Send As SMS

« Home | Memento » | “Honest differences are often a healthy sign of pr... » | (1000 imagens)Uma fotografia para "ouvir" com os o... » | "A TVI sabe que Manuel Alegre se vai candidatar às... » | What if... » | Um link a visitar... » | The don't care attitude » | Vaticano tenciona proibir a admissão de sacerdotes... » | “Não há disciplina à qual me sinta forçado a subme... » | A Ponta do Iceberg »

Uma Alegre partida

a mesa de cafe

Alegre pregou a partida – talvez a muita gente, não a mim, porque já estava à espera de algo parecido, com aquele misto de surpresa e indignação que revelou quando o retiraram das sondagens.
Tenho bastante consideração pelo Manuel Alegre, político. No entanto, já não posso dizer o mesmo de Manuel Alegre, homem. Não lhe conheço uma profissão, não gosto da sua poesia e assustam-me os boatos da sua excessiva dedicação à Maçonaria; para além disso, não lhe reconheço maior mérito do que a Soares, nem me agrada esta sua candidatura, narcisista, ego centrista, que soa a capricho.
Depois há, obviamente, a questão estratégia: Alegre não consegue ir buscar votos à direita (esses estão todos guardados para Cavaco, apesar de este nem sequer ser bem o candidato da direita – ver o post de FNV sobre esta questão no Mar Salgado, cujo link está aqui à direita), não consegue ir buscar votos à esquerda PCP/ CDU, nem à esquerda de Louçã. E com a candidatura de Soares, já nem ao PS vai buscar votos, porque duvido que consiga dividir o PS, como afirmou naquele discurso comprovado, afinal, e nem um mês mais tarde, completamente demagógico: se esta divisão fosse entre Sócrates e Alegre, talvez conseguisse (toda aquela conversa do Sócrates neo-liberal, etc.). Com Soares, pode esquecer. Aliás, o que é que passa na Cabeça de Alegre para achar que está em condições de rivalizar com Mário Soares?
O preocupante é que muitas pessoas acharão que Alegre está em vantagem, voltando com a questão da idade de Soares. Eu, pessoalmente, já não consigo debater mais o assunto nestes moldes; a minha opinião é clara: Soares é o melhor candidato da esquerda democrática, um bom candidato para cumprir um primeiro mandato. Nesse período, deverá surgir um candidato de esquerda de peso, não devendo Soares arriscar mais quatro anos, porque só aí deverá vir a questão da lucidez e da idade – não agora. Só quem não está a par da vida de Soares é que o pode achar pouco lúcido, ou fora do seu tempo.
Assim, o meu voto irá certamente para Soares, independentemente das movimentações de Alegre ou mesmo de outros candidatos à esquerda. Não posso, no entanto, deixar de dizer que estas interferências do Manuel Alegre homem no Manuel Alegre político estão, a meu ver, a dar cabo dele – pelo menos no que diz respeito à coerência. Mas aí Soares também não sai ileso…

Eu numa primeira volta não sei se voto Soares. Tendia a votar Louçã e agora com Alegre hesito. Soares está a ter uma incidência muito baixa no eleitorado de esquerda numa segunda volta... é estranho. Seguramente na segunda volta teria o meu voto. Na primeira depende muito dos cenários que isso possibilite. O voto na segunda volta deve ser sempre um voto pragmático.

Pedro

Soares para mim sempre esteve fora de questão: apesar de não querer o Cavaco como presidente, jamais daria o meu voto ao "candidato forte" da esquerda.
Não gosto dele. Pelo contrário, gosto de Alegre, mesmo que não tenha hipóteses de vitória. Quanto a uma hipotética segunda volta, embora, como dizes, Pedro, o voto deva ser pragmático, eu não consigo dar voto ao Mário Soares.

Passo a citar um comentário anónimo colocado num post acerca de Soares neste blog:

CARTA ABERTA A MARIO SOARES

Caro Mário Soares

És um gajo porreiro. O mais Português de todos os Portugueses. Interpretas o que de mais Lusíada existe na actualidade. Sabemos que gostas acima de tudo de ti próprio, que tens um ego do tamanho do Cristo-Rei ou da Torre dos Clérigos. Adoras que te considerem o patrono da democracia Portuguesa, o salvador da Pátria contra fascistas e comunistas, o defensor inveterado da modernidade e da integração Europeia. És o galo de Barcelos do equilíbrio e do bom-senso que os Portugueses, como massa colectiva, acabam por assumir nos momentos mais decisivos da sua História. Mesmo que isso signifique a resignação à mediania. És uma bofetada eloquente na tristeza proverbial e na nostalgia quase fatídica do nosso povo. Abençoado sejas Mário Soares! Sabemos também que sabes essencialmente pouco àcerca de quase tudo. Que és sobretudo um verbo de encher, que gostas tanto de te exibir rodeado por livros de que não tiras qualquer erudição. É que a tua sabedoria não tem nada a ver com livros, com estudo, com tecnicidade. A tua sabedoria é feita de manha, de intuição, de uma especial sensibilidade ao que de mais profundo te faz identificar com a alma Portuguesa. A tua superioridade consiste em tratar ao mesmo nível aldeões, putativos intelectuais, ricaços de estirpe, novos-ricos, padres, maçons e todas as igrejas e clubes imagináveis. És um fenómeno, Mário. Com o teu meteórico percurso pessoal, que vai muito para além do teu percurso político, pulverizaste todos os emblemas de Portugal, desde Camões até à Amália passando pelo Figo de fresco sucesso. És grande, imenso, Mário Soares. Tens até o despudor de elogiar pessoas, como o Bento de Jesus Caraça, de uma envergadura intelectual e humana que te transforma no mais rasteiro feirante de vaidades. Bem sei que esses elogios servem fundamentalmente para valorizar ainda mais a tua postura politica e socialmente correcta, elevando assim a estima que procuras junto de todos os sectores da nossa sociedade. Porque a tua consagração não pode ser senão unânime, não é verdade? Por isso pescas em todas as àguas, por isso és um homem profundamente institucional, nacional e patriótico. Não te preocupes. Podes mesmo descansar um pouco, poupar a teatralidade das tuas exibições, os teus gestos largos perante as câmaras de televisão, a entoação encimesmada da tua voz a dizer banalidades. O teu lugar cimeiro na galeria dos mais lídimos Portugueses está assegurado. Mário: és inesquecível! Sobreviverás a todas as mortes, serás eterno nos livros de História, a nossa memória conservar-te-á intacto na tua grandeza e nas tuas misérias. Podes agora repousar tranquilo. Porque deves saber que escolher o momento exacto para sair de cena é também um acto de inteligência. Não te arrastes em jogos de divisões menores. A tua glória foi adquirida na 1a. divisão do campeonato Português. De facto, a genuinidade do teu portuguesismo também se avalia pela tua clara e objectiva incapacidade de penetrar palcos de dimensão internacional. Porque - sabes bem - lá fora ninguém te leva a sério. Foste importante para estabilizar este canto da Europa removendo preocupações de importantes centros de poder nos Estados Unidos e na Europa. Mas, sempre foste um serventuário da democracia ocidental no teu país, um peão útil no país de que a maioria dos Americanos nem sequer conhece a existência. Nunca ninguém te considerou um cidadão do mundo. Tu - graças a Deus! - és uma entidade local. Não és um protagonista da globalização, sei que não o queres ser, mas também não o poderias ser. O teu universalismo acaba na tua biblioteca adorada, nos milhares de livros que nunca leste e que legarás com tanto altruísmo à tua Fundação.

Caro Mário

Desculpa por te ocupar tanto tempo. Provavelmente não lerás esta crónica que considerarás, de qualquer modo, apenas mais uma de tantas manifestações de rancor contra o teu sucesso. Um desabafo de um desequilibrado ou deprimido que não tinha mais nada que fazer para além de destilar fel sobre um seu concidadão notório. Cada um tem direito aos amigos e inimigos que merece e sei que o teu dinamismo se alimenta também - talvez sobretudo - dos teus inimigos, das tuas oposições. Tu és um lutador, reages à contradição com fibra, renasces de cada vez mais convicto da tua superioridade. Paradoxalmente, portanto, ter-te-ei ajudado. No fundo, não te quero nenhum mal. És apenas um objecto do meu cínismo, um cinismo que Schopennauer dizia ser o perfume da lucidez. Seja como for, estou seguro de que és muito mais feliz do que eu, não obstante a minha presunção de lucidez. Para que diabo serve a lucidez?

Totalmente de acordo. É preferível uma direita clara e civilizada do que uma falsa esquerda que faz política de direita em nome do realismo e da técnica, que defrauda as expectativas das pessoas de esquerda, que se rende ao egocentrismo de Mário Soares e à sua corte de protegidos e recomendados. Não existem utilidade de voto ou pragmatismo da esquerda (contra o candidato da direita) que me convençam a votar no Verbo de Encher.

Viremos a página. Basta de compromissos de consciência. PIM !

Quanto a Manuel Alegre, agradam-me a coerência do seu percurso e a inocência visionária que lhe resta. É difícil conceber um Poeta oportunista. Votaria nele numa segunda volta. Não seria o primeiro Poeta Presidente e não seria nada mau caso se transformasse em Presidente Poeta.

Enviar um comentário
A Mesa de Café

Imprensa Desportiva

a mesa de café Blogger