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Walk Tall, Jorge, Walk Tall

Há muito e pouco para dizer sobre Jorge Sampaio. Muito pelo que fez, pouco pelo seu género: discreto, tímido e humano. De bom senso.
Quando iniciou funções, eu tinha apenas 8 anos e pouco ligava a política (ou a qualquer assunto de relevo). À medida que fui ganhando mais consciência das coisas (ou prestando maior atenção) fui-me apercebendo que Jorge Sampaio é daquelas figuras impossíveis de gerar antipatia e de divergir completa ou totalmente. O ar emotivo e genuíno como sempre interveio, o discurso medido e comedido com que sempre comunicou, o tom fraternal e paternalista em que quase se expressou, fazem dele uma (também quase) antítese de Soares. Foi falando de Economia (dizendo coisas acertadas, de acordo com os peritos), intervindo aqui e ali (Timor é uma prova mais que suficiente de que Sampaio não foi, nem de perto, nem de longe, um presidente pouco interventivo) e mostrando pulso, quando necessário (a dissolução do Governo de Santana Lopes comprova-o). Para além disso, cultivou laços de fraternidade com outros Chefes de Estado (é conhecida a sua relação de amizade com o Rei Juan Carlos). Jorge Sampaio foi, de certa forma, um P.R. marcante, um indubitável marco na história politico-democrática portuguesa pós-25 de Abril. Tirando as medalhas e nomeações já para o fim do mandato, que suscitaram alguns comentários em tom jocoso, não há nada de grave (não que isto o seja) nem de muito mau que se lhe possa apontar. A Constituição prevê poderes limitados ao Presidente da República. Este tem duas hipóteses: ou cumpre com a Constituição, desempenhando o papel que esta lhe atribui, ou subverte-a, intervindo onde não pode. Sampaio escolheu claramente o primeiro caminho. De Cavaco, é esperar para ver...

Olha lá, pá, estou à espera! Quando apareces? É que, caso não tenhas reparado, só vais voltar a ter oportunidade de falar comigo pessoalmente...

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