Ai q filosófica q eu tou;)
O que é uma pessoa? O que representa na sociedade? Que papel tem? O que traduz com a sua maneira de olhar, sentir, dizer?
Quando passamos por uma pessoa vemos um corpo, com um conjunto de roupas, uma figura, uma imagem. Porque é que não vemos uma alma, um conjunto de sentimentos, uma experiência e um grupo relacional? É óbvio que é muito difícil fazê-lo com os milhares de pessoas com as quais nos cruzamos diariamente, mas, que tal experimentar observar alguém para além da sua imagem… é uma experiência tão interessante. Hoje, a uma mesa de café, deparei-me com uma situação divertidíssima: estávamos nós, em grandes discussões quando entra uma pessoa que se senta, e, sozinha, bebe o seu café. Enquanto o fazia, observava, atenta e fascinada, tudo o que era dito. Mesmo quando não era com o olhar, percebia-se claramente que os seus ouvidos estavam abertíssimos a escutar cada pequena palavra. A certa altura, pura e simplesmente ignorei o que se estava a falar e fixei-me naquela figura que, por sua vez, estava totalmente compenetrada na nossa conversa, apesar de não fazer parte dela. Então fiz uma coisa que, segundo alguém que conheço, faz extremamente bem: a partir daquela figura, da sua solidão e da sua concentração numa conversa que lhe era estranha, imaginei uma história, tipo novela, acerca do percurso dessa personagem desde a sua infância… com esta invenção tentei explicar o interesse dela no grupo que estava noutra mesa, tentei criar uma teoria que explicasse a razão da sua solidão naquela mesa de café, fiz um esforço para perceber porque é que aquele olhar era tão invasivo e, ao mesmo tempo, tão divertido, tentei entender o motivo da roupa que usava, do corte de cabelo, da carteira, do café… Em suma, tentei desvendar o mistério que aquela pessoa encerrava. É óbvio que a única certeza a que cheguei foi a de que tudo o que imaginei não coincidia minimamente com a realidade, mas fiquei filosoficamente contente porque aprendi, com este pequeno exercício que cada pessoa tem um mistério, um tesouro mais ou menos rico que vale a pena ser desvendado e que a torna em alguém exclusivo! Se certos “chefes” com forte poder de decisão experimentassem este exercício e percebessem que por detrás de simples e insignificantes imagens há histórias únicas, talvez não houvesse tanta falta de humanidade e de respeito pelo que somos. Que utopia a minha! |