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Correcção do Tê Pê Cê

Acabo de ver o “Match Point”, o mais recente filme de Woody Allen (como todos sabem, aliás) e apenas me ocorre uma palavra: tricky. Ou duas: soberbo: Ou três: genial. Estreei-me em Woody Allen com este filme (ok, go ahead, shoot me) e não me arrependo; inexplicavelmente, os outros filmes dele nunca me apelaram muito. Tal como este: entrei convencido que ia ver um filme romântico (quiçá uma comédia) com um humor ligeiramente mais refinado –por ser, lá está, de Woody Allen. Ora, acontece que o filme não é um romance – mas tem romance; e faz rir, mas não é uma comédia. O(s) romance(s) é(são) apenas um meio – uma espécie de elemento coordenador de toda a intriga (que, diga-se de passagem, está fenomenal).



Não vale mesmo a pena resumir a história. Vale a pena ver; vale a pena assistir à genialidade de Allen. Vale a pena ir ver Scarlett Johansson fazer o papel mais sedutor da vida dela. Vale a pena ver a cena de sexo na seara (uma das melhores que já vi, até hoje, no cinema). Vale a pena embasbacar com a banda sonora do filme: Verdi a rodos (posso estar em erro, mas é o filme todo) – parece de doidos, mas é verdade (Verdi como banda sonora de um filme – pensam vocês se não serviria melhor para um anúncio de um banco)...
Podia fazer um post com o triplo do tamanho deste, mas é desnecessário: o filme fala por si. Não o percam.

Após décadas a fazer filmes, Woody Allen (que realiza dois por ano!) optou por fazer um filme que qualquer cinéfilo, vendo-o, não lhe atribuiria. A questão é: porquê? A história é boa, os actores razoáveis e o fim inesperado. É pois um filme fresco, bom. Porém, porque não fazer um filme à Woody Allen que é também, à sua maneira, fresco, bom?
Sugiro-te o Melinda & Melinda para te estreares na realização dele. É um excelente filme, fresco e provavelmente o mais abrangente que ele fez nos últimos anos.

Pedro

Vejam o Annie Hall, vejam o Ana e as suas Irmãs, vejam o Maridos e Mulheres e depois digam-me que este é o melhor filme dele! As pessoas que saem abismadas da sala de cinema com este filme são as que, habitualmente, não gostam dos filmes de Allen.

O filme dava, de facto, pa uma extensa conversa de café :P. É incrivel a simplicidade do filme e a profundidade do mesmo. A Mariana por acaso acertou, as pessoas que habitualmente não gostam de Allen adoram este filme, mas parece que Woody rompeu com o tradicional dos seus filmes em Melinda & Melinda e promete manter esse distanciamento para além de Match Point. Não acho, no entanto, que se possam estabelecer grandes comparações entre a nova faceta de Allen e a antiga, não há ponta por onde se lhe pegue, até porque, como diz a critica Match Point nem parece feito pelo Woodyzinho.

A mim, pura e simplesmente não me interessa se é ou não o melhor filme de Woody Allen. Nem me interessa, sequer, se é melhor ou pior que outros.
No cinema, tal como na música, tenho um gosto bastante abrangente, por isso, duvido que não venha a gostar de outros filmes dele...

Que o filme está genial, está de certeza...Independentemente de apelar ou não às massas - não é este o meu critério de apreciação (atenção, não estou a dizer que seja o vosso...).
Tenho aqui mais alguns dele em casa - verei e, depois, falarei...

Eu só fico um pouco chateada (?) quando pessoas que nunca viram filme nenhum do Woody Allen e até se virem a passar no Hollywood imagens do Manhattan ou de outro são capazes de mudar logo de canal com ar de repulsa por ser a preto e branco ou algo e assim e agora parecem muito extasiadas com este novo filme e já vão a correr ao cinema ver e elogiar e dizer que é o melhor filme dele (não estou a dizer que este seja o vosso caso). Acho que o facto de contar com dois actores conhecidos como personagens principais ajuda. Muita gente deve ir na lógica de ser o novo filme da Scarlett Johansson e não porque é o novo filme do Woody Allen.
Eu gostei do filme e achei-o bom. Não achei tão bom como o Closer (ao qual alguns o compararam) nem como outros filmes de Allen. É um bom filme, sim, mas escapa-me o porquê de todo este burburinho à volta dele (talvez porque já vi melhores e do mesmo autor.

Sempre gostei do Woody Allen, conheço a obra toda, do Exorcista a Jurassic Park passando, claro, pelo Exterminador Implacável; não me quero é galantear com o meu conhecimento profundo de cinema, isso era chato no meio de leigos na matéria... Prefiro antes sentar, calar e esperar ansiosamente pel'O Código Da Vinci, a próxima obra prima de Woolly Aden.

"parece que Woody rompeu com o tradicional dos seus filmes em Melinda & Melinda"

Como? Na falta de uma comédia ou de uma boa ideia? Ou de uma boa abordagem a um drama? Está ali tudo. É Woody Allen autêntico. Até mais que não seja porque o drama é um tanto ou nada cómico e a comédia se evidencia... Eu não vejo ali nada que não seja Allen. Sobretudo porque é New York no seu melhor e não uma (belíssima, é certo) vista do Tamisa ou dos campos ingleses...

Nova faceta? Espero que não! Eu gosto muito do Woody Allen original e ficaria verdadeiramente desiludido se ele se ficasse por aqui para passar a realizar filmes bons mas que podem ser realizados por qualquer outro realizador. Porque motivo este Match Point não poderia ser realizado por, por exemplo, um Mike Nicholas?

E, por favor, não entramos no interminável e infértil debate da cena de sexo na seara... sim, aquilo é sexo. É desejo e sexo. Match Point aborda o desejo de uma forma tão ou mais profunda que O Libertino. Amor? Não o vi. Gabar os lábios da Scarlett Johansson não é amar. Se queremos uma cena expressiva, com desejo e algo mais, fiquemo-nos pela beleza estética da cena de amor d'O Último Imperador... fica a referência.

Pedro

Eu gostei bastante dessa cena, embora o filme esteja repleto de outros bons momentos de fotografia. Não é uma boa cena de amor: é uma boa cena de sexo, que não necessitou, sequer, de recorrer à nudez para ilustrar perfeitamente o que estavam aquelas duas personagens a sentir. A chuva e a seara como plano de fundo ajudaram bastante na tradução dessa mensagem. De resto, e como já disse, não conheço o cinema de Woody Allen (lacuna que tratarei corrigir o mais depressa possível - há muito boas possibilidades de vir a gostar dele), e é fundamentalmente essa a razão pela qual não fiz uma análise comparativa (desnecessária, a meu ver). Se o que vocês dizem é, de facto, verdade, concordo que tenha sido uma desilusão (e, simultaneamente um bom motivo de susto), porque me parece natural que não queiram que ele fuja a um cinema que o iconizou. Tal como me parece natural ter gostado deste filme e querer centrar-me mais neste ponto do que em qualquer outro.
Não me ouviram dizer que este era o melhor filme dele (o que seria estúpido de dizer, pelo que já expliquei em cima). Ouviram-me dizer que o filme era bom: e, sinceramente, o facto de ele conseguir fazer outro cinema só merece, na minha opinião, ser valorizado...

Lamentavelmente aquela cena não deriva senão do grande desejo entre os seus personagens... só isso... right here, right now... não é propriamente boa... é apenas não obscena. Provavelmente muita gente ficou com pena que Woody Allen não mostrasse os peitos da sua nova musa... eventualmente ficará para a próxima (não creio que Scarlett Johansson consiga outro papel que não o que fez em Match Point, A Rapriga do Brinco Pérola ou Lost in Translation: a rapariga bonita que seduz outros homens)...

" chuva e a seara como plano de fundo ajudaram bastante na tradução dessa mensagem."

Provavelmente uma rebuscada metáfora para a fartura da colheita ou para a pecaminosa pubis de Scarlett Johansson... desculpa lá, mas não me ocorre outro comentário...

Para terminar: reafirmo o que disse na minha crítica, está longe de ser o filme excelente de que se fala. E, sobretudo, está longe de merecer os Óscares que lhe prometiam.

Pedro

Não, Pedro. A chuva e as roupas molhadas, à agua a escorrer pelo corpo, etc. A seara apenas criou uma imagem de fundo bonita.
Não percebo o objectivo em tentar contrariar interpretações subjectivas - se o que se pretendesse fosse algo objectivo, uma ficha servia para o efeito. Vocês não gostaram (ou gostaram pouco) deste filme. Paciência, excusavam de ter gasto dinheiro. Da minha parte, foi bem gasto. Não me interessa se Woody Allen está a fazer filmes diferentes, melhores ou piores que os seus antecessores. Interessa-me ter visto um filme bom (muito bom, aliás) e poder dizê-lo (como o fiz) sem ser condenado por isso. Acho que é legítimo ter uma opinião diferente da vossa e ver qualidade onde vocês não vêm, sem me sentir um rebarbado por isso. Está visto que este filme é diferente do género Woody Allen, mas não tem que ser mau por isso. Nem percebo, honestamente, o que é que uma coisa tem que ver com a outra...

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