João Paulo II
Após a tão acompanhada morte do Papa João Paulo II todos relevam as suas qualidades e até já se fala em canonização. De facto, foi um homem que fez tudo pela união entre as diferentes religiões, que fez questão de cumprir a sua função até ao fim, que viajou por meio mundo para marcar presença em todos os povos, que teve a coragem de pedir perdão pelos imperdoáveis erros da igreja ao longo dos séculos, etc, etc, etc. Podia fazer um texto só a enumerar as suas boas acções e a sua importância para o mundo. Contudo, há um aspecto que temos de ter em conta, aquele Papa foi tudo menos um homem do seu tempo e sobretudo, não adoptou uma conduta que o destaque dos demais Papas.
Parece, mesmo, que toda a gente se esqueceu de que este Papa tomou atitudes extremamente retrógradas como a oposição à utilização de métodos contraceptivos (Deus quer que o Homem se reproduza e este não pode interferir com o seu plano, impedindo gravidezes (?) não interessa o sexo como meio de prazer, apenas como meio de reprodução (?) e as doenças sexualmente transmissíveis são o quê?), a oposição ao divórcio (vivam as aparências e os casais infelizes), a manifestação contra a ordenação de mulheres e a inferiorização do papel do sexo feminino na igreja católica, etc.
Não estou com isto a desvalorizar o desempenho de Karol Wojtyla enquanto chefe da igreja católica, pelo contrário, teve um papel muito importante nos principais acontecimentos dos últimos 26 anos, apenas quero lembrar que a canonização me parece exagerada e que a igreja está a precisar URGENTEMENTE de um líder com ideias mais actuais que lhe dê uma reviravolta, para que não perca cada vez mais adeptos.
Mesmo para os não-católicos como eu, estes assuntos são importantes, pois acreditemos ou não na religião, esta é um dos elementos de maior relevo da cultura ocidental, logo, interessa-nos a todos.
Por fim, um pequeno reparo para os MEDIA: o falecimento do Papa e a aproximação do Conclave não devem ser acompanhados do mesmo modo que uma competição desportiva.
Vá lá, Alice, o que é que o senhor Brown te andou a dizer desta vez?
Dão doces (literários) às criancinhas...!
*Brincking
Posted by António Pedro | 5/4/05 1:07 da manhã
Alice
Estou de acordo contigo. Deves juntar a complacência perante os casos de pedofilia no seio da Igreja (em particular nos Estados Unidos), a imposição da castidade (!) como único meio de luta contra as doenças sexualmente transmissíveis, a atribuição à Opus Dei do estatuto de prelato autónomo e a canonização do seu fundador (Escrivá de Balaguer), etc.
Sob João Paulo II, a Igreja retrocedeu em relação ao Concílio Vaticano II, tentou defender a sua perenidade através do reforço dos dogmas num mundo cada vez mais complexo e volátil. Deixa uma herança pesada ao seu sucessor que deve fazer uma bela acrobacia entre a eternidade, a mudança e a organização da instituição católica.
Posted by Anónimo | 5/4/05 4:48 da tarde
Quanto à questão da pedofilia não sei se será totalmente verdade... Ainda ontem ouvi num documentário sobre a vida de João Paulo II (um dos raros que podemos ver:P) que foi ele que anulou uma lei do vaticano totalmente surreal. Uma lei que proibia a divulgação dos casos de pedofilia ou violações praticados por membros do clero, quer por testemunhas, quer pelas próprias vítimas. A pena de quem se recusasse a silenciar estas monstruosidades seria a excomunhão (mesmo para as vítimas)!
É por isso que não me pronuncio sobre as posição do Papa a este respeito.
Posted by Alice | 5/4/05 5:25 da tarde
eu até queria comentar isto, mas a malta tem aqui (quase) a mesma opinião q eu, pelo que seria irrelevante estar aqui a repetir-vos.
Arranjem-me uns dias e eu venho para aqui desestabilizar esta conversa (perdoem-me, mas eu gosto genuinamente de ser de contra).
Até lá
Posted by Alexandre Carvalho | 10/4/05 2:25 da manhã