Are our kids allright?!
Como morreu o actor que toda a gente falava dos morangos com açúcar e eu sou um grande bimbo, que já não via 15 mins seguidos desse belíssimo programa desde que começou (apenas me lembro do Pipo e da Catarina, bem gira que era por sinal), fui ver o episódio depois de jantar (vejam lá que só me lembrava de aquela bodega ser antes de jantar…). Via também a série por vezes naqueles finais de tarde no Verão, em que com a televisão com som cortado e na companhia de uma musiquinha, cigarros, cerveja e dois ou três iguais a mim íamos falando e tecendo considerações acerca dos atributos físicos das actrizes em tom alto e nível baixo, sem saber nem o sei nome, idade, naturalidade nem com quem andavam “enroladas” (estado civil), nem nada desses dados supérfluos que nada interessam a rapazes que se dedicam a este tipo de avaliações de raparigas…
Quanto ao sucedido com o actor, nada sei nem sequer vou comentar. Aqueles que queriam um texto de fazer chorar as pedras da calçada sobre o acontecimento podem abandonar desde já o blogue. Estranho apenas o facto de a TVI não ter ainda feito um directo à porta de casa da família, um “Você na TV” edição especial e um Jornal Nacional Extra em directo num estúdio montado à porta de casa ou no cemitério… Enfim, nada disto eu vou comentar…
Onde eu ia era a dizer que, ao fim de dois anos e meio, voltei a ver 30 minutos seguidos de morangos com açúcar. Bem, pelo que os primos pequeninos contavam e pelos decotes e mini saias das actrizes, pensei que aquilo estivesse um retrato cru e fiel da actual sociedade nos jovens com especial incidência no sexo, drogas, álcool, moda, criminalidade, superficialidade, inadequação de comportamentos, infidelidades e todos esses vícios que fazem com que não haja pessoas boas nem lá perto (claro que há sempre um ou dois deles que acabam por nos apanhar na longa correria que fazemos para fugir de todos…).
No entanto, quando ia mudar de canal ouvi falar em Garraiada e arregalei logo os olhos e os ouvidos como se de mais um decote da Soraia Chaves se tratasse (aí nunca arregalaria os ouvidos, tudo bem…). Esperei pela tal garraiada e até achei muito engraçado, não só por ser admirador das actividades taurinas, logo achar bem a sua divulgação, como pelo facto de o episódio alertar a criançada (sim, não me venham dizer que a maioria dos que vêem a série não têm entre 6 e 11 anos), para os perigos dessas actividades: um caramelo qualquer vai todo contente tourear o “vitelo” à campeão para impressionar a alegadamente namorada boazona e manda um espalho que, com uma sorte do tamanho do mundo, não é colhido e não se aleija assério. Fiquei com este aspecto positivo anotado, já que gosto muito de touradas e acho engraçado que já que quase ninguém o faz, ao menos o pior canal de televisão entusiasme os mais novos a conhecer uma prática social secular portuguesa. Após a Garraiada foram todos com as namoradas poderosas para uma festa, onde ninguém bebia álcool, dar um pezinho de dança, onde, de seguida, dois lá da “turma” fizeram uma pseudo encenação de uma passagem da Bíblia…melhor que nada; ah para além que davam a imagem da família a almoçar toda junta no domingo de Páscoa, com os pais a explicarem o significado da Páscoa aos filhos e a falar do dia de reflexão; os colegas que não viviam com pais a juntar-se e a fazer um almoço e comemorar a Páscoa igualmente entre amigos… Já desde que era pequenino, que não via programas infantis com histórias engraçadas da Bíblia (alguém se lembra dos desenhos animados d’Os Milagres Dos Evangelhos ou d’As Mais Belas Histórias Da Bíblia?)
Parecendo que não, quando eu digo que a geração que aí vem está perdida, penso que até se reflecte nos desenhos animados do Cartoon Network, o meu canal de infância, hoje só passa coisas do género Ed, Edd’n Eddy, bandos de miúdos que só sabem arrotar e mostrar o traseiro e mandar calhaus a velhos com os dentes podres e ar imbecil... O Tom&Jerry, os Looney Toons, O Huck e o Tom Sawyer, As Histórias Do Futebol já não dizem nada aos meninos de hoje em dia. Já para não falar na Rua Sésamo, que via quando era muito pequenino e penso ser a série infantil mais educativa que algum dia conhecerei (apercebo-me disso quando por vezes abro os livros que andam por aí guardados).
Bem, o meu apanhado de 30 minutos certinhos de morangos com açúcar não podia ter sido melhor no que diz respeito a actrizes: são óptimas; quanto a conteúdos, sou sincero: estava à espera de muito pior! Acabei por atenuar uma imagem péssima que tinha desta telenovela (tirando a banda sonora, que é mesmo muito má). Considero a hipótese de apenas ter tido sorte e ter apanhado uma parte em que não se embebedavam, divulgavam touradas e faziam encenações religiosas, dando até o exemplo de um rapaz que ia para Taizet, considerando vir a entrar no Seminário (mostrando aos pequenos que é uma decisão que é tomada por todo o tipo de pessoas). No entanto, nem sequer me preocupo muito em averiguar se foi assim ou se é sempre assim, porque não tenho vida para seguir novelas (nem sequer decotes daqueles).
Convém no entanto, não esquecer o impacto desta série nos mais novos. Soube por um amigo meu, que nos treinos de rugby do GDS Cascais, no início do ano, uma multidão astronómica de miúdos se inscreveu porque, durante o Verão, nos morangos com açúcar se jogava rugby, tendo acontecido o mesmo com o Ciclismo DownHill…
Tenho imensa pena dos meninos que têm pais conscientes, que não os deixam ver a TVI; nos intervalos das escolas primárias devem ser os rejeitados que não podem entrar nas brincadeiras nem nas conversas nem nas canções dos D-Zrt…Nem sabem a sorte que têm!
Será que esta geração está perdida? O tempo o dirá… (se o hiphop passasse de moda seria um bom primeiro passo no combate à hipocrisia)
Quanto ao sucedido com o actor, nada sei nem sequer vou comentar. Aqueles que queriam um texto de fazer chorar as pedras da calçada sobre o acontecimento podem abandonar desde já o blogue. Estranho apenas o facto de a TVI não ter ainda feito um directo à porta de casa da família, um “Você na TV” edição especial e um Jornal Nacional Extra em directo num estúdio montado à porta de casa ou no cemitério… Enfim, nada disto eu vou comentar…
Onde eu ia era a dizer que, ao fim de dois anos e meio, voltei a ver 30 minutos seguidos de morangos com açúcar. Bem, pelo que os primos pequeninos contavam e pelos decotes e mini saias das actrizes, pensei que aquilo estivesse um retrato cru e fiel da actual sociedade nos jovens com especial incidência no sexo, drogas, álcool, moda, criminalidade, superficialidade, inadequação de comportamentos, infidelidades e todos esses vícios que fazem com que não haja pessoas boas nem lá perto (claro que há sempre um ou dois deles que acabam por nos apanhar na longa correria que fazemos para fugir de todos…).
No entanto, quando ia mudar de canal ouvi falar em Garraiada e arregalei logo os olhos e os ouvidos como se de mais um decote da Soraia Chaves se tratasse (aí nunca arregalaria os ouvidos, tudo bem…). Esperei pela tal garraiada e até achei muito engraçado, não só por ser admirador das actividades taurinas, logo achar bem a sua divulgação, como pelo facto de o episódio alertar a criançada (sim, não me venham dizer que a maioria dos que vêem a série não têm entre 6 e 11 anos), para os perigos dessas actividades: um caramelo qualquer vai todo contente tourear o “vitelo” à campeão para impressionar a alegadamente namorada boazona e manda um espalho que, com uma sorte do tamanho do mundo, não é colhido e não se aleija assério. Fiquei com este aspecto positivo anotado, já que gosto muito de touradas e acho engraçado que já que quase ninguém o faz, ao menos o pior canal de televisão entusiasme os mais novos a conhecer uma prática social secular portuguesa. Após a Garraiada foram todos com as namoradas poderosas para uma festa, onde ninguém bebia álcool, dar um pezinho de dança, onde, de seguida, dois lá da “turma” fizeram uma pseudo encenação de uma passagem da Bíblia…melhor que nada; ah para além que davam a imagem da família a almoçar toda junta no domingo de Páscoa, com os pais a explicarem o significado da Páscoa aos filhos e a falar do dia de reflexão; os colegas que não viviam com pais a juntar-se e a fazer um almoço e comemorar a Páscoa igualmente entre amigos… Já desde que era pequenino, que não via programas infantis com histórias engraçadas da Bíblia (alguém se lembra dos desenhos animados d’Os Milagres Dos Evangelhos ou d’As Mais Belas Histórias Da Bíblia?)
Parecendo que não, quando eu digo que a geração que aí vem está perdida, penso que até se reflecte nos desenhos animados do Cartoon Network, o meu canal de infância, hoje só passa coisas do género Ed, Edd’n Eddy, bandos de miúdos que só sabem arrotar e mostrar o traseiro e mandar calhaus a velhos com os dentes podres e ar imbecil... O Tom&Jerry, os Looney Toons, O Huck e o Tom Sawyer, As Histórias Do Futebol já não dizem nada aos meninos de hoje em dia. Já para não falar na Rua Sésamo, que via quando era muito pequenino e penso ser a série infantil mais educativa que algum dia conhecerei (apercebo-me disso quando por vezes abro os livros que andam por aí guardados).
Bem, o meu apanhado de 30 minutos certinhos de morangos com açúcar não podia ter sido melhor no que diz respeito a actrizes: são óptimas; quanto a conteúdos, sou sincero: estava à espera de muito pior! Acabei por atenuar uma imagem péssima que tinha desta telenovela (tirando a banda sonora, que é mesmo muito má). Considero a hipótese de apenas ter tido sorte e ter apanhado uma parte em que não se embebedavam, divulgavam touradas e faziam encenações religiosas, dando até o exemplo de um rapaz que ia para Taizet, considerando vir a entrar no Seminário (mostrando aos pequenos que é uma decisão que é tomada por todo o tipo de pessoas). No entanto, nem sequer me preocupo muito em averiguar se foi assim ou se é sempre assim, porque não tenho vida para seguir novelas (nem sequer decotes daqueles).
Convém no entanto, não esquecer o impacto desta série nos mais novos. Soube por um amigo meu, que nos treinos de rugby do GDS Cascais, no início do ano, uma multidão astronómica de miúdos se inscreveu porque, durante o Verão, nos morangos com açúcar se jogava rugby, tendo acontecido o mesmo com o Ciclismo DownHill…
Tenho imensa pena dos meninos que têm pais conscientes, que não os deixam ver a TVI; nos intervalos das escolas primárias devem ser os rejeitados que não podem entrar nas brincadeiras nem nas conversas nem nas canções dos D-Zrt…Nem sabem a sorte que têm!
Será que esta geração está perdida? O tempo o dirá… (se o hiphop passasse de moda seria um bom primeiro passo no combate à hipocrisia)
Não me referindo obviamente aos "Morangos", só queria chamar-te a atenção para o facro de que os nossos país podiam tecer os mesmos comentários em relação á nossa geração que tu "ameaçaste" tecer em relação á dos 9-11 anos! :)
Posted by José Maria Pimentel | 17/4/06 10:35 da tarde
Há coisas em que nunca concordaremos, mas as touradas são, a meu ver, um espectáculo tão bárbaro como comer com as mãos - e passarem a ser "populares" entre os jovens não vai mudar 1mm a minha opinião. Mas tirando este pequeno (grande) aparte é óbvio que concordo com o sentido do teu texto...
Posted by António Pedro | 18/4/06 1:49 da manhã
Touradas existem e possuem sentido de existência, dificilmente alguma inteligencia rara daquelas que aparecem na televisão aos berros algum dia acabará com touradas.
Agora gostar ou não, já é uma questão relativa a cada um; somos todos livres de gostar ou não...
Posted by Zé Bandeirinha | 19/4/06 12:19 da manhã
Antonio...
"(...)um espectáculo tão bárbaro como comer com as mãos..."
Q exagero de afirmação!!! As touradas são uma festa com dezenas de anos de existencia... Sao marcas culturais do nosso povo assim como sao os touros de morte em Espanha ou no Mexico... Acho q a cultura portuguesa tambem deve ser preservada...
Band...
MAis um bom texto! Como tu tambewm sou um enorme admirador da festa brava=) Cá te espero para irmos à garraida na semana da Queima...
Abraço
Posted by DM | 22/4/06 5:10 da tarde
Infelizmente, Band, sou forçado a dar-te razão. Até pela razão óbvia: desconfiar-se de senhores que falam alto na televisão é, na maior parte dos casos, sensato. No entanto, peço que expliques essa do "sentido de existência" (suponho que seja ter consciência do fim antecipado que está reservado ao touro)...
Quanto a ti, Diogo (e tentando não desrespeitar as tuas crenças) compreenderás certamente que considere que, de todos os motivos que existem para preservar esse espectáculo, esse será, muito provavelmente, o menos válido. As práticas e os costumes mantêm-se enquanto são social e axiologicamente válidas e aceitáveis: a partir do momento em que deixam de o ser, acaba-se com elas. Foi social e culturalmente aceitável matar pela honra, mas deixou de o ser. Foi social e culturalmente aceitável praticar flatulência, mas deixou de o ser. Foi social e culturalmente aceitável impingir a fé cristã nas escolas, mas deixou de o ser. As sociedades evoluem, e com elas as mentalidades. Um espectáculo feito à custa do sofrimento de um animal é, quanto a mim, bárbaro. Ponto final.
Existem pontos a favor das touradas (como o facto de prevenirem a extinção do touro bravo – um animal, aparentemente, sem qualquer tipo de utilidade - por exemplo). Mas esse não é certamente um deles...
Posted by António Pedro | 23/4/06 4:44 da manhã