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Aulas Obrigatórias, a melhor solução?

Esclareço desde já que não sou daqueles acérrimos opositores ao Plano de Bolonha. Facto este que se deve aos meus parcos conhecimentos sobre tema, que se cingem ao que tenho lido e à minha própria experiência até ao momento.

No entanto, há algo, que não é, aliás, exclusivo deste novo regime, mas tem sido com ele exagerado, a que me oponho veementemente. Refiro-me à obrigatoriedade de presença nas aulas.

Salvo raras excepções (como algumas cadeiras de cursos como Medicina, que facultem, por exemplo, prática médica e cuja não comparência nas aulas possa ser comprometedora), esta medida parece-me quase sempre contra-producente.

É usual a não presença nas aulas comprometer o benefício da chamada “avaliação contínua”, que é, em termos gerais, um regime que permite fazer parte da avaliação (ou toda), normalmente feita por exame, ao longo do semestre, através de testes ou trabalhos.

Primeiramente, há três premissas que me parecem suficientes para evidenciar a falta de lógica desta medida. São elas o carácter não obrigatório deste ensino, a maioridade de quem o frequenta e, “at last but not at least”, o facto de se pagar por ele. Qual é a lógica paternalista subjacente ao facto de se obrigar a frequentar aulas alguém maior de idade, a frequentar um ensino voluntariamente e pelo qual, além disso, está a pagar?

Mas não é tudo. Este regime contribui para a perpetuação dos maus professores na cátedra. Basta simplesmente instituir esta prática e rapidamente uma cadeira dada por um mau professor passa a ter as salas milagrosamente cheias. Não digo isto por especulação ou teoria, tenho-o sentido na pele. É revoltante ver professores medíocres beneficiarem deste sistema, sem terem o mínimo estímulo para melhorarem.

Para além disso, e corrijam-me se estiver errado, o livro destaca-se (e foi aliás inventado por isso) como um meio de transmissão de conhecimentos. Ora, se o aluno não considera o professor um melhor meio (mesmo que complementar) para o fazer que a bibliografia que detém, porque é obrigado a utilizar o primeiro? Claro que se o seu julgamento estiver errado (ou não estudar o suficiente), chumbará. Mas é essa mesma a lógica do sistema, e não me parece que as medidas adoptadas contribuam para a resolução deste problema.

Um aluno nestas condições tem todo o direito, sejamos claros, de não ir ás aulas. A escola (ou Universidade) já não tem carácter educativo (no verdadeiro sentido do termo), o aluno já tem capacidade para estudar sozinho (ser auto-didacta) e é livre de ter actividades extra-curriculares. Pegando neste último ponto, convém realçar o facto de estas estarem seriamente comprometidas por este novo regime, o que não me parece nada positivo)

Esta questão não é mais, quanto a mim, que a ponta do iceberg que é o modo de pensar o Ensino em Portugal, considerando o aluno como a “fonte de todos os males”.

Se o(s) Governo(s) se dedicasse(m), por exemplo, a melhorar a qualidade dos docentes em vez de obrigar os alunos a irem às aulas, parece-me a mim, haveria resultados bastante melhores. A lógica subjacente a tudo isto é algo do género: “Se não compram este produto, obrigamo-los, ao invés de melhorarmos a sua qualidade”.

Concordo com o que disseste, embora me faça um pouco de impressão que tanta gente acabe por tirar um curso superior sem nunca por os pés nas aulas. Assim parece que estão a tirar o curso por correspondência, ou algo do género... é como se eu agora fosse espreitar à net qual é a bibliografia necessária para as cadeiras de Economia, por exemplo, lesse os livros por mim em casa e aparecesse lá no dia do exame. Isso para mim não é ser aluno, mas também não é obrigando as pessoas a comparecer que se vai resolver o problema (também porque os alunos arranjam sempre esquemas para se escapar ao controlo das faltas e em cursos de 300 e tal pessoas por ano como o meu, então seria impossível de registar isso).

Para além do mais, em quase todas as faculdades seria impossível que todos os alunos inscritos nas cadeiras pudessem ir ás aulas, precisamente por não haver cadeiras (aqui entendendo a palavra como objecto eheh) para todos. Se já assim temos algumas salas a abarrotar e pessoas sentadas no chão!

Quanto aos professores medíocres poderem não se aperceber que o são por terem as salas cheias, acho que não é bem assim... porque já tive professores medíocres que têm uns 10 alunos a assistir ás suas aulas e isso não lhes parece fazer muita diferença, nem os leva a repensar o seu método de ensino.

queixas-te muito mas nunca te vejo na faculdade :)

Mentira!

Eis como um qualquer papalvo pode retirar a credibilidade a um post de qualidade!

:P

Se fosses às aulas, sabias que nós avaliamos os profs no fim de cada semestre :D. Ninguém beneficia por isso do "sistema". Discordo sim é da carga horaria, Bolonha implica é mais trabalho de casa e menos aulas e o numero destas nao foi mto reduzido. Aliás, as novas faculdades a ser construidas por toda a europa não têm sequer salas, apenas "corredores" grandes com mesas para os profs darem umas linhas orientadoras e, volta e meia, fazer o ponto de situação dos trabalhos com os alunos.
Mesmo que Bolonha não esteja a ser implantada como deveria, é preciso ver que no regime anterior 80% dos alunos (em coimbra ou no pais, já nao sei) não punha os pés nas aulas, ou seja, muito do que saiu depois para o mercado limitou-se a "decorar o manual". Essa era uma das principais criticas à universidade portuguesa (a de Coimbra, principalmente). Infelizmente, a "lógica paternalista" de que falas é necessaria, uma maior aproximação dos profs aos alunos. Mas tens razão, este preço das propinas numa sistema "tendencialmente gratuito" torna um ensino num produto. Se assim o é, temos todo o direito de não ir às aulas.

"Se fosses às aulas, sabias que nós avaliamos os profs no fim de cada semestre "

1. Provavelmente vou a mais que tu! ;)

2. Sei bem que isso existe, e sei também como funciona. Lembras-te de alguma mudança nos últimos 3 anos que possa estar, ainda que remotamente, ligada a essa "espécie de inquérito"?

"(...)limitou-se a "decorar o manual". Essa era uma das principais criticas à universidade portuguesa (a de Coimbra, principalmente)."

Meu amigo, digo-te por experiência própria, que não é por irem às aulas que a coisa vai mudar. A nossa faculdade é tão teórica, que adquirir conhecimentos nas aulas é completamente equivalente a fazê-lo através dos livros (salvo raríssimas, e muito honradas, excepções)!

Discordo. Mas também o meu curso é exemplar na aplicação de Bolonha e tem boa avaliaçao dos profs em geral, pimbas que já almoçaste :D
Pelo menos, este semestre tenho 3 exames (das 5 disciplinas), cujas cotações variam entre os 5 e os 15 valores, passo mais tempo no computador que nos livros.

(mas realmente esse ponto 2 foi mto bem visto)

Não digo que na prática não é como tu o dizes, mas o problema é que não o deveria, mesmo, ser. E cursos como economia ou direito, que têm um sem fim de vagas são os que parecem não ter sido muito abolonhados, precisamente por causa da dimensão que complica a coisa.

E o que é que aconteceu ao "Mestre"?

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