O desorganização do actual Ensino Superior
Este é um tema que me tem levado a pensar desde há muito tempo, quanto mais não seja, porque me (nos) diz directamente respeito.
Na verdade, desde há muito que noto a balbúrdia em que o sistema de ensino superior se encontra (já para não falar do restante ensino). A desorganização a que me refiro baseia-se no seguinte: os cursos estão muito desequilibrados, tanto em termos de vagas, como de formação e, principalmente, de saídas.
Hoje, quem tem uma vincada vocação científica, não vai para Física ou Matemática; quem sempre gostou de História ou Línguas, não vai os cursos correspondentes, mas sim para Direito; e por aí em diante.
Para além disto, e cada vez mais, são criados cursos, principalmente na área científica, que nada mais são do que variantes de cursos como Biologia ou Geologia, já de si pouco pretendidos, cujo número de alunos, por vezes, nem chegam sequer aos dois algarismos.
Assim, para mim, existem duas hipóteses possíveis para a resolução deste problema, ambas radicais, mas em extremos opostos.
1) – A simplificação dos cursos, que passaria pela definição de cursos primários, como História, Biologia, Química, etc., de duração menor: 3 ou 4 anos, que dariam uma formação geral, depois aprofundada por especializações, o que manteria a especialização dos alunos na área pretendida e acresceria uma formação mais alargada, que, logicamente, alargaria o leque de saídas profissionais. Para além disto seria necessária a obvia nivelação das vagas de cada curso, bem como o incentivo de saídas profissionais em determinados cursos, de modo a acabar, por exemplo, com o “paraíso” que hoje a Medicina é.
2) Adoptar um sistema semelhante ao dos estados unidos, ou seja, enveredar por uma formação particular que daria aos estudantes exactamente a formação pretendida (mesmo que esta passasse, por exemplo, por química adaptada à arquitectura), de maneira a que cada um pudesse escolher exactamente o que necessita de saber para o seu futuro profissional. Este sistema, parece-me a mim, seria mais complicado de implementar no nosso país, pois exigiria uma profunda modificação, tanto ao nível do ensino, como do mercado de trabalho.
Esta é apenas uma opinião particular sobre este assunto que é, de certeza, imperfeita, de qualquer forma partilho-a, se alguém quiser fazer o mesmo pode comentar esta posta.
Na verdade, desde há muito que noto a balbúrdia em que o sistema de ensino superior se encontra (já para não falar do restante ensino). A desorganização a que me refiro baseia-se no seguinte: os cursos estão muito desequilibrados, tanto em termos de vagas, como de formação e, principalmente, de saídas.
Hoje, quem tem uma vincada vocação científica, não vai para Física ou Matemática; quem sempre gostou de História ou Línguas, não vai os cursos correspondentes, mas sim para Direito; e por aí em diante.
Para além disto, e cada vez mais, são criados cursos, principalmente na área científica, que nada mais são do que variantes de cursos como Biologia ou Geologia, já de si pouco pretendidos, cujo número de alunos, por vezes, nem chegam sequer aos dois algarismos.
Assim, para mim, existem duas hipóteses possíveis para a resolução deste problema, ambas radicais, mas em extremos opostos.
1) – A simplificação dos cursos, que passaria pela definição de cursos primários, como História, Biologia, Química, etc., de duração menor: 3 ou 4 anos, que dariam uma formação geral, depois aprofundada por especializações, o que manteria a especialização dos alunos na área pretendida e acresceria uma formação mais alargada, que, logicamente, alargaria o leque de saídas profissionais. Para além disto seria necessária a obvia nivelação das vagas de cada curso, bem como o incentivo de saídas profissionais em determinados cursos, de modo a acabar, por exemplo, com o “paraíso” que hoje a Medicina é.
2) Adoptar um sistema semelhante ao dos estados unidos, ou seja, enveredar por uma formação particular que daria aos estudantes exactamente a formação pretendida (mesmo que esta passasse, por exemplo, por química adaptada à arquitectura), de maneira a que cada um pudesse escolher exactamente o que necessita de saber para o seu futuro profissional. Este sistema, parece-me a mim, seria mais complicado de implementar no nosso país, pois exigiria uma profunda modificação, tanto ao nível do ensino, como do mercado de trabalho.
Esta é apenas uma opinião particular sobre este assunto que é, de certeza, imperfeita, de qualquer forma partilho-a, se alguém quiser fazer o mesmo pode comentar esta posta.
Sou, pessoalmente, um partidário do sistema norte-americano. Embora, lá está, seja um sistema por natureza anti-igualitário e, infelizmente a meu ver, essa seja uma expressão que ainda causa muita irritação por estas zonas.
Posted by João | 14/2/05 2:48 da tarde
Quem me conhece sabe que sou um admirador convicto do país, da civilização que são os E.U.A., pelo seu modelo de organizaão admirável, por em dois séculos se tornarem em potência mundial, e por uma infinidade de razões que não vale apena aqui referir.
Como todas a teses, a minha tem a sua antítese, que é, entre os iguais milhares de motivos que existem, a característica que o João referiu no seu comentário - são, de facto, um sistema que de justo tem por vezes muito pouco.
Voltando ao tema que aqui está em debate, e começando pelo caso de Portugal, queria apenas referir alguns pontos que ficaram esquecidos pelo Zé. A meu ver, a mediocridade do ensino superior e secundário passa, muitas vezes, pela segregação que ainda existe em relação aos cursos profissionais, que só poderiam mesmo existir num país como o nosso. Na Alemanha o ensino direccionado produz os seus frutos...Nos E.U.A. acontece o mesmo, porém de forma mais discreta. No caso português o caso muda de figura.
Temos, assim, um ensino obrigatório que não compreende que não haja alternativa a este, tendo como única solução para este problema a substiuição da 2a língua estrangeira pela "Educação Tecnológica" - que é uma coisa espantosa. Em muitos casos aquilo que produz é que, como no caso que tenho mais presente, a pessoa em questão seja obrigada a ter Alemão uns anos mais tarde, se decidir prosseguir estudos - é assim o adiamento de uma tragédia.
Mas permitam-me que que reproduza o pensamento esteriotipado da classe média e pequena burguesia que polula: no caso de o menino ingressar nas ciências, poderá cursar Medicina, Farmácia, ou, vá lá, Enfermagem. Se for para artes, é obvio - Arquitectura, sem qualquer outra hipótese. Se for para economia será isso mesmo - um grande economista e se, enfim, embirrar muito com o pensamento económico pode ir para Gestão. No caso do aluno de humanidades, é igualmente claro - vai para Direito, sem qualquer margem de dúvida. E que desista lá das línguas, que isso não é curso de gente. E aqui está a razão que explica, entre outras, o mercado de trabalho saturado com que, depois de anos a fio a marrar nos deparamos.
A solução passa, deste modo, pela consciencialização dos papás que não têm um filho pior por ser técnico do que quer que seja...
Por outro lado, e continuando no rol de críticas ao actual sistema de ensino, permitam-me que mostre a minha indignação face à possibilidade de escolha que nos é dada no 9º ano, tão limitadora, tão primitiva, tão ilusória - quantos é que já não foram parar ao curso errado por não quererem (tal como eu não quereria) repetir o secundário? E que ficam com cursos arruinados, desorientados e sem nenhuma vontade de continuar a estudar?
Mais que muitos...
Critiquem os E.U.A., mas lembrem-se - podem não ter uma excelente educação que chegue a todos, mas quando chega, "chega-lhe bem".
O.K. - os papás até poupam para poderem ter os meninos a estudar em sítios bons, e depois?
A imensidão de diferenças entre eles e nós, no que toca ao espírito empreendedor é tão grande...Por exemplo, alguém aqui sonha em ter um emprego extra, enquanto estuda? Claro que não, porque seria visto como uma ave rara, ou gozado pelos do "topo" - "Este não tem dinheiro, e sei la mais o quê...". E ainda lhes chamam capitalistas.
Fico-me por aqui...não vale a pena alongar-me em comentários.
Posted by António Pedro | 14/2/05 8:52 da tarde
Corroboro a tua opinião em relação ao ensino técnico, foi aliás um ponto de que me esqueci.
De facto, em Portugal prevalece a ideia de que quem não tiver um curso superior não está bem formado.
Se, por outro lado, fosse dinamizado o ensino técnico, apresentando-o como uma alternativa equiparada ao ensino superior, tanto em formação como em mercado de trabalho (no qual até pode a vir a ter alguma superioridade), o ensino só teria a ganhar.
Posted by Anónimo | 15/2/05 1:10 da manhã
O ensino superior é útil para o incremento do nível cultural de um País; o ensino superior é necessário para um País que quer mão-de-obra especializada; o ensino superior representa, hoje, uma pequena parte da formação da população portuguesa; o ensino superior é caro de manter. Ou seja, não necessitamos de menos ensino superior. Nem tão pouco precisamos de formar licenciados mais rapidamente, mas sim bons licenciados, licenciados especializados e preparados. As propinas não financiam melhorias, financiam a manutenção de um aparelho educativo velho, que não é capaz de se modernizar materialmente. As propinas aumentam, a qualidade piora, o papel do Estado no ensino superior decresce. Se queremos um ensino superior privado façamo-lo com todas as consequências: paga-se e tem-se. Se queremos um ensino superior público acessível a todos (como eu defendo) e consideramos que é um custo que podemos e devemos suportar, então, faça-se por suportar. Não façam, por favor, falsas demagogias! A redução da duração dos cursos deve-se apenas a um factor: o Estado financia, em parte, a primeira parte do curso do estudante universitário, para o completar exige-se um investimento pessoal. Ou seja, pagamos pelo o que os nossos pais tinham como um direito básico. E quantos de nós poderão pagar? Eu posso. E o pobre? Não terá, sem outra alternativa, que se ficar por esses primeiros anos e procurar um emprego?
Pedro
Posted by Pedro Monteiro | 15/2/05 5:46 da tarde
O ensino superior hoje em dia, em cursos como Direito e Biologia dá lugar ao desemprego, ao passo que em cursos como Medicina há falta de pessoal, principalmente, vá-se lá saber porquê, nas zonas mais remotas. Para além disto, há uma grande falte de técnicos qualificados, pelo que se justifica plenamente uma melhoria do ensino técnico.
Quanto à redução dos cursos (medida já posta em prática na Europa), as propinas pagas por um aluno por mais um ano de curso poderiam ser pagas por uma pós graduação, com os benefícios que enunciei.
Posted by José Maria Pimentel | 15/2/05 7:38 da tarde
Já se perguntaram porque não abrem mais vagas em Medicina? Não é só por falta de espaço físico nas universidades ou para garantir a qualidade. Em parte porque existe um forte lobby da Ordem dos Médicos.
Infelizmente, não se dá o destaque devido às engenharias que em alguns casos têm óptimas saídas profissionais e dão uma ampla formação...
Posted by Pedro Monteiro | 15/2/05 9:52 da tarde