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Sobre o Massacre de Virginia Tech

© Kevin Lamarque/Reuters

Se há alguma conclusão preocupante a tirar deste massacre, é esta: os americanos são um povo (e perdoem-me o estereótipo) com uma assustadora falta de bom senso. Basta assistir a um telejornal americano (ou a vários compactos informativos), ouvir e ler os comentários dos espectadores, que ficamos imediatamente a pensar: como é que ainda aconteceram dois massacres (na verdade já aconteceram bem mais – cerca de 15 – só que não foram em escolas/ universidades) nos EUA?

Como não sou sociólogo, psicólogo nem psiquiatra, a minha maneira de ver o assunto pode estar a km da realidade. Pessoalmente, prefiro centrar o assunto no conflito de valores liberdade individual/segurança. Ontem ouvi um sr. Chamado Ralph Larkin, autor de um livro intitulado “Comprehending Columbine” dizer que é urgente “olhar para a forma como os americanos marginalizam as comunidades estrangeiras”. Compreendo. É urgente. Mas em boa verdade, a família de Cho Seung-Hui emigrou para os EUA em 92; a irmã mais velha licenciou-se em Princeton; e os pais são donos de uma loja de produtos de limpeza, vivendo numa pacata moradia em Centreville, VA. Não me parece ser este o perfil do emigrante marginalizado. Na minha opinião, estamos a falar de alguém que, única e exclusivamente, sofria sérias perturbações mentais (lembremo-nos das suas peças de teatro mórbidas ou das duas tentativas de violação de que já fora acusado), e que conseguiu concretizar este delírio, quase que tão só, graças à facilidade com que se obtêm armas em alguns Estados dos EUA (muitas vezes sem licença). Numa sociedade obcecada com padrões morais, estranha-me a dificuldade que esta tem em dar um passo em frente no sentido de proibir armas, refugiando-se no argumento da “segurança” e das “liberdades individuais”. É este debate que, a meu ver, é urgente ter. Na minha Universidade, não é normal andarmos armados. Se alguém andasse, seria sempre alvo de múltiplas desconfianças. O que dizer quando sabemos que nos campus da Universidade de Virgínia Tech muitos estudantes guardam armas no quarto?

De resto, as estatísticas comprovam que o livre porte de armas nos EUA tem causado mais mortes do que as que tem prevenido (a única boa razão que existe, provavelmente, para guardar uma em casa). Uma vez mais, parece-me uma questão de bom senso legislar contra “armas à discrição”, depois de ponderarmos sobre os números. Parece-me, pelo menos, que se a lei não fosse, numa primeira fase, válida, seria eficaz - e seria essa eficácia que a tornaria válida a longo prazo...

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