Um Pensamento...
...com cada ser humano, tenho pertenças em comum; mas ninguém no mundo partilha todas as minhas pertenças ou sequer uma grande parte delas...].É assim, justamente, que se caracteriza a identidade de cada um de nós: complexa, única, insubstituível, que não se confunde com qualquer outra. Se insisto neste ponto, é por causa do hábito de pensamento ainda tão espalhado, e a meus olhos extremamente pernicioso, segundo o qual, para afirmar a nossa identidade, deveria simplesmente dizer-se: “eu sou negro”; “eu sou sérvio”; “eu sou muçulmano”; “eu sou judeu”; quem alinhe, como eu o fiz, as suas múltiplas pertenças, é imediatamente acusado de querer “dissolver” a sua identidade no caldo informe onde todas as cores se apagam. É, no entanto, o inverso que eu procuro afirmar. Não que todos os seres humanos são semelhantes, mas que cada um deles é diferente. Sem dúvida, um sérvio é diferente de um croata, mas cada sérvio é também diferente de todos os outros sérvios e cada croata é igualmente diferente de todos os outros croatas. [...] se os homens de todos os países, de todas as crenças, se transformam tão facilmente em assassinos, se os fanáticos de todas as cores conseguem facilmente impor-se como os defensores da identidade, é porque a concepção “tribal” da identidade que prevalece ainda no mundo inteiro favorece uma tal deriva...
Amin Maalouf, Identidades Assassinas, 1998 (pp.28-29 e 39)
As coisas que eu vou desencantar... :P
Amin Maalouf, Identidades Assassinas, 1998 (pp.28-29 e 39)
As coisas que eu vou desencantar... :P