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Objectores de Consciência, parte III

Objectores de consciência a fazerem abortos no privado? Absurdo!

À atenção de alguns visitantes...

" A Ordem dos Médicos lamenta que o Ministério da Saúde não tenha pedido a sua colaboração para fazer um registo dos obstetras que invocam o estatuto de objecção de consciência para não praticarem abortos, nos termos legais.

"Enquanto entidade reguladora da prática médica, a Ordem dos Médicos (OM) disse várias vezes ao ministro da Saúde que deveria ser feito um registo dos obstetras objectores de consciência (...), mas ele não ligou nenhuma", disse hoje o bastonário da OM, Pedro Nunes.

Em causa está a necessidade de impedir que médicos que invocam o estatuto de objectores de consciência para não realizarem abortos nos hospitais públicos - nos termos da lei em vigor desde 22 de Abril, regulamentada desde hoje - os pratiquem no sector privado (...)

"Por isso, não o fizemos e, neste momento, o país não tem qualquer maneira de impedir" que os obstetras contornem no sector privado a objecção de consciência declarada no público, admitiu..."


in Público

acho que alguns obstretas tem dupla personalidade. Sendo assim qual será a outra explicação para essa duplicidade? dinheiro? well... provavelmente...

anda tudo doido...

Só para não dizeres que só comento quando me convém.
A impossibilidade de acumular o estatuto de objector de consciência com a actividade em clínicas privadas está, como referi nos comentários ao post anterior, inequivocamente explícita na nova lei que agora entra em vigor.
O registo exaustivo desses objectores não foi realizado por enquanto porque, tal como também já tinha referido anteriormente, estamos a falar de um universo absurdamente pequeno de médicos. Há em Portugal 2 (duas!) clínicas de aborto que empregarão o incontável e incontrolável conjunto de aproximadamente 10 médicos. É por isso que, presentemente, não se procedeu ao registo nacional dos objectores de consciência, facto que não constitui nenhuma fatalidade e que pode ser facilmente alterável se a realidade assim o exigir.
Lamento, mas ainda não foi desta que me converteste à tua Cruzada contra os objectores de consciência.

vamos joão!

Lol.

Não deixo de achar piada a estas expressões, quanto a mim bem escolhidas: "cruzada contra os objectores de consciência". Não devo ser só eu a encontrar uma estranha... semelhança com as "cruzadas contra as pobres criancinhas" ou até mesmo o "culto da morte" com que os defensores do “sim” foram massacrados até ao fim desta anacrónica campanha. Por outras palavras, uma certa necessidade de separar as águas, colocando, de um lado, as criaturas virtuosas que são "pela vida" e, por isso, objectores de consciência, moralmente irreprováveis, ética e profissionalmente superiores e, noutro, a libertinagem, o povo cruel e irresponsável, que “despreza a vida” e “promove a morte”, espezinhado aqueles que – pobrezitos – tentam apenas afirmar os seus nobres valores.

Nada de novo, no entanto. Mas falso.

A minha cruzada não é, certamente, contra os objectores de consciência, nem contra aqueles que para quem a fronteira entre a vida e a morte está num número de células ou em qualquer outro critério de racionalidade duvidosa. É, sim, contra os espertalhões, a quem a actual regulamentação da lei sobre a IVG parece deixar um bom espaço, quanto a mim fácil de aproveitar. Da mesma maneira que agora existem apenas 2 clínicas de IVG em Portugal (número que não me parece assim tão pequeno, se pensarmos que ainda só passaram uns escassos meses desde a promulgação da lei), poderão existir no futuro muitas mais, já que é um óbvio negócio em expansão. Controlar o nº de objectores de consciência, ainda mais quando este assume proporções destas é impedir que aqueles que se opõem a prestar determinado serviço ao Estado e à população o vão fazer no privado. Não interessa aqui discutir se existem ou não profissionais destes. Interessa impedir que existam. E isso parece-me uma necessidade mais do que óbvia. Negar isto parece-me ingénuo e contraproducente. Mas, como em tudo, isto sou apenas eu...

Quanto mais não seja folgo em ver que a época de exames não nos roubou a verve para polemizar candidamente sobre assuntos em que, provavelmente e como de costume, até concordamos no essencial. Mas faz-nos bem discutir e não cometerei a deselegância de te deixar sem resposta. Aliás, se pudesse desafiava-te para umas bengaladas no Rossio para resolvermos isto, mas, infelizmente, tenho exame amanhã.

No que à questão essencial diz respeito, estamos desde o início totalmente de acordo. Os médicos têm pleno direito à objecção de consciência. E é necessário enquadrar devidamente esse direito numa estrutura de regulamentação que não deixe espaço a eventuais aproveitamentos abusivos.
A partir daqui é no entanto interessante reparar que puxas o debate para as minhas escolhas semânticas porque acaba por ser aí que se espelham as nossas diferenças nesta questão. Realmente, se há coisa de que gosto é de separar águas e pessoas e pontos de vista. Por isso vou tentar devolver-te o exercício de adivinhação e separar as nossas intervenções sobre o problema.

De um lado estás tu. Entusiasmadíssimo com a vitória referendária até que te surge, inesperadamente, um último bastião de fanáticos ultramontanos atravessadinhos no nosso glorioso caminho para o progresso e a modernidade. Parece que os médicos que deviam trazer a harmonia ao país sob a forma de IVG’s afinal não querem participar em tal actividade. E pior um pouco, parece que a lei lhes dá direito a pensar assim. Vai daí subiu-te a bílis ao Blogger e não estiveste com meias medidas: Uma larga franja dos nossos osbtetras são uns preguiçosos e uns vigaristas. E em muitos casos uma perniciosa mistura dos dois. Querem sugar o erário público sem trabalhar enquanto enchem os bolsos no privado. Que isso desafie à vez a realidade e uma ou outra noção básica de bom senso não é, aparentemente, um inconveniente.
Quanto a mim, só Deus sabe como é débil a minha confiança quanto à integridade dos seres humanos em geral. Já passei a idade das inocências rousseaunianas e o que conheço do universo de médicos e hospitais não me inclina a abrir excepções à minha convicção geral. Simplesmente não vejo indícios reais, mecanismos possíveis ou sequer motivações plausíveis para as vilanias que te afadigas a descortinar. Acho que estás um pouquinho órfão de “defensores da vida” em quem verberar e a polvilhar as tuas análises de carácter com whishfull thinking a mais para tão pouca massa de realidade.

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