Ninguém Quer Saber
Sócrates, o papá, continua o seu programa de “reformas” sem encontrar o mínimo obstáculo: Marques Mendes continua com a sua oposição incipiente, berrando aos microfones a sua indignação: reparo, aliás, que Marques Mendes tem vindo a sentir bastante, ultimamente: acha as propostas do governo desonestas, acha Sócrates conflituoso e que tudo isto lhe causa um grande mal-estar. Mas a verdade é que ninguém quer saber dele para nada: niguém à excepção dele próprio, que vai partilhando os seus sentimentos com a população que apenas lhe berra (de volta) acerca da data de abertura de um novo Centro de Saúde e coisas do género. Cavaco vai à Espanha distribuir equipamentos GPS, ou PDA, ou que raio ele (Ele) lá foi levar, e os nuestros hermanos nem uma coluna decente ou primeira página lhe dedicam – não querem saber de dele (Dele) nem de nós para nada; de Louçã nem um suspiro (já não quer saber), de Jerónimo a cassete do costume – de que já ninguém quer saber. Ribeiro e Castro desistiu – ou no caso de não ter desistido, assim o parece. Pelo menos, os noticiários também já não parecem querer saber dele para nada. Só os professores e um ou outro sindicato é que ainda se vão importando, mas a ministra também não parece querer saber deles para nada. Alberto João vem dizer semi-amedrontado que o pais é governado por loucos (e o tom em que o disse ainda me deu para rir uns minutos) mas, uma vez mais, ninguém quer saber: mandam-no para o fim do telejornal. Há um novo Nobel da Economia, mas... quem é que quer saber? Ninguém. A única coisa que ainda gera alguns soundbytes é as eleições brasileiras: mas Lula saiu-se bem e, aparentemente, já ninguém quer saber do Mensalão. E se ninguém quer saber de nada disto, eu também não.