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Agostinho da Silva (1906-1994)

Faz este ano 100 anos do nascimento de uma das mais fascinantes figuras do século XX.

Confesso que não conhecia Agostinho da Silva até me ter deparado com uma "conversa vadia" entre o mesmo e Miguel Esteves Cardoso, ficando de imediato espantado pela peculiaridade e originalidade do seu discurso, capaz de deixar um Miguel Esteves Cardoso, com menos dez anos em cima (estava de tal modo diferente que não o reconheci), totalmente sem resposta.

Agostinho da Silva foi um dos maiores filósofos do século XX. Formou-se em Filologia clássica, leccionou em Portugal e no Brasil ( neste durante o Estado Novo) e interessou-se por temas como a história de Portugal, a filosofia, a ecologia, os estudos africanos e orientais, a divulgação científica, a crítica literária, a biologia marítima e a etnologia. Na sua longa carreira abordou principalmente os temas da Cultura de língua portuguesa e da liberdade. Entre as suas novidades filosóficas encontra-se a reinvenção da Utopia do Quinto Império, com o povo português ao leme.
De facto, o professor foi um estudioso das características de cada povo (cultura), e um exaltador da cultura portuguesa que, considerava, voltaria a estar na vanguarda do Mundo. Para este filosofo, cada povo tinha uma cultura interísneca muito particular e a portuguesa, se não era dada ao trabalho como a alemã, era dada a grandes feitos.

Outra das suas ideias era a pretensão de que o destino das pessoas e do mundo se confundisse com a sua liberdade. Para isso dizia comungar da opinião dos descobridores portugueses que, segundo ele, procuravam um mundo em que não fosse necessário trabalhar e cada um fosse "poeta do mundo", ou seja, livre. Em suma, pretendia e previa o surgimento de uma Sociedade Perfeita. Para esse fim, elegia, espantosamente, como motor o Capitalismo, que considerava ter como fim o término da economia, devido ao fim da necessidade desta. No entanto, em mais uma demonstração da sua peculiaridade de pensamento, considerava também importante a filosofia marxista-leninista e maoista para este fim.

Em 1990, numa época em que o seu pensamento esteve muito em voga, a RTP 1 emitiu uma série de treze entrevistas com ele, denominadas Conversas Vadias e cujo visionamento recomendo vivamente.

No entanto, mais que um filósofo Agostinho da Silva era, acima de tudo, um Professor, um Sócrates dos tempos modernos, que exaltava a liberdade de pensamento individual e o diálogo:

“Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura. já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se a1guns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem”

(Agostinho da Silva, 1906-1994, "Cartas a um jovem filósofo")

P.S. Reparem no prognatismo espantoso deste senhor.

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