Annus Mirabilis: 1905-2005
Comemora-se este ano o centenário, não do nascimento, muito menos da morte, mas sim do Annus Mirabilis de Albert Einstein.
Com efeito este foi o ano mais produtivo deste, então, Funcionário de Patentes. Mas o mais espantoso é que nem sequer foi o ano em que publicou a tão conhecida Teoria da Relatividade (publicou-a sim, mas a Teoria da Relatividade Restrita). Neste ano, de facto, o físico publicou a Sua Tese e 5 artigos sobre Física, os 3 mais importantes na Revista Annalen der Physik. Estes últimos são hoje tidos como alguns dos melhores artigos sobre física jamais escritos. Isto é algo que agora não espanta, mas se tivermos em conta que foram escritos por um mero Funcionário de Patentes que nem sequer arranjara colocação numa Universidade, ou sequer numa escola, parecer-nos-á mais insólito. Mas, na verdade, o mais espantoso de tudo é o facto de a estes artigos faltarem duas coisas que, naqueles tempos (e mesmo agora), eram obrigatórias em qualquer artigo científico da área da física que se prezasse. Na verdade, estes artigos quase não tinham vestígios de matemática e praticamente não apresentavam citações científicas. Imagine-se qual seria a reacção dum Físico iminente que, ao folhear a Revista, se deparasse com um artigo destes; não lhe daria certamente a mínima credibilidade
Este ano de 1905 foi realmente marcado por uma autêntica explosão de criatividade. Einstein revolucionou, quase duma assentada, os conhecimentos sobre Moléculas e Luz (e electricidade) e, como se não chegasse, ainda publicou a controversa Teoria de Relatividade Restrita e a sua Tese.
Mas, à parte destas Revoluções no campo da Física, que a nós, leigos, á partida pouco nos dizem, o que motiva a minha (e penso que não só) admiração é o facto que já referi: a originalidade e a não utilização de matemática.
Com efeito, ao contrário daqueles físicos típicos cujas teorias se encontram pejadas de números e cujo caminho que estes tomaram para chegar àquele emaranhado de noções nos é totalmente incompreensível, Einstein fez tudo de um modo absurdamente simples (o que aliás foi uma das causas da difícil aceitação das suas Teorias), e, de certa forma, compreensível para o Senso Comum. Ele revolucionou a física, não debruçando-se sobre uma pilha de papéis repletos de números, mas sim sentando-se na sua poltrona e reflectindo livremente sobre o Porquê das coisas. É, com efeito, esta originalidade (e não só, obviamente) que nos motiva a admirá-lo, pois, na verdade, ele teve o dom de aproximar a Física daqueles a quem aquele mundo nada dizia.
Assim, é por estas e por outras (também) que este Judeu alemão, que chegou a rejeitar a sua nacionalidade, é considerado geralmente o Maior Físico de Todos os Tempos e este ano, merecidamente, se lhe presta Homenagem.
Com efeito, tens toda a razão. ;)
Posted by António Pedro | 1/5/05 7:32 da tarde
Excelente post, mestre! Muito interessante descrição dos artigos!
Pedro
Posted by Pedro Monteiro | 2/5/05 1:42 da tarde
Às vezes complicando não se consegue chegar a lado nenhum e, como dizes (e bem), foi apenas "sentando-se na sua poltrona e reflectindo livremente sobre o Porquê das coisas" que chegou a conclusões científicas que ainda não conseguiram ser contrariadas ou ultrapassadas. Sem dúvida que é com a simplicidade que se conseguem atingir os melhores resultados!
Ótimo texto, zézinho:P
Posted by Alice | 4/5/05 2:47 da manhã