ÀS ARMAS!
Em resposta a um comentário anónimo muito paternalista, procurei encontrar os lados positivos do nosso país…
Descobri que somos um país dito desenvolvido, que somos membros do agrupamento político-económico que se segue aos gloriosos EUA, ou seja, a UE, descobri que a nossa língua é uma das mais faladas a nível mundial e descobri que temos um passado a ser exaltado pois somos um país antigo (século XII) e, em tempos, fomos a principal potência mundial, pelo nosso desejo de descobrir o incógnito. Sem dúvida que Portugal tem um espírito muito positivo, um passado extremamente rico e, a nível das artes, também tem um enorme valor (não esqueçamos a literatura de qualidade, a pintura, a escultura e muita música também).
E agora? O que fazer com o espírito, com a história e com a arte e a cultura?
O espírito é para cultivar a ignorância e o orgulho de se ser básico. É para manter o povinho ignorante para que os mais inteligentes decidam o que fazer pelo país.
A história é para continuar, para exaltar, mas desta vez com o futebol, glorificando os feitos dos nossos heróis da bola, da nossa selecção que leva Portugal ao mundo, conquistando-o tal como há séculos.
A cultura, essa… é para ficar fechada na gaveta, para não ser difundida pela maioria dos portugueses, para estar apenas disponível para os que a procuram incansavelmente, ou que sabem da sua existência, porque é difícil chegar a ela.
Actualmente estamos, de facto, com muitas razões para orgulho, mas esse orgulho é todo baseado no passado. É ridículo como vivemos à sombra do que já temos, dos monumentos, das praias, da gastronomia tradicional e não procuramos construir novas coisas das quais nos orgulharmos. Afinal, quando um turista nos pergunta pelas riquezas do nosso país, pelos locais e factos a não perder, falamos apenas nas praias, nas florestas (que ardem agora), nas riquezas naturais em geral e nos monumentos. Pior… Quando perguntamos a um estrangeiro que nunca visitou Portugal, o que sabe dele, as palavras são “Eusébio”, “Figo” (já começa também a aparecer “Cristiano Ronaldo”), “Benfica” e “Fátima”… Se bem que ultimamente há quem fale também em “Durão” e em “Irmã Lúcia”.
Descobri que somos um país dito desenvolvido, que somos membros do agrupamento político-económico que se segue aos gloriosos EUA, ou seja, a UE, descobri que a nossa língua é uma das mais faladas a nível mundial e descobri que temos um passado a ser exaltado pois somos um país antigo (século XII) e, em tempos, fomos a principal potência mundial, pelo nosso desejo de descobrir o incógnito. Sem dúvida que Portugal tem um espírito muito positivo, um passado extremamente rico e, a nível das artes, também tem um enorme valor (não esqueçamos a literatura de qualidade, a pintura, a escultura e muita música também).
E agora? O que fazer com o espírito, com a história e com a arte e a cultura?
O espírito é para cultivar a ignorância e o orgulho de se ser básico. É para manter o povinho ignorante para que os mais inteligentes decidam o que fazer pelo país.
A história é para continuar, para exaltar, mas desta vez com o futebol, glorificando os feitos dos nossos heróis da bola, da nossa selecção que leva Portugal ao mundo, conquistando-o tal como há séculos.
A cultura, essa… é para ficar fechada na gaveta, para não ser difundida pela maioria dos portugueses, para estar apenas disponível para os que a procuram incansavelmente, ou que sabem da sua existência, porque é difícil chegar a ela.
Actualmente estamos, de facto, com muitas razões para orgulho, mas esse orgulho é todo baseado no passado. É ridículo como vivemos à sombra do que já temos, dos monumentos, das praias, da gastronomia tradicional e não procuramos construir novas coisas das quais nos orgulharmos. Afinal, quando um turista nos pergunta pelas riquezas do nosso país, pelos locais e factos a não perder, falamos apenas nas praias, nas florestas (que ardem agora), nas riquezas naturais em geral e nos monumentos. Pior… Quando perguntamos a um estrangeiro que nunca visitou Portugal, o que sabe dele, as palavras são “Eusébio”, “Figo” (já começa também a aparecer “Cristiano Ronaldo”), “Benfica” e “Fátima”… Se bem que ultimamente há quem fale também em “Durão” e em “Irmã Lúcia”.
Bela impressão que damos ao exterior, e mesmo a nós próprios.
Há que mudar… “É a hora, Valete Frates!”
Há que mudar… “É a hora, Valete Frates!”
Muito bem dito, Alice. Tivemos, deveras um passado ímpar. Todavia, tudo aponta para o nosso esgotamento, enquanto povo, nesse mesmo passado. Deve-se, portanto, questionar o porquê desse esgotamento. E aí, sra dotoura, palpita-me que cais num erro muito vulgar nos dias de hoje. Nós não nos esgotamos, enquanto povo, ou subretudo, enquanto individuos com os Descobrimentos. Tal raciocinio é escessivamente pró-abrilada para o meu gosto.
De facto, a partir de 1974, todo o país, tem vindo a proceder a uma emolação da sua História, falseando-a mediante a simplificação. Toda a elite intelectual faz a apologia de uma mediocridade enquadrada nos preceitos naturalistas de educação e do meio. Ora, assim, essa elite, essa Mos Maiorum de que acabamos por fazer parte Alice, acaba, apenas, por se justificar, desculpando a sua inércia e doce diletantismo num presuposto auto-racista:"Se este Povo é uma Merda, praquê fazer algo?"
Com esta atitude, esqueçemos todas as personagens que, APÓS a gesta da Epopeia, marcaram este país de forma inovidável. Refiro-me, por exemplo, ao Marquês de Pombal, a Ratton, a Alfredo da Silva, a Salazar, a Gomes Freire de Andrade, a Mouzinho da Silveira, a Passos Manuel, a Champalimaud, a José Falcão, a Jaime Cortesão, a Egas Moniz, a Sá da Bandeira, a Espirito Santo, a Miguel Torga, Pintasilgo, Sá-Carneiro, Pessoa etc, etc, etc.
Se não conheces estas personagens, pesquisa, e verás que somos muito mais, pois merecemos muito mais, do que "Fátima, Futebol e Fado". E só pa te salientar isso, digo-te que certo dia estava numa livraria em Londres, quando tive o prazer de ver uma biografia dedicada ao Marquês de Pombal. Vai á Sourbonne,e talvez apanhes uma palestra sobre a influência de Salazar no pensamento da direita Mediterranica. Vai a Minas Gerais, e lá achas quem te fale de Champalimaud, á Guiné-Bisau e falarte-am de Alfredo da Silva, a Angola e ouvirás o nome Sá da Bandeira. Foram personagens marcantes na História do nosso país, e que nós achamos por bem esquecer."O quê?! Um português Nobel da Medicina?! Um português Magnata do Aço á escala mundial?! Um português pioneiro dos adubos na Peninsula Ibérica?! Um português mentor da Direita Internacional?! Um português poeta imortal?! Um português considerado um modelo para Voltaire?! Impossivel!!!" Infelizmente, é assim que muitos pensam. Que nós próprios pensamos. Sabes uma coisa que me entriste-se e envergonha? É que os maiores especialistas em "Lusiadas" sejam ingleses! Porca de Miseria este país!!! Porque é que continuamos a nos esquecer dos nossos deveres? Porque é que nunca mais largamos este nacional-porreirismo que nos consome o presente e nos hipoteca o futuro? Quando é que perceberemos que para reencontrar-mos o nosso futuro, nos deveremos, primeiramente, reconciliar com a Historia, conhecendo-a?
Por isso, basta destas comisserações de mediocridade inata! É hora de apresentar-mos projectos que ultrapassem a mera agenda politico-eleitoral! Chega do blablabla democrato-cristão/bloquista! Há mais vida para além deste Estado que definha. E não me venham falar me "Salvadores da Patria", pois estes não existem em si, são somente figuras de proa que marcam uma época. O verdadeiro "salvador" reside em cada um de nós que, á semelança de Egas Moniz ou de Passos Manuel, se atrever a virar costas a um derrotismo tão Romantico e der a sua contribuição, mesmo que singela, para o bem do país. Por isso, gostaria de perguntar a todos os que vêm este blog: "Têm projectos, sonhos, ideias, ambições? Quais são? Porque não descutilas aqui? E porque não tentar-mos por algumas em prática???"
Posted by Anónimo | 23/7/05 2:42 da tarde
acabas por reiterar o que afirmo, há que passar à acção. É óbvio que temos valor, so que esse valor não é notado e falei nos descobrimentos por ter sido a época de maior prosperidade mais conhecida por todos. A verdade é que começo por reconhecer:
"Sem dúvida que Portugal tem um espírito muito positivo, um passado extremamente rico e, a nível das artes, também tem um enorme valor (não esqueçamos a literatura de qualidade, a pintura, a escultura e muita música também).
E agora? O que fazer com o espírito, com a história e com a arte e a cultura?"
Pois... a verdade é que temos potencial, qualidades, história, etc... Falta-nos combater a ignorância, o desejo de ignorância e, nos que estão mais cientes de que é preciso fazer algo, o diletantismo.
Posted by Alice | 23/7/05 11:11 da tarde
esta última soou-me a farpazinha direitinha para mim.. :P lol
sempre posso afirmar q pretendo avançar (juntamente com outros colegas, diletantes ou não) com um novo movimento artístico. Claro que tudo leva o seu tempo, e qualquer obra de arte - citando o Artaud - não deve ser dissociada da vida. Vida essa que, também incluí obviamente, o diletantismo. E pergunto eu: não será o diletantismo ele próprio uma obra de arte que emana vida?
(eu gosto de ser do contra)
Posted by Alexandre Carvalho | 24/7/05 9:41 da tarde
a ti e também a mim (que não sei como pôr em prática aquilo em que acredito... se bem que também já tenho as minhas ideias...). QUanto ao teu futuro novo movimento artístico cujo nome não vou desvendar:P, espero ansiosamente pelas primeiras concretizações... Para que nunca te deixes vencer pelo diletantismo... Uma coisa que pode não ser necessariamente má, mas que, hás de concordar, não é propriamente produtiva!:P bj*
Posted by Alice | 25/7/05 12:29 da manhã
Leiam "Portugal Hoje, o medo de existir" de José Gil (http://www.livrarialeitura.pt/home.ud121?oid=555518&from_zone=Top+Leitura). Um livro que esteve muito na moda entre uma certa "intelligenza" que pretende "autopsiar" o inconsciente colectivo da nossa pátria lusitana. Uma espécie de exercício de psicanálise nacional, dando a culpa ao proverbial medo de ruptura dos portugueses.
De facto, o "drama português" parece idêntico ao de quase todas as sociedades em processo rápido de transição. A originalidade do nosso país resultará (apenas...) do salazarismo e do chamado "duplo esmagamento" da normalização democrática, isto é, Portugal terá escondido o medo do salazarismo por detrás dos traumas do pós-modernismo que emergiram desde o início da normalização democrática. Terá passado abruptamente da não assumpção do salazarismo ao "bom senso" da globalização. E o cavaquismo (ajudado pelo endividamento e pelos subsídios) terá acelerado essa passagem ao fomentar o mergulho no contentamento do consumo e a erupção de uma classe média foleira. O guterrismo terá sido um salto em frente (efémero, desesperado e ingénuo) contra a prova dos factos, contra a terrível eloquência da realidade. Noutros termos ainda: Portugal terá andado a jogar às escondidas com os seus conflitos profundos e com as suas fraquezas e daqui terá resultado a incapacidade para gerar uma autêntica força colectiva, um comportamento confiante de criação, de afirmação e de desafio. Portugal terá insistido com os seus proverbiais "brandos costumes" em vez de "partir a louça" (encarar de frente os conflitos e resolvê-los) para, depois, arrancar solidamente em direcção ao futuro.
Uma opinião...
Posted by Anónimo | 25/7/05 3:16 da tarde
sim...e agora? o que podemos fazer?
há quem proponha um "governo de salvação nacional" com os melhores de cada área, independentemente da linha política, há quem defenda a contnuidade desta situação até ao crash final que mudará revolucionariamente tudo, que, como dizes, "partirá a louça"...enfim, o que fazer para mudar?
Posted by Alice | 25/7/05 7:54 da tarde
Marx diria que a a crise de um modelo económico como o de mercado é boa, uma vez que levaria à agudização dos conflitos entre classes sociais de tal modo que a tensão fosse tal que acabaria por haver uma ruptura com este, e se caminharia para uma outra solução.
É óbvio que isto não é uma reflexão determinista, mas é uma opinião... ;)
Posted by Alexandre Carvalho | 26/7/05 7:27 da tarde
Contrariamente às premonições marxistas, o mercado tem demonstrado uma elasticidade notável que tem permitido superar sucessivas crises, desde a Grande Depressão até à ruptura dos chamados Trinta Gloriosos do pós-guerra. Esse foi um dos factores que levou a esquerda a render-se de várias formas à social-democracia, que é o sistema que procura compatibilizar a liberdade do mercado com a solidariedade do socialismo. Isto é: tenta juntar o melhor de dois mundos antagónicos... Assim fazendo, a esquerda (dita convencional) descaracterizou-se, perdeu o poder da diferença, do sonho. Deslocou-se para um centro descolorido onde se encontram personagens e ideias sem carisma nem capacidade para mobilizar o povo. Um povo também ele deslocado ao centro, híbrido, isto é cada vez mais composto de uma classe média ideológicamente volúvel e angustiada. A classe operária e os camponeses de Marx passaram a ser uma espécie de "galos de Barcelos" da luta política. A esquerda deve concentrar-se na luta a todas as formas de exploração que, apesar de tudo, subsistem, se alargam, e que tocam variadas categorias sociais que não se deixam capturar pelos conceitos clássicos de classe. Refiro-me a todas as vitimas do neo-liberalismo, da competitividade exacerbada, da flexibilização e da liberalização, do individualismo e do pós-modernismo. Os problemas que actualmente podem fazer despoletar a "revolução" são de um certo modo socialmente transversais. É preciso mobilzar todos os que estão fartos de jogar com as regras de um sistema que se infiltra no mais intimo dos poros dos seres humanos. Um sistema que produz a ilusão de se poder ser, ao mesmo tempo, escravo e feliz. Essencialmente é preciso acabar com os escravos voluntários ou convictos (alienados). Todos os que se deixam aprisionar pela sedução material e simbólica de um capitalismo (mercado) permanentemente renovado.
Este deve ser o projecto de uma nova esquerda radical e renovada. Ou melhor: o ponto de partida de um programa de verdadeira mudança que seja imanente às pessoas, não transcendente, quer dizer, não imposto por qualquer forma divina ou superior ao livre-arbitrio. Uma mudança que não venha de "altos" ou elites duvidosas, medíocres e oportunistas.
Posted by Anónimo | 27/7/05 10:17 da tarde