Inteligência Artificial
Sou fascinado pela robótica. Aliás arrependo-me amargamente de não ter ido este ano à exposição que houve no Pólo II acerca desta matéria, e do que mais avançado há neste campo...Juro que sinto uma profunda admiração pela quantidade de engenheiros que se envolvem nestes projectos (ok, deviam estar a inventar máquinas para ajudarem cegos a atravessarem a rua ou a andarem no hospital, mas whatever), até porque estes são normalmente dispendiosos e consomem-lhes horas e horas de trabalho e cérebro.
Sei pouco acerca deste assunto, mas vi um documentário daqueles que repetem 200 vezes por semana no Discovery Channel, que apesar de desactualizado nos oferece uma perspectiva bastante ampla sobre a forma como os robots mais mediáticos (um pouco retrógrados, por enquanto) são programados. E não deixa de ser brilhante.
O Qrio da Sony deixa-nos simplesmente boquiabertos. Apesar de ser bastante limitado, aproxima-se em muito do tipo de robot que nos impingiram em filmes como o "I, Robot" (sobre estes falarei mais tarde). Anda, em marcha lenta ou mais rápida, sobe escadas, consegue levantar-se após uma queda, reconhece pessoas _sobre as quais guarda memórias_ e...fala. Mas não fala uma gravação do género "Estou aqui para o servir".... Mantém conversas que apesar de também serem ainda pouco desenvolvidas mostram que grandes progressos estão a ser feitos nesta área. O dito documentário do Discovery Channel é anterior ao lançamento deste robot, e ainda não fala neste; porém, no site da Sony há uma página dedicada ao humanóide ( aqui) em que se pode consultar informação relativa a este, ver vídeos de demonstrações, conhecer detalhes, etc.
Sei que também outras empresas de tecnologia lançaram recentemente robots; uma delas é a Honda, que se adiantou à Sony com o seu Asimo, que apesar de mais limitado é também uma obra-prima da tecnologia. Quer dizer, supomos que sim. Porque qualquer pessoa normal pensará: "Grande coisa, andar ou dançar"...; realmente espanta-nos como é que actualmente ainda não há um verdadeiro humanóide que se aproxime muito de um humano...eu penso que basta atentar no seguinte: se o corpo e o cérebro humano _e obviamente, todas as suas potencialidades e defeitos_ ainda não foram totalmente explorados, ou seja, se ainda não há um conhecimento absoluto deste, como é que se pode exigir que se produza um ser igual a outro que se desconhece? É por isso que respeito e admiro todos os passos que são dados neste campo...por apesar de não perceber nada das técnicas ou as formas de investigação patentes a este domínio estar consciente que as dificuldade são uma realidade com a qual nos vamos ter de confrontar durante largos anos.
Voltando aos modelos já produzidos, gostaria só de falar também do trabalho da Toyota nesta área. No tal documentário mostraram um que tocava trompete e órgão. Num site que descobri mostraram outros com outras potencialidades: desde um DJ até uma cadeira de pernas, outra função muito desejada: a de ajudar na área da saúde. É que as capacidades destes brinquedos são tão ilimitadas que nem se sabe ao certo onde acabarão.
Quanto aos filmes mais recentes que tratam, de um modo geral, este assunto, queria apenas falar de dois que me surpreenderam bastante pela positiva, pelo universo credível que figura em cada um deles. Em "Inteligência Artificial" é abordada uma perspectiva pouco pensada (penso eu) por alguém; a substituição (se é que é possível) de uma criança perdida por um casal por um robot. Na minha opinião, a barreira homem/máquina esbate-se completamente neste filme. É precisamente essa a arma que Spielberg utilizou: a de criar robots que fossem tão semelhantes a humanos que provocassem na audiência um sentimento de pena por serem alvos de maus-tratos. Quem não viu o filme perguntar-se-á como é que isto é possível: apenas digo que os supostos humanóides estão mesmo reais, ou melhor...mesmo artificiais. Ou seja, sabemos que são actores mas parecem estupidamente máquinas. O engenho com que a caracterização os faz parecerem máquinas merecer ser aplaudido (truques como não pestanejar, por exemplo), bem como toda a minuciosidade nas cidades, casas e carros que integram o mundo futurista em que a acção decorre.
Por outro lado, o "I, Robot" já nos fala de algo que nem sequer imaginamos; se temos revoltas de máquinas em "Matrix", aqui estas revoltas adquirem um significado totalmente diferente. Ou seja, são os próprios robots que se desenvolvem sozinhos, ganhando eles próprios consciência. Isto parece demasiado fantasioso, mas integrado no contexto do filme não parece assim tanto. Mesmo assim, engenheiros de robótica não poupam críticas ao filme; consideram o filme extremamente exagerado (até aqui tudo bem), mas acham que o que de facto está mal no filme é o medo que incute às pessoas, deitando por água abaixo o esforço de divulgação de um robot simpático e inofensivo (que é o que normalmente nos é dado a conhecer e o que normalmente se cria). Eu concordo em muito com isto, até porque o ano dos acontecimentos (2035) é demasiado próximo para que até lá tecnologia deste tipo possa ser criada. Contudo, não deixa de ser um filme brilhante (já disse, eu gosto de Blockbusters...ou melhor...gosto de todo o cinema), pelo universo futurista credível que uma vez mais nos foi dado a conhecer, desta vez por Will Smith, actor que está no seu meio (acção/filmes de pouca história).
Para não me alongar muito mais, sugiro só uma breve reflexão: acham que a curto/médio prazo teremos humanóides próximos de nós e acessíveis a todos? Acham que algum dia poderão constituir perigo para nós? Quais é que serão as suas principais utilizações? Serão realmente úteis? Menosprezarão o trabalho humano, constituindo uma ameaça para os trabalhadores?
A minha resposta a todas estas perguntas é só uma: sim, serão. Teremos humanóides próximos de nós a curto prazo e a baixo custo...não propriamente a tecnologia de ponta que esperávamos, mas algo bem avançado. Constituirão obviamente um perigo para nós nas mãos erradas (os E.U.A. já detêm um protótipo de uma máquina de exploração de superfícies áridas, capaz de se defender, e que será utilizada já no Iraque); as suas principais utilizações serão numa primeira fase lúdicas, e a posteriori no nosso quotidiano, a picar bilhetes e a servir pipocas, na limpeza de ruas, agentes de trânsito, etc...O trabalho humano passará a ser cada vez mais inútil (já durante as Revoluções Agrícolas fenómenos idênticos aconteceram, e em grande escala), e essa inutilidade (e simultaneamente um grande sentimento de impotência) será, a meu ver, a grande ameaça das máquinas à humanidade....não robots que nos aprisionam em casa e tentam dominar o mundo...porque isso só acontece mesmo nos filmes de ficção cientifica de grande orçamento...
Quem estiver interessado, pode ainda obter informação sobre os robots de que falei (e sobre mais) neste site:
Respondendo às tuas questões:
- a curto/médio prazo teremos humanóides próximos de nós e acessíveis a todos?
RECEIO que sim, é quase inevitável, já que o homem gosta muito de se armar em Deus...(não que esse desejo de criar seja mau, mas nas mãos erradas pode tornar-se terrivel.)
- Acham que algum dia poderão constituir perigo para nós?
Acho que não, a não ser que sejam controlados por homens "perigosos", pois aquilo que nos torna, a nós homens, perigosos é a "alma" (ou como lhe queiram chamar) e isso não é possivel criar em nenhuma máquina.
- Quais é que serão as suas principais utilizações?
Uso quotidiano, saúde, etc...o que é bom... Mas também uso militar (bastante perigoso, por sinal.
- Serão realmente úteis?
Não sei até que ponto... Mas talvez venham fazer o papel de "escravos", sem a necessidade de explorarmos a mão de obra humana.
- Menosprezarão o trabalho humano, constituindo uma ameaça para os trabalhadores?
Isso é inevitável. E muito mau mesmo, a não ser que se criem novas profissões ligadas à criação destes mesmos robots. mas para isso é necessária uma aposta na formação dos jovens nestas áreas e uma total extinção do abandono escolar... Assunto esse que dá pano para mangas e não vale a pena estar a discutir agora.
Em suma, este assunto não é dos meus preferidos e, sinceramente, não acredito que estas questões se venham a colocar num futuro assim tão próximo. Contudo, é bom pensarmos no assunto e medir bem as possiveis consequências do progresso na criação de humanóides.
(Desculpa lá o tamanho do comentário:P)
Posted by Alice | 16/5/05 4:29 da tarde