Sócrates, Marques Mendes e a Oposição
Independentemente de gostarem ou não de Sócrates/ Marques Mendes (devo dizer em abono da verdade que não nutro grande simpatia por nenhum deles) devem reconhecer que já não há paciência para a oposição absolutamente demagógica que a bancada do PSD, encabeçada por Marques Mendes, faz ao governo. Não há nenhuma linha de fundo, nenhuma estratégia definida: basta que o governo anuncie uma medida e sabemos que 5mn depois haverá uma notícia de “indignação” ou “reprovação” por parte da bancada do PSD. Não há paciência. Seja um referendo, um encerramento de urgências, um projecto de obras públicas, uma declaração, o que quer que seja, sabemos logo o que se vai seguir.
Ora, isto é grave. Todos sabemos que é o centrão - que tanto pende para o PS como para o PSD – que decide o resultado de qualquer eleição: não conseguindo a oposição captar votos, temos um cheque em branco passado ao governo, que, aliás, sabe bem deste falhanço, que parece ter vindo para ficar. A adicionar a este facto, podemos acrescentar um primeiro-ministro que sabe controlar os media e a opinião pública como ninguém. Uma das grandes diferenças entre Sócrates e Guterres (e Santana) é precisamente essa: o timing. Fala-se o que é indispensável, o resto guarda-se. Por incrível que pareça, as pessoas gostam deste autismo: transmite um perfil tecnicista que inspira nas pessoas uma imagem de segurança, de “alguém que sabe o que está a fazer”...
... Que nem sempre corresponde à realidade. Alguns problemas de fundo continuam por resolver: uma classe empresarial sem medo de investir que não existe; um sistema de segurança social comprometido a longo prazo; um Estado gordo que não promete emagrecer. Não deveriam ser estas as bandeiras da oposição? Não deveriam ser estes os problemas a trazer para a berra?
Com a bênção da população, o governo de Sócrates prepara-se para investir milhões de Euros num novo aeroporto e numa linha de TGV: atenção, não estou a discordar destes projectos. Apenas gostava de saber mais sobre eles. E quem melhor para iniciar o debate que a própria oposição? Mas isto não acontece. Como já disse em cima, parece-me que esta está demasiado preocupada em “contestar por contestar” tudo o que está na agenda do governo. Sem reparar que, pela porta de trás, sai eleitorado desapontado com opções políticas que passam por apoiar os delírios de Alberto João Jardim e os erros estratégicos de Carmona.
Parece-me que o partido que mais ganha com esta ineficácia/ ineficiência da oposição centrona é o Bloco de Esquerda. O CDS e o PCP estão, a meu ver comprometidos: o primeiro por ser representado por um líder bacoco e pelo seu conservadorismo bafiento; o segundo pela sua incapacidade de se modernizar ideológica e estruturalmente. O Bloco surge como o único partido que efectivamente faz oposição ao Governo, com uma imagem moderna e apelativa (Louçã parece falar com guião). Mas só as legislativas de 2009 poderão confirmar as minhas suspeitas...
Ora, isto é grave. Todos sabemos que é o centrão - que tanto pende para o PS como para o PSD – que decide o resultado de qualquer eleição: não conseguindo a oposição captar votos, temos um cheque em branco passado ao governo, que, aliás, sabe bem deste falhanço, que parece ter vindo para ficar. A adicionar a este facto, podemos acrescentar um primeiro-ministro que sabe controlar os media e a opinião pública como ninguém. Uma das grandes diferenças entre Sócrates e Guterres (e Santana) é precisamente essa: o timing. Fala-se o que é indispensável, o resto guarda-se. Por incrível que pareça, as pessoas gostam deste autismo: transmite um perfil tecnicista que inspira nas pessoas uma imagem de segurança, de “alguém que sabe o que está a fazer”...
... Que nem sempre corresponde à realidade. Alguns problemas de fundo continuam por resolver: uma classe empresarial sem medo de investir que não existe; um sistema de segurança social comprometido a longo prazo; um Estado gordo que não promete emagrecer. Não deveriam ser estas as bandeiras da oposição? Não deveriam ser estes os problemas a trazer para a berra?
Com a bênção da população, o governo de Sócrates prepara-se para investir milhões de Euros num novo aeroporto e numa linha de TGV: atenção, não estou a discordar destes projectos. Apenas gostava de saber mais sobre eles. E quem melhor para iniciar o debate que a própria oposição? Mas isto não acontece. Como já disse em cima, parece-me que esta está demasiado preocupada em “contestar por contestar” tudo o que está na agenda do governo. Sem reparar que, pela porta de trás, sai eleitorado desapontado com opções políticas que passam por apoiar os delírios de Alberto João Jardim e os erros estratégicos de Carmona.
Parece-me que o partido que mais ganha com esta ineficácia/ ineficiência da oposição centrona é o Bloco de Esquerda. O CDS e o PCP estão, a meu ver comprometidos: o primeiro por ser representado por um líder bacoco e pelo seu conservadorismo bafiento; o segundo pela sua incapacidade de se modernizar ideológica e estruturalmente. O Bloco surge como o único partido que efectivamente faz oposição ao Governo, com uma imagem moderna e apelativa (Louçã parece falar com guião). Mas só as legislativas de 2009 poderão confirmar as minhas suspeitas...