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Número que irá dobrar com a despenalização, claro!

"Cerca de 350 mil portuguesas já terão feito um aborto"

"(...) Uma boa notícia é a de que a maior parte das mulheres inquiridas diz ter interrompido a gravidez apenas uma vez e quase dois terços afirmam tê-lo feito até às dez semanas de gestação. Isto significa que as mulheres "não têm a propensão para usar o aborto como método contraceptivo", resume Maria José Alves. "O primeiro aborto é quase sempre o último", corrobora Sakellerides..."


in Público

Vale a pena ler o artigo na íntegra...

O que me espanta é, perante a confrontação desses números e do facto de o aborto (ainda) ser ilegal em Portugal, as pessoas que são a favor do 'não' acharem que estão a defender a vida (sim, porque quem é a favor da despenalização é claramente contra ela) por teimarem com essa posição retrógrada, quando na verdade os abortos clandestinos são imensamente praticados e irão continuar a ser.
Deviam era fazer uma estatísitca sobre quantas mulheres a favor do 'sim' já abortaram e quantas a favor do 'não' é que fizeram o mesmo. Acho que os resultados iam ser surpreendentes (ou não).

eh pedrinho, tu ao menos especulas as estatísticas, dizes o que dirias se fossem especuladas...enfim, estive a pensar, o teu verdadeiro desejo devia ser poder ser o primeiro homem a abortar LEGALMENTE em Portugal

beijinhos

Não, zezinho, limito-me a brincar com um dos argumentos que os defensores do "não" (ou melhor, da vida) costumam utilizar como se fosse de peso; mas concordamos num ponto: a especulação vale muito pouco...ups...não podes concordar, porque assim sendo lá se iria esta arma de arremesso. Quanto à última parte do comment, prefiro manter-me em silêncio, e não usar dessa tua pose de aristocrata britânico que vive convencido que uma brejeirada aqui e ali não baixam o nível do debate... Se é assim que defendem a vida, o que faria se estivessem a defender a morte... Abençoados sejam!

Se te infomasses melhor, António, verias que é verdade. Não sei se o número dobra mas que aumenta, aumenta. "Cerca de..." parece-me a mim que também cais na especulação. Ah! e , já agora, arranja uma fonte mais credível que "o Público" para as tuas especulaçoes.

Mariana:
O que a mim me espanta é que uma colega de Direito pense dessa maneira... Os homicídios, roubos, o que quiseres, continuam a ser praticados... sempre foram e sempre o hão-de ser. Não é por isso que vão ser legalizados. Esse argumento cai por terra com esta constatação, n achas?
Sim. Somos a FAVOR DA VIDA. Nunca ninguém disse que os que optam pelo Sim são contra ela, atenção. Mais uma acusação absolutamente despropositada.
Acreditamos que o aborto é o sinal de uma chaga social e que a sua legalização é a solução mais pobre, desumana, errada, demissiva e pessimista que podíamos encontrar. Somos a favor da vida, sustentando, claro, que a vida começa no momento da concepção do feto e que há muito mais soluções para o problema real (e a que nenhum de nós fecha os olhos!) do aborto clandestino mas que passam por uma política de interajuda e melhoramento das instituições de apoio humanitário e não pela morte de outro ser.
Um conselho: Não entres em especulações. O teu último parágrafo é oco e sem sentido. Quem te diz a ti que isso é verdade? Parece-me é que os argumentos te começam a faltar...

Não, o argumento não cai por terra, porque não vejo os defensores do 'não' a estarem diariamente procupados com os homicídios e com as guerras, ou até com os abortos clandestinos que são constantemente praticados e insurgirem-se contra eles tão acérrimamente como fazem quando está na berlinda a questão das despenalização. E, na minha opinião, uma despenalização do aborto não acarreta consigo um consequente atentado à vida, portanto, não se pode pôr no mesmo pé de igualdade que um homicídio.
A mim também me revolta que sejam praticados tantos abortos em Portugal, ou noutro país qualquer e, apesar de se fazer uma aposta na informação das pessoas, tal número não tem dimínuido e, certamente, não vai diminuir nos próximos anos, quer o aborto seja legalizado ou não. Prefiro saber que as pessoas que já existem poderão fazer um em condições, se precisarem ou quiserem, do que ser humilhadas numa clínica qualquer sem condições. E também me admira que uma colega de Direito concorde com uma lei que leva a tribunal apenas as mulheres (quando, para gerar um filho, são precisas duas pessoas) para julgamentos ridículos dos quais não sai conclusão nenhuma, apenas a vergonha de ter o que devia ser um assunto particular de cada pessoa exposto numa sala de audiências.
Eu não sou a favor de que se façam abortos, mas sou a favor de que as pessoas tenham o direito de tomar essa decisão por elas próprias e não ser algo que a sociedade lhes impõe. Acho que não é um assunto em que eu tenha o direito de me meter, pois pertence à esfera pessoal de cada um. Com a vossa posição do 'não', estão a impôr o vosso ponto de vista e moral aos outros. Defender o 'sim' não significa ser a favor de se abortar indiscriminadamente, ou até pôr de parte outras formas prévias de prevenção.
Quanto ao meu último parágrafo, tem a ver com a pretensa pureza e castidade com que já ouvi e vi falar muita gente que defende o 'não', mas se depois fores a comparar a sua conduta com muitas das pessoas que defendem o 'sim', vês que se calhar as coisas são um bocado diferentes do que à primeira vista poderiam parecer. Eu defendo o 'sim' e não sei se alguma vez seria capaz de fazer um aborto, no entanto, há por aí várias pessoas que defendem o 'não' e que provavelmente já o terão feito, assim como meninos da Universidade Católica e afins que até aparecem em entrevistas a jornais a dizer tê-lo feito.

Cof... Cof..., hum.. hum... ou o que preferires, colega Leonor:

O título deste post é: "Número que irá dobrar com a despenalização, claro!". É claramente irónico, é um sarcasmo ou - uma vez mais - aquilo que preferires. O que vem a seguir (sim, logo a seguir ao título) é uma citação, um excerto de uma notícia do "Público" on-line de ontem: não é especulação minha. Se a tivesses consultado e lido até ao fim (antes de vires para aqui cheia de certezas, ou mesmo antes de fazeres recomendações sobre fontes credíveis), como aliás até recomendei, tinhas-me poupado a esta explicação e tinhas-te poupado a esta chamada de atenção.

Não posso deixar de achar curiosa (e interferindo no espaço de resposta da Mariana) essa tua assunção de que um jurista terá que negar o pragmatismo da questão. Caso não saibas, ou não tenhas reparado, as opiniões dividem-se, mesmo entre juristas (a nossa faculdade é um excelente exemplo). Como afirma, aliás, o meu professor de Teoria Geral do Direito Civil (que, por acaso, até se manifesta contra esta despenalização, mas cuja opinião é de louvar pela sua ponderação e razoabilidade) não basta que o não se manifeste contra, é necessário que encontre um conjunto de medidas complementares para combater o problema: porque sim, estamos perante um problema (e não uma chaga). Da mesma maneira que o sim se deve bater, caso seja maioritário e o referendo seja vinculativo, por um combate eficaz ao problema de fundo que passa, entre outras coisas, pelo que referiste.
Mas seguindo uma argumentação mais jurídica, podíamo-nos basear na omissão que existe actualmente na CRP quanto à distinção entre vida extra e intra-uterina. Não me parece que o legislador tenha deixado as coisas deste modo por acaso...
À luz da Constituição, o conceito de vida humana serve as duas posições, sendo que uma delas se baseia numa crença e outra em dados mais científicos/ sociológicos/ culturais, como a formação do sistema nervoso, etc. Tu queres crer que a vida começa na fecundação: és livre de o fazer e eu não tenho o direito (nem a capacidade) de te fazer crer o contrário. E vice-versa. O que não significa que eu passe necessariamente a ver a IVG como um instrumento (da mesma maneira que tu não o deverias ver quase como um assassinato que, aparentemente, até se justifica - fundando-me no silêncio do não em relação a esta matéria nos casos especificados taxativamente pela actual lei). Se há quem o faça, olha... como tu própria disseste, há quem continue a matar, mas a excepção (felizmente) não confirma a regra. Repito o que tenho ouvido: acredito que ainda há uma distância que nos separa dos chimpanzés.
Ademais, se pensares bem, não é aceitável fundar um ilícito penal numa crença, neste caso, de que a vida começa na fecundação. Estes fundam-se (ou dever-se-iam fundar) em dados palpáveis, não em crenças. A partir do momento (como já referi) que a CRP não distingue entre vida uterina e extra-uterina, podes argumentar como quiseres: juridicamente, a tua argumentação está longe de ser a única válida/ possível (já nem vale a pena falar da violação do Princípio da Igualdade que constitui a actual lei).
Mas há mais discussões jurídicas em relação a esta matéria, que a seu tempo tratarei de sistematizar e publicar aqui, dado o seu profundo interesse. Um conselho: não partas para o debate a achar que os que não estão no mesmo barco que tu são/ estão desprovidos de lucidez (ou de argumentos válidos): foi um bocado o que o teu último parágrafo deixou transparecer...

Talvez seja defeito de formação, mas situações onde se detectam já alguma sintomatologia de psicopotalogias são sempre cativantes. António e Mariana, estou verdadeiramente decepcionado com o vosso pouco amor à Palavra do Senhor. Deviam reflectir senão são psicóptadas, frios e desumanos. Claro que issoe exigia que tivessem coração. Ora vejamos:

"Os homicídios, roubos, o que quiseres, continuam a ser praticados... sempre foram e sempre o hão-de ser."

Reparem: "sempre o hão-de ser"! Devo antes de mais dizer que é um privilégio ler algo assim. Nunca havia pensado nisto e, portanto, sinto-me hoje mais informado, mais preparado para a vida e, até mesmo, para a prática clínica. Obrigado, Leonor! :-))

Posto isto, estão, desde já, desapontados com a minha participação porque, no fim de contas, ela não será imparcial. É que eu expressei a minha admiração pela poderosa retórica e inteligência da argumentação da Leonor... damn! Mas uma pessoa deve ser honesta, não é? Assim o diz o padre da minha rua - sim, o do BMW.

Depois, queria também expressar a minha admiração pela viva e sentida frase "somos a FAVOR DA VIDA". Sim, porque eu concordo que há mais vida num pequeno embrião de duas polegadas do que numa mulher. Não há mesma, percebem? Só um psicópata poderia sugerir isso... Aliás, qualquer pessoa que tenha sexo, sejamos honestos, é porque não tem propriamente uma vida. Por exemplo, eu não troco uma reunião do meu grupo católico por uma noitada de sexo como seguramente fazem aqueles que são a favor do sim no referendo. Uns porcos.

Alguns acharão que a minha mensagem é oca e sem sentido. E até serão sarcásticos e dirão que não é só a mensagem. Agora, quantos de vós sendo a favor da prevenção acompanharam situações reais? Quantos de vós deram uma palavra amiga, cristã e crente, a uma pessoa que pensava gazer um aborto? É que obviamente todos nós que dizemos "somos a favor da vida" temos, antes de mais, razão porque estamos diariamente no terreno a pôr na prática o que defendemos: mais prevenção, mais informação, mais responsabilidade. Aliás, para que mais servem as missas de domingo? Devo-te ter calado com esta, António, não?

Tenho pena de vós. Só vos digo: fitem o exemplo da Leonor. Força, Leonor!

Pedro

Nenhuma (ou antes, quase, o que pode fazer diferença) mulher pensa directamente em utilizar o aborto como método contraceptivo... Pode, isso sim, dar menos importância à obrigatoriedade do preservativo ou pílula por saber q tem uma alternativa, caso estes não resultem.

(incompleto, acabo mais tarde) :)

Só concordo com o Pedro na parte do "estão, desde já, desapontados com a minha participação" e "a minha mensagem é oca e sem sentido".

João, enfim, seria difícil não concordar. No entanto, não o censuro. Hoje em dia, comaça a ser normal (qualquer dia aceitável) que o país pense assim...

Acho que na última exclamação também se esmerou e nem esteve mal. Mas o melhor ficou para o fim, na parte em que assinou o nome, também revelou um vivo foco de lucidez.

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