Momentos da Capital
Nas minhas raras incursões à capital, tenho a oportunidade de reparar em coisas que não são muito comuns aqui no burgo; uma delas é, sem dúvida, o Metro. É capaz de ser, simultaneamente, dos melhores e dos piores transportes que existem: melhor pela sua rapidez, eficácia, pontualidade; pior pelo silêncio sepulcral, pelas pessoas: fartas, gastas, infelizes, tensas. Há ali, ao fim da tarde, uma massa humana sem vida, desorientada, perdida, que só vê estações e portas, atraída unicamente pelo (des)conforto de um apartamento num prédio sujo de muitos andares, por umas horas de lixo televisivo e por uma comida aquecida. Que vida de sonho.