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Um pouco de filosofia

Já pensaram no que é a ordem de uma sociedade e se podemos realmente chamar-lhe “ordem”? Proponho esta reflexão independentemente das desigualdades sociais, da corrupção praticada em muitos dos domínios que regem o nosso país, do nosso sistema político justo ou injusto. Sem pensarmos no nosso caso particular enquanto país e com uma visão muito mais global, discutamos o que é ser e viver numa ordem social.
Em vários contextos, é-nos impingido que cada cultura/sociedade tem uma ordem própria. Contudo, para mim (e sublinho: para mim), isso não podia estar mais errado. Basta pensarmos que as tradições, os hábitos, as instituições, os ideais, etc, são compostos por pessoas, cada uma com um objectivo diferente, com conceitos e valores próprios. Cada pessoa tem uma visão da sociedade nos seus vários jugos muito individual. Por exemplo, enquanto apoiante de uma determinada corrente de pensamento, tenho um conceito diferente de “perfeição” (sim, porque aquilo que todos procuramos é a perfeição, embora nunca a encontremos) de outro apoiante da mesma. Ou seja, apesar de me identificar com uma determinada ideologia, mais ninguém a interpreta como eu e, é aqui que entram os conceitos de intersubjectividade e subjectividade, já que nada é objectivo e tudo é relativo (uma frase feita que faz sentido).
Assim, todos procuramos coisas diferentes (não necessariamente opostas, podendo mesmo ser complementares) na sociedade em que estamos inseridos, todos a tentamos transformar segundo a nossa ideologia e plano e, é importante referir, não certos ou errados. Então, embora a maioria das pessoas se reveja mais nas sociedades democráticas (para exemplificar), a forma como estas são postas em prática/encaradas, depende da visão de cada um, de cada ser social. Deste modo, como podemos garantir a coesão de qualquer sistema social? Como podemos afirmar que existe (ou alguma vez pode existir) uma ORDEM social, na plena acepção do termo?
Concluindo, o (des) equilíbrio de qualquer sociedade não se fundará na sua própria e inevitável desordem? As sociedades a que chamamos democráticas, ou mesmo ditatoriais, não serão, na prática, anárquicas?
Esta é a minha perspectiva (discutível, claro, não fosse este texto sobre a subjectividade). Deixem a vossa.

Apesar das diferenças individuais e de grupo (também de classe) existe uma coisa que os franceses chamam "lien social", isto é: a consciência e a vontade de pertencer a uma comunidade de lingua, de cultura, de espaços. É isso que agrega as pessoas, que lhes dá coerência e identidade, que transforma a anarquia latente numa ordem dinâmica, que gera solidariedade, que torna os conflitos resolúveis pela negociação.

O pós-modernismo, com a sua enfâse na liberdade individual, e o neo-liberalismo, com a sua fixação no sucesso, na eficácia e na responsabilidade enfraqueceram o conceito de sociedade, absolutizaram a autonomia do indíviduo em detrimento da sua pertença a uma comunidade mais vasta do que a que se associa a interesses particulares. Porque os indíviduos reagem a esta quebra do elo social aderindo a grupos parcelares, a clubes: ecologia, o benfica ou o sporting, o mountain bike, os dreds, os skins. Trata-se de criar pequenas sociedades numa grande sociedade em desestruturação ou, esperemos, em reestruturação.

A sociedade funda-se num compromisso subtil entre a liberdade e a solidariedade. O desequilíbrio a favor da primeira gera demasiada "imanência" e enfraquecimento do elo social. O desequilíbrio a favor da segunda gera demasiada "transcendência" e submissão do indíviduo ao condicionamento social (demasiada integração social produz asfixia das capacidades individuais).

Depois há aquele famoso axioma de Adam Smith popularizado com a expressão "mão invisível", isto é, as sociedades teriam uma espécie de mão invisível para produzir ordem e interesse colectivo, a partir da coexistência de interesses individuais contraditórios.

À suivre...

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