Um desafio...
Ora bem , vou-me lançar aqui num assunto "exigente".
Porque é que se é católico?
Muitos de vocês pensarão que acreditar em Deus é uma muleta, uma fuga. Ou então é não contestar ou questionar o que nos é ensinado quando somos pequeninos. Ou ainda que é só para alguns, que têm uns momentos, umas inspirações, sentem uma presença...
Bem, venho esclarecer alguns destes erros... não sou "a detentora da verdade absoluta", mas enquanto católica falo sobre coisas que, lamento, quem não o é não pode saber.
Vivemos num país maioritariamente católico. Muitos de nós contactam com isso desde muito pequenos e, por isso, ser católico começa por ser algo que nos ensinam, e não uma decisão pessoal e racional. Algures na vida, chega inevitavelmente a fase das dúvidas, das questões... é mais que comum haver um afastamento, um desinteresse... "Deixou de se acreditar"!
Pois é, acontece que ter fé não cai do céu. Implica uma vontade, uma procura, um compromisso. É um caminho que escolhemos percorrer.
A partir desse momento é uma forma de vida! Há sempre mais para aprender, mais para dar, mais para crescer, mais para servir. E tudo isto se aplica no mundo real, não é uma coisa que guardo só para mim... muda-me nas minhas relações com os outros, abre-me os olhos para o essencial e para o bom de cada coisa.
Claro que há fases de distância e de questões e de falta de sentido... e há destas fases a vida inteira, independentemente da "solidez" da nossa fé! E aqui entra o compromisso: não se desiste e não se vira as costas só porque hoje "não se está para aí virado". Além disso, sei que é isto e é Ele que faz de mim uma pessoa melhor...
Quanto a ser "muleta"... naaah, é para as coisas más assim como é para as coisas boas=)
Porque é que se é católico?
Muitos de vocês pensarão que acreditar em Deus é uma muleta, uma fuga. Ou então é não contestar ou questionar o que nos é ensinado quando somos pequeninos. Ou ainda que é só para alguns, que têm uns momentos, umas inspirações, sentem uma presença...
Bem, venho esclarecer alguns destes erros... não sou "a detentora da verdade absoluta", mas enquanto católica falo sobre coisas que, lamento, quem não o é não pode saber.
Vivemos num país maioritariamente católico. Muitos de nós contactam com isso desde muito pequenos e, por isso, ser católico começa por ser algo que nos ensinam, e não uma decisão pessoal e racional. Algures na vida, chega inevitavelmente a fase das dúvidas, das questões... é mais que comum haver um afastamento, um desinteresse... "Deixou de se acreditar"!
Pois é, acontece que ter fé não cai do céu. Implica uma vontade, uma procura, um compromisso. É um caminho que escolhemos percorrer.
A partir desse momento é uma forma de vida! Há sempre mais para aprender, mais para dar, mais para crescer, mais para servir. E tudo isto se aplica no mundo real, não é uma coisa que guardo só para mim... muda-me nas minhas relações com os outros, abre-me os olhos para o essencial e para o bom de cada coisa.
Claro que há fases de distância e de questões e de falta de sentido... e há destas fases a vida inteira, independentemente da "solidez" da nossa fé! E aqui entra o compromisso: não se desiste e não se vira as costas só porque hoje "não se está para aí virado". Além disso, sei que é isto e é Ele que faz de mim uma pessoa melhor...
Quanto a ser "muleta"... naaah, é para as coisas más assim como é para as coisas boas=)
Lilies !!! :D
Eu ia deixar aqui um comentário, mas tenho um esboço para um post que vou escrever "em breve", tambem acerca da religião... O que é certo, é que este texto respondeu a muitas perguntas que eu ia deixar pendentes.
Muito bom o post...hmmm... 19,4 (pa chatear)! ;)
Posted by Passepartout | 11/1/06 7:40 da tarde
Gostei!
Com a religião passa-se um fenómeno parecido com o que acontece com a cultura. Não é para todos. Decresce a olhos vistos, é coisa para cada vez menos gente.
Porque a religião é incómoda, dá trabalho, e não está ao alcance de qualquer inteligência...a partir do momento em que se começa a questionar.
Sim, sim!
A partir do momento em que se abandona a religiosidade primitiva e começam os porquês (e até aí tudo bem) é preciso mta ginástica mental para lá chegar...
Contrariamente ao que por aí se afirma, a “ideia de religião” é coisa de afectos mas também de muita massa cinzenta. E nisso, quando se julga que somos muito evoluídos, acho mesmo que andamos para trás a olhos vistos.
E lembrei-me logo de Ernst Jonger, que diz que «se a nossa espécie sofre de hipertrofia das funções intelectuais e perdeu por completo qualquer harmonia com as forças naturais». A estupidez restabelece o equilíbrio.
Eis como o número dos seres humanos começa a aumentar, ao mesmo tempo que a massa cerebral dos indivíduos permanece estável ou, até mesmo, diminui (há qualquer coisa de sério na lei de Murphy que diz: «A população aumenta, mas o nível de inteligência permanece constante»).
"Se a nossa espécie tende para a estupidez, o juízo acerca do imbecil deve ser revisto: é um precursor, e não um atrasado; não compreende nada, mas está a postos para o futuro. O génio, que compreende tudo, não se deu paradoxalmente conta, todavia, de que a sua inteligência é uma ferramenta antiquada, hoje obsoleta. E perigosa."
Pois é. A religião é perigosa.
E andam por aí os ateus a julgar que são subversivos!!!
Posted by Anónimo | 11/1/06 8:07 da tarde
Se, sendo ateia convicta, gostei bastante de ler o texto da Luísa, o mesmo já não posso dizer do comentário da "frenética" (talvez por este não estar ao alcance da minha diminuída inteligência) :P Eu cá acho que o crer ou não em Deus, não é uma questão de ter mais ou menos massa cinzenta, mas sim de ter ou não fé (agora, se é preciso inteligência para manter essa tal fé e não a perder nos maus momentos, isso já é outra conversa...).
Já que se apresentaram tantas citações, despeço-me com mais uma: A religião é o ópio do povo, de Karl Marx (e não me julguem subserviva!).
Posted by Mariana | 11/1/06 8:58 da tarde
Gostei, Mariana (a sério)!
Bem, quanto ao tema, tenho a dizer que tenho um grande defeito (sim Nixon, esse), sou excessivamente racional.
Assim, tenho uma visão muito racional (provavelmente, excessiva...) da Religião. Ora, a uma educação católica de que, julgo, privilegiei, junto esta característica que me faz crer que é impossível saber se Deus existe ou não. Isto devia levar-me, pelo menos, a ser agnóstico. "Quem não sabe é como quem não vê".
Acontece que, por outro lado, há um facto, advindo desta educação (da qual, como já disse, me considero preveligiado), que é, digamos, a boa-fé Católica (no sentido de atitude). Ou seja, a conduta de vida que esta religião propõe e que é quanto a mim, ao contrário do que muitos pensam, a sua principal virtude.
Afinal de contas, sejamos honestos, é assim tão importante se Deus existe ou não?
Isso, quanto a mim, não passa de uma das muitas coisas a que a religião se dedica. É a falta de compreensão deste pormenor que motiva a classificação de "moleta" à religião.
P.S. Tenho a certeza que, se não tivesse sido educado assim, não seria católico. Não tenho o mínimo problema em admiti-lo.
Posted by José Maria Pimentel | 11/1/06 9:11 da tarde
Luísa o texto está...fenomenal. E foi precisamente por ter achado isso que guardei este comentário para hoje, porque o queria fazer com tempo, pés e cabeça.
"Ora bem":
Eu não sou católico: sou baptizado, mas não sou católico. Talvez já o tenha sido, por influências familiares, mas deixei de o ser. E deixei porque não vi na religião uma solução para nenhum problema, nem achei, sequer, que ela a(s) tivesse. No entanto, manda a honestidade reconhecer que já me servi dela como "muleta" num momento difícil (e tu lembrar-te-ás, certamente, dele). E recorri a ela, não por acreditar Nalgum Deus que resolvesse o problema (talvez o tenha pensado na altura), mas sim porque (e cheguei a essa conclusão mais tarde) acho que a religião (o catolicismo, a prática, a actividade religiosa) tem uma componente que beneficia (sem sombra de dúvida) qualquer ser humano: uma componente de meditação, de reflexão, de actividade de grupo, de sociabilidade. A Igreja (não a Opus Dei ou as beatas bafientas que a mancham) tem uma mensagem subliminal de paz, de fraternidade que não deve ser ignorada por ninguém; porque nos faz sentir melhor, independentemente das nossas crenças. Porque as pessoas boas (ou racionais, se preferires) que existem dentro da Igreja são pessoas com bastante presença de espírito, habituadas a reflectir sobre os problemas, a procurar soluções, e costumam ser pessoas com uma apurada consciência social (repito, as racionais), porque, pelo contrário, a devoção cega traz com ela uma enorme dose de hipocrisia...).
Dentro desta facção racional estão pessoas com valores e princípios, que os levam até às últimas consequências. A outra parte (que, infelizmente, a meu ver, faz a regra) destrói a Igreja e a Religião com hipocrisia, solidariedade "roupas velhas e brinquedos partidos", fanatismo (fundamentalismo) e uma absoluta falta de lucidez. Essas pessoas são aquelas que sonham com o dia em que a Religião se volte a misturar com o Estado (não percebendo que essa mistura só produziu efeitos negativos para a própria Igreja - à excepção, talvez, de um infindável número de igrejas Kitch espalhadas pelo país -). Essas pessoas estão longe de conseguir perceber o mal que fazem aos católicos; estão longe de conseguir entender que são o cancro da Igreja – que é graças a elas que a Igreja não evolui e não capta mais adeptos. Essas pessoas rezam todos os dias, mas não o fazem de alma e coração, fazem-no por disciplina. A oração de alma e coração só existe em momentos difíceis, aí sim.
Concluindo, queria apenas reiterar a minha posição (que é mais ou menos a mesma em relação a muitas crenças e religiões - Reiki, budismo, Catolicismo, etc.): não acredito na, digamos, génese de nenhuma delas. Mas acredito no seu papel enquanto transmissores de equilíbrio, de paz, de presença de espírito ao ser humano. Acredito no papel social da Igreja (e na sua importância) – penso ser aqui (e não me mates) que a Igreja e a esquerda se tocam. Claro que, em relação ao resto, seguem caminhos bem diferentes – mas é assim que deve ser. E alterar isso seria destruir os princípios da Igreja: e uma coisa sem princípios, não é, certamente, uma boa coisa.
A qualidade do teu texto e das tuas opiniões, Luísa, faz-me apenas lembrar um verso do Jack:
“(...)
We’re better together...”
Posted by António Pedro | 12/1/06 2:25 da tarde
Mestre
(confesso que o teu nick me irrita)
- Bingo!
Na tua modéstia (não sei se sincera...) acertaste em cheio, percebes realmente o que está em causa.
Não é importante saber (de saber científico) se Deus existe ou não.
Essa é a operação mental errada.
Toda a questão reside noutras coisas.
19.9 vals.
Posted by Anónimo | 12/1/06 2:34 da tarde
Não leves o nick a sério! É uma brincadeira!
Já agora, podes identificar-te? É que, senão tenho, também, a liberdade de levar o teu nick a sério! ;) Não é por nada, mas tenho sempre curiosodade de saber quem nos visita! :)
Posted by José Maria Pimentel | 12/1/06 9:02 da tarde
Alos! Daqui ju :)
Viva a lu :D
Venho só acrescentar que dou graças a Deus (eheh) pela minha mente quadrada e racional que, ao contrário do que se poderia pensar, me permite ter uma Fé questionada, muito mais assumida e adulta. A racionalidade não é um entrave...é preciso é que ela não abafe o coração!
Posted by Anónimo | 16/1/06 11:18 da tarde