no fim limpe o piláu com papel higiénico perfumado às florinhas cor de rosa. Cavaco tem filhos extremosos que se casaram com quem devia ser, no momento exacto. Filhos que, por nada deste mundo se aproveitam do estatuto de filhos de Cavaco, porque isso é pecado, porque isso é contra os princípios morais da sagrada família.
Cavaco é austero, trata o dinheiro como deve (de) ser. Tem um bom carro que se permitiu comprar só quando tudo o resto estava devidamente acautelado e que mantem lavadinho e com todas as revisões em dia, porque é para durar, porque na vida há outras coisas mais importantes, como a casinha (incluindo a de praia), como a poupança, porque o futuro a Deus pertence e ninguém pode estar descansado com as vicissitudes da vida. Óh, óh. Quando foi à Figueira ganhar o congresso foi com um citroenezito em rodagem... E disso se continua a fazer ampla publicidade para gáudio do fabricante Francês.
Cavaco é um homem empertigado, tem uma cara afilada que inspira rigor e transpira moral e bons costumes. Mas, Cavaco às vezes treme, a voz sai-lhe menos fluída. Parece que lhe falta uma palavrita no discurso longamente decorado. Como Eanes, quando fala de improviso, faz pausas inesperadas, cospe ar inoportuno que lhe vem das dúvidas alojadas nas entranhas.
Vai à missa, pois claro, principalmente quando há jornalistas por perto, que este é um país católico e é preciso tratar bem os eleitores. Respeitinho acima de tudo. Óh, óh. Cavaco vende uma imagem de católico praticante, pai de família irrepreensível, avô babado que não faz espectáculo da enorme felicidade familiar. De maneira nenhuma! É apenas a opinião pública que se rende à candura moral do clã Cavaco, ao seu exemplo. E ele, o patriarca, a desgosto, cede aos pedidos de fotografias com os netinhos ao colo, sorridentes. Ponho as mãos no fogo em como Cavaco nunca deu nem dará uma facadita no matrimónio. E então da Maria, nem se fala, carago!
Cavaco ainda tem um físico atlético, quase como nos tempos em que era putativo campeão de atletismo em Moçambique. E a Maria até gosta. "Ai que músculos, António." Mas escondidinhos, no escuro do quarto de casal, que as mulheres nuas à luz do dia faltam ao respeito aos maridos. Óh, òh. Ainda se está para escrever a "História secreta dos actos sexuais do casal Cavaco Silva". Um best-seller que deixará Harry Potter e O Código da Vinci num canto dos sucessos editoriais.
Cavaco odeia as sanguessugas do seu partido porque, como Salazar, só pensa no supremo interesse nacional, não em interesses privados egoistas. Cavaco é um homem de serviço, de serviço público. Cavaco não quer ser rico. Como o outro, quer apenas ser professor universitário que ganha honradamente a sua vidinha com umas incursões episódicas na política (a pedido insistente de cidadãos preocupados com o rumo dos acontecimentos) para salvar a Pátria do pântano em que se encontra, em que a colocaram comunistas, socialistas e outros oportunistas. Mas, Cavaco precisa dos malandros do seu partido para fazer campanha. Sente por eles uma certa condescendência e demarca-se deles com muita habilidade. Assim, se qualquer coisa não correr bem, o mal é desses meliantes, que ele é um homem cândido, cheio de boas intenções para o país. Cavaco quer ser apenas remediado, membro de uma classe média virtuosa que subiu a pulso a corda da vida, com muito trabalho, muito trabalho, muito trabalho. Cavaco quase foi gasolineiro e até tem muito orgulho em ser filho de um modesto e honrado gasolineiro de Boliqueime. Cavaco é muito boa pessoa e basta.
Cavaco tirou o país da cauda da Europa, isto é, permitiu a ultrapassagem dos gregos durante uns anitos e isso foi anunciado como o regreeso da glória nacional, eclipsada depois da perda da independência para os espanhóis em 1580. Mas, foi sol de pouca dura e os gregos até vieram a Lisboa ganhar-nos o campeonato da Europa e os espanhóis vendem-nos as calças e as camisas e as peúgas e as cuecas e os atoalhados e tudo o mais. Bolas, ainda há alguns anos, os nuestros hermanos vinham a Elvas e a V.R.S. António comprar as nossas toalhitas porque o escudo era barato e agora é exactamente o contrário. Acho que isto é culpa do Cavaco. Ou não? Acho que sim.
O Cavaquito aproveitou o dinheiro dos Alemães e dos Ingleses para cobrir o país de pontes e de estradas e de formação profissional (da boa). Privatizou a televisão. Que bom! O resultado está à vista... E aproveitou a descida das taxas de juro e a fixação da paridade do escudo para permitir o aumento do consumo, principalmente através das importações. E aí está uma nova classezita média, feita também de frescos licenciados que cometem erros ortográficos a torto e a direito e que não sabem fazer contas sem a calculadora, que vai de férias ao Brasil e ao México a crédito, que compra Mercedes e BMs a crédito, que adora máquinas de filmar digitais e que dá o cú e oito tostões para ir ao cinema ao centro comercial do Belmiro e do Amorim. Esses sim é que são homens de iniciativa, de poder, de génio. E gostam do Professor Cavaco. Pois claro!
Eu acho que Cavaco dá um bom Presidente. Ou melhor: acho que a presidência devia ser partilhada "ex-aequo" por ele e por Soares porque representam, cada um à sua maneira, os aspectos mais representativos e genuínos da história recente portuguesa e o máximo que podemos esperar para o futuro próximo. Pena que não possam existir candidaturas bi-pessoais. Já imaginaram em Belém as duas Marias (a Barroso e a Cavaco Silva) a cuidar da mesa para o jantar? A ostentar cultura e teatro e caridade e boas maneiras e tudo e tudo e tudo.
Para quem analisa tão pormenorizadamente a vida e atitudes deste senhor e aparenta saber tudo a seu respeito e a respeito do que o move deixou escapar um pequeno pormenor: "E a Maria até gosta. "Ai que músculos, António."" É que Cavaco chama-se Aníbal!!! Tem graça, "sabe" tudo menos o óbvio... Seguindo o seu exemplo, permito-me também não assinar...
Cavaco porta-se bem, é um bom pai de família, consulta a sua Maria para tudo, até lhe pede licença para ir fazer chi-chi e Maria diz que sim, desde que no fim limpe o piláu com papel higiénico perfumado às florinhas cor de rosa. Cavaco tem filhos extremosos que se casaram com quem devia ser, no momento exacto. Filhos que, por nada deste mundo se aproveitam do estatuto de filhos de Cavaco, porque isso é pecado, porque isso é contra os princípios morais da sagrada família.
Cavaco é austero, trata o dinheiro como deve (de) ser. Tem um bom carro que se permitiu comprar só quando tudo o resto estava devidamente acautelado e que mantem lavadinho e com todas as revisões em dia, porque é para durar, porque na vida há outras coisas mais importantes, como a casinha (incluindo a de praia), como a poupança, porque o futuro a Deus pertence e ninguém pode estar descansado com as vicissitudes da vida. Óh, óh. Quando foi à Figueira ganhar o congresso foi com um citroenezito em rodagem... E disso se continua a fazer ampla publicidade para gáudio do fabricante Francês.
Cavaco é um homem empertigado, tem uma cara afilada que inspira rigor e transpira moral e bons costumes. Mas, Cavaco às vezes treme, a voz sai-lhe menos fluída. Parece que lhe falta uma palavrita no discurso longamente decorado. Como Eanes, quando fala de improviso, faz pausas inesperadas, cospe ar inoportuno que lhe vem das dúvidas alojadas nas entranhas.
Vai à missa, pois claro, principalmente quando há jornalistas por perto, que este é um país católico e é preciso tratar bem os eleitores. Respeitinho acima de tudo. Óh, óh. Cavaco vende uma imagem de católico praticante, pai de família irrepreensível, avô babado que não faz espectáculo da enorme felicidade familiar. De maneira nenhuma! É apenas a opinião pública que se rende à candura moral do clã Cavaco, ao seu exemplo. E ele, o patriarca, a desgosto, cede aos pedidos de fotografias com os netinhos ao colo, sorridentes. Ponho as mãos no fogo em como Cavaco nunca deu nem dará uma facadita no matrimónio. E então da Maria, nem se fala, carago!
Cavaco ainda tem um físico atlético, quase como nos tempos em que era putativo campeão de atletismo em Moçambique. E a Maria até gosta. "Ai que músculos, António." Mas escondidinhos, no escuro do quarto de casal, que as mulheres nuas à luz do dia faltam ao respeito aos maridos. Óh, òh. Ainda se está para escrever a "História secreta dos actos sexuais do casal Cavaco Silva". Um best-seller que deixará Harry Potter e O Código da Vinci num canto dos sucessos editoriais.
Cavaco odeia as sanguessugas do seu partido porque, como Salazar, só pensa no supremo interesse nacional, não em interesses privados egoistas. Cavaco é um homem de serviço, de serviço público. Cavaco não quer ser rico. Como o outro, quer apenas ser professor universitário que ganha honradamente a sua vidinha com umas incursões episódicas na política (a pedido insistente de cidadãos preocupados com o rumo dos acontecimentos) para salvar a Pátria do pântano em que se encontra, em que a colocaram comunistas, socialistas e outros oportunistas. Mas, Cavaco precisa dos malandros do seu partido para fazer campanha. Sente por eles uma certa condescendência e demarca-se deles com muita habilidade. Assim, se qualquer coisa não correr bem, o mal é desses meliantes, que ele é um homem cândido, cheio de boas intenções para o país. Cavaco quer ser apenas remediado, membro de uma classe média virtuosa que subiu a pulso a corda da vida, com muito trabalho, muito trabalho, muito trabalho. Cavaco quase foi gasolineiro e até tem muito orgulho em ser filho de um modesto e honrado gasolineiro de Boliqueime. Cavaco é muito boa pessoa e basta.
Cavaco tirou o país da cauda da Europa, isto é, permitiu a ultrapassagem dos gregos durante uns anitos e isso foi anunciado como o regreeso da glória nacional, eclipsada depois da perda da independência para os espanhóis em 1580. Mas, foi sol de pouca dura e os gregos até vieram a Lisboa ganhar-nos o campeonato da Europa e os espanhóis vendem-nos as calças e as camisas e as peúgas e as cuecas e os atoalhados e tudo o mais. Bolas, ainda há alguns anos, os nuestros hermanos vinham a Elvas e a V.R.S. António comprar as nossas toalhitas porque o escudo era barato e agora é exactamente o contrário. Acho que isto é culpa do Cavaco. Ou não? Acho que sim.
O Cavaquito aproveitou o dinheiro dos Alemães e dos Ingleses para cobrir o país de pontes e de estradas e de formação profissional (da boa). Privatizou a televisão. Que bom! O resultado está à vista... E aproveitou a descida das taxas de juro e a fixação da paridade do escudo para permitir o aumento do consumo, principalmente através das importações. E aí está uma nova classezita média, feita também de frescos licenciados que cometem erros ortográficos a torto e a direito e que não sabem fazer contas sem a calculadora, que vai de férias ao Brasil e ao México a crédito, que compra Mercedes e BMs a crédito, que adora máquinas de filmar digitais e que dá o cú e oito tostões para ir ao cinema ao centro comercial do Belmiro e do Amorim. Esses sim é que são homens de iniciativa, de poder, de génio. E gostam do Professor Cavaco. Pois claro!
Eu acho que Cavaco dá um bom Presidente. Ou melhor: acho que a presidência devia ser partilhada "ex-aequo" por ele e por Soares porque representam, cada um à sua maneira, os aspectos mais representativos e genuínos da história recente portuguesa e o máximo que podemos esperar para o futuro próximo. Pena que não possam existir candidaturas bi-pessoais. Já imaginaram em Belém as duas Marias (a Barroso e a Cavaco Silva) a cuidar da mesa para o jantar? A ostentar cultura e teatro e caridade e boas maneiras e tudo e tudo e tudo.
Abençoado país.
Posted by Anónimo | 23/10/05 3:21 da tarde
Para quem analisa tão pormenorizadamente a vida e atitudes deste senhor e aparenta saber tudo a seu respeito e a respeito do que o move deixou escapar um pequeno pormenor: "E a Maria até gosta. "Ai que músculos, António."" É que Cavaco chama-se Aníbal!!! Tem graça, "sabe" tudo menos o óbvio...
Seguindo o seu exemplo, permito-me também não assinar...
Posted by Anónimo | 26/10/05 2:09 da tarde