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Cavaquismos antes de deitar

No fundo, o que já se esperava. Um Cavaco engasgado, repetitivo, com voz de falsete e atrapalhado. Um Soares ao ataque, a pegar o touro pelos cornos. Soares foi ao âmago da questão: Cavaco tem uma visão distorcida dos poderes presidenciais; quer actuar onde não pode. Um P.R. deve saber ouvir, deve saber actuar – Cavaco não sabe ouvir e a C.R.P. não lhe permite actuar como e onde quer.
Cavaco insistiu nas suas ideias “para o futuro”. Como tem insistido, aliás, em todos os debates. Fala em muitos assuntos, demasiados. Remete tudo para a Economia. Ora, um P.R. tem de saber de Economia, mas tem de saber de muitas outras áreas; tem de ter um mínimo de formação humanista, como a de Soares (ou mesmo a de Alegre); tem de se pronunciar acerca de política externa; tem de mostrar que está a par da cena internacional; tem que ligar à cultura – e tem, acima de tudo, de cumprir com a Constituição. Cavaco insiste no crescimento económico, na cooperação estratégica, na mobilização, enfim, em todos os assuntos que dizem respeito a um Governo – Cavaco quer governar, mas não vai poder. Quer cooperar com o Governo, mas só, pelos vistos, se este se submeter à sua vontade. Quer dar um rumo ao país, mas desde que seja o seu. Quer iludir as pessoas com a sua estabilidade política, mas a estabilidade de que fala passa unicamente pela sua vontade. Quer que as pessoas recuperem a confiança nos partidos, mas demarca-se deles - Cavaco é um homem baralhado, que não sabe onde se arrumar politicamente: Ideologicamente, porque vive dividido entre ser de direita e ser Keynesiano/ Social-democrata. Partidariamente, porque quer dar a desonesta ideia de estar completamente destacado dos partidos, “acima deles”. Cavaco devia começar por se definir politicamente; depois, devia tentar entender qual a função de um PR (inútil ou não, não é a ele que lhe compete julgar). E aí, talvez, aprender a falar ao eleitorado. Guardar os gráficos para os alunos, escrever noutro jornal que não o “Diário Económico”, escrever outros livros que não biografias e impressões políticas, aprender a comunicar. Entender que a crise que Portugal atravessa é económica e social. Entender que é um tigre de papel, e que a sua aura de melhor economista de Portugal é tão precária como a de pai da democracia de Soares. Cavaco devia ser coerente, e não enganar as pessoas que acreditam que ele poderá salvar a crise económica – a única a que se apresenta para solucionar, porque da social desistiu antes de sequer tentar.
E devia ser humilde: não roubar o reconhecimento que Soares tem no estrangeiro, porque Soares não lhe rouba o mérito enquanto economista. E não ficar ofendido por ser um razoável economista, porque os grandes economistas contam-se pelos dedos das mãos. E Cavaco não está, seguramente, entre nenhum deles.
Finalmente, devia deixar a ideia messiânica de salvar Portugal. Porque “Portugal pode vencer” – mas não será seguramente graças a ele.

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