A morte para além da vida
a mesa de cafe
Tive a oportunidade de passar os olhos pela revista do "Expresso" desta semana, mais concretamente sobre um bom artigo que fala da morte para além da vida (esta anástrofe da “expressão” original é propositada) do Papa, que foi o que os media se entretiveram a fazer durante semanas a fio – “what it takes to boredom” – como nos diz a Mariana, ali na ilha vizinha.
Bem, mas indo ao que merece ser destacado do artigo, queria apenas falar das qualidades que me pareceram transparecer de José da Cruz Policarpo (um dos mais apontados para suceder a Wojtyla). Em entrevista à “Única”, o patriarca fala-nos da necessidade de “ (…) um conhecimento mútuo da tradição latina e da tradição oriental (da Igreja) (…)” e das repercussões que este conhecimento poderá vir a ter na integração dos emigrantes do leste; refere-se muitas vezes a “evolução” e “homem urbano”. Apesar da ambiguidade do seu discurso, parece-me que este candidato está consciente de que há, de facto, vantagens em se afastar um pouco do conservadorismo de uma igreja bafienta, nem que sejam estatísticas: “ (…) Um indivíduo atormentado pela inquietude ou pela dor não procura conforto junto da Igreja. Necessitamos de adoptar novos comportamentos e responder às expectativas do homem urbano cada vez mais isolado (…)”. Destas palavras retenho que a sucessão de Policarpo a João Paulo II poderá ser como que a introdução de sangue novo numa igreja desacreditada pelos homens, principalmente pelos jovens (como eu, por exemplo), e vejo que este homem pensa um pouco para além daquele conjunto de regras de conduta que já não são compradas nem sequer num antiquário, quanto mais numa sociedade em que os números de infectados com o vírus do HIV cresce a um ritmo galopante (números esses que não prescindem, por exemplo, da companhia das gravidezes de adolescentes); o que faz pensar duas vezes em optar pela precaução ou pelo preconceito (a mãe puritana diz para a filha: “embrulha-te as vezes que quiseres com o teu namorado; se engravidares casas…” – estas coisas, sim, ainda acontecem).
Tudo isto para dizer que deposito algumas esperanças (que já não são muitas) no próximo Papa, que poderá ser português. Resta saber agora se uma vez mais o medo de uma possível perda de apego a falsos ideais não ditará a sua derrota. A sua entrevista surpreende…não parece, definitivamente, um homem tão ligado à Igreja a falar…
Tive a oportunidade de passar os olhos pela revista do "Expresso" desta semana, mais concretamente sobre um bom artigo que fala da morte para além da vida (esta anástrofe da “expressão” original é propositada) do Papa, que foi o que os media se entretiveram a fazer durante semanas a fio – “what it takes to boredom” – como nos diz a Mariana, ali na ilha vizinha.
Bem, mas indo ao que merece ser destacado do artigo, queria apenas falar das qualidades que me pareceram transparecer de José da Cruz Policarpo (um dos mais apontados para suceder a Wojtyla). Em entrevista à “Única”, o patriarca fala-nos da necessidade de “ (…) um conhecimento mútuo da tradição latina e da tradição oriental (da Igreja) (…)” e das repercussões que este conhecimento poderá vir a ter na integração dos emigrantes do leste; refere-se muitas vezes a “evolução” e “homem urbano”. Apesar da ambiguidade do seu discurso, parece-me que este candidato está consciente de que há, de facto, vantagens em se afastar um pouco do conservadorismo de uma igreja bafienta, nem que sejam estatísticas: “ (…) Um indivíduo atormentado pela inquietude ou pela dor não procura conforto junto da Igreja. Necessitamos de adoptar novos comportamentos e responder às expectativas do homem urbano cada vez mais isolado (…)”. Destas palavras retenho que a sucessão de Policarpo a João Paulo II poderá ser como que a introdução de sangue novo numa igreja desacreditada pelos homens, principalmente pelos jovens (como eu, por exemplo), e vejo que este homem pensa um pouco para além daquele conjunto de regras de conduta que já não são compradas nem sequer num antiquário, quanto mais numa sociedade em que os números de infectados com o vírus do HIV cresce a um ritmo galopante (números esses que não prescindem, por exemplo, da companhia das gravidezes de adolescentes); o que faz pensar duas vezes em optar pela precaução ou pelo preconceito (a mãe puritana diz para a filha: “embrulha-te as vezes que quiseres com o teu namorado; se engravidares casas…” – estas coisas, sim, ainda acontecem).
Tudo isto para dizer que deposito algumas esperanças (que já não são muitas) no próximo Papa, que poderá ser português. Resta saber agora se uma vez mais o medo de uma possível perda de apego a falsos ideais não ditará a sua derrota. A sua entrevista surpreende…não parece, definitivamente, um homem tão ligado à Igreja a falar…
nao conheço suficientemente bem a ideologia do nosso bispo para tecer qualquer tipo de comentário... só me recordo dele a censurar o "Código Da Vinci"....
Posted by Alice | 12/4/05 11:35 da tarde
um ponto possível a favor do Policarpo seria o facto de ele ser europeu. E a vantagem de um Papa europeu prende-se com o facto de ser na Europa que o Catolicismo Apostólico tem perdido mais fiéis. Se formos a ver bem, é mais provável (e mais fácil) manter os fiéis na África ou na América do Sul do que na Europa. E na minha opinião, o Policarpo teria vantagem sobre o cardeal italiano (cujo nome desconheço) por ser exactamente de fora. Papas Italianos houve muitos, e mais um - por muito bom q ele seja - iria dar a sensação à opinião pública de ser uma opção interna, de recurso, como se o Trappatoni fosse despedido e o Álvaro Magalhães fosse promovido (n é a melhor das analogias, visto q me parece q o AM recolhe muita simpatia dentro dos benfiquistas):P
Portanto o cardeal Policarpo teria a vantagem de ser a solução tipo «vá-para-fora-cá-dentro». Falta saber se a Igreja está disposta a abdicar do conservadorismo q o faz perder fiéis na Europa, mas mantém e aumenta nos outros continentes já citados, ou se vai tentar ganhar novos fiéis europeus, pondo em risco o processo de conversão conservadora (q giro, parece um pleonasmo :P) que tão bons resultados tem dado em África e Américas.
Qto ao não-conservadorismo do Policarpo, não te iludas António (ou deverei tratar-te por Pedro? :P n sei), o Policarpo pode ser tão bom ou tão mau como foi este último Papa. João Paulo II criticava o comunismo e o crescimento desenfreado do capitalismo que tanta pobreza no mundo criava, mas era contra a emancipação da mulher, e contra o uso de contraceptivos, para não falar do aborto, onde estudos científicos feitos demonstram que se o aborto fosse legalizado deixaria de haver pobreza no mundo (mas isto são outras discussões às quais agr n interessa discutir). O Cardeal José Policarpo há de ter outra visão sobre o homem (e a mulher) dos nossos tempos do que João Paulo II tinha. Mas n estou a vê-lo a criticar o sistema económico em que o mundo ocidental (maioritariamente católico) vive.
Inegavelmente, Karol Wojtyla e José Policarpo são pessoas diferentes. Mas são ambos conservadores, cada um á sua maneira. Porque o conservadorismo não se esgota só naquilo que disse...
Posted by Alexandre Carvalho | 13/4/05 2:55 da manhã
o meu «comentário» anterior foi quase ou mesmo do mesmo tamanho que o post sobre o qual comentei. Prometo ser mais breve das próximas vezes... :P
Posted by Alexandre Carvalho | 13/4/05 2:57 da manhã
já tinha vindo algumas vezes a estes blog por recomendação da alice. Hoje decidi comentar por se estar a comentar um assunto que realmente me interessa: religião.
Sinceramente, não me interessam nem as linhas de pensamento do antigo papa (apesar de nutrir carinho por ele), nem do novo (seja ele quem for). Se o cardeal Policarpo for eleito Papa, pode estar a pensar em dirigir a Igreja Católica para um caminho menos tradicionalista, diferindo dos seus antecessores. Mas, na minha opinião, já vai tarde demais. A nossa geração,pelo menos a maioria dela, já está perdida para eles; nós que fomos educados numa religião super-conservadora, ao chegarmos à adolescencia e desenvolvermos a nossa consciência e o nosso espirito critico, decidimos que aquelas ideologias não nos serviam e, ou nos tornamos ateus, ou buscamos por novas crenças que estejam mais de acordo connosco!
Acho que foi basicamente isto quie aconteceu: a Igreja "perdeu" a maioria da nossa geração e provavelmente irá "perder" a dos nossos sucessores, pois nós que não gostamos de ser educados dentro do cristianismo, também não iremos concerteza educar os nossos filhos dentro dessa mesma igreja.
Tal como afirmei anteriormente, mesmo que o novo dirigente da Igreja católica mude de atitude, já vai tarde demais.
Espero ter-me feito entender.
Abraços.
Posted by Anónimo | 13/4/05 7:38 da tarde
Oi****
How ya doin' Tony?
Disseram-me k tinhas este blog e decidi dar uma vista de olhos. Oh... pensava k era de fotografias, não percebi bem sobre o k é, é sobre política?
Passa pelo meu ***
Jinhus, fica bem
Athanais (Carla)
Posted by Anónimo | 13/4/05 7:40 da tarde
Carla:
A tua/nossa/vossa geração pode estar perdida. Sinceramente não sei, n me preocupo com as aspirações religiosas de ninguém senão as minhas mas, e quanto ás próximas gerações? Essas ainda n estão perdidas (digo eu, mais uma x, não sei). Um papa Europeu mais facilmente atrairá fiéis na Europa (mm q nenhum de nós ou da nossa geração) do que um Sul-Americano ou da África Subsariana(só pa dar 2 exemplos). Pois é precisamente na Europa que o catolicismo anda a perder fiéis - eu próprio ando a pensar em desbaptizar-me-, e ptt na Europa que a Igreja terá mais a perder.
Qto ao resto, acho que tens uma perspectiva um pouco ingénua: se nós n gostamos, os nossos «sucessores» tb estão «perdidos» para a Igreja pq não os educaremos dentro dos princípios da Igreja. 1º, se isto fosse verdade, então em milhares de anos de existência que o Homem tem, já seríamos hj uma massa uniforme, q evoluiu em linha recta no que toca a princípios e valores e etc. Ora, acho empiricamente muito fácil de comprovar, q isso n se sucede. Porque todos nós temos as nossas opiniões (diferentes) sobre qq coisa. Porque muito provavelmente os teus pais eram católicos e criaram-te nesse universo e tu n saíste como eles te educaram (sem ofensa, tou só a seguir o raciocínio), não católica bla bla bla - e por isso, quem te diz q os teus filhos n farão o mm?
Este é apenas um modelo exemplificativo, embora n sei se corresponda à tua realidade, mas posso tb dizer-te o meu caso: Sou o único na minha família (mais próxima logo, aquela que me educou) a ter as convicções políticas que tenho (o único de esquerda). Mais, cheguei lá sozinho. O resto da famelga é PSD ou não tem orientação política. Outro: a minha família é 99% católica. o 1%, aqui representado por mim, é satanico (para quem quer saber o q é, façam favor de ver o meu blog). Curiosamente, cheguei lá sozinho tb. Como dizia o Peça: «E esta, hein?...»
(mais uma x, peço desculpa pela extensão dos comentários. Eu deixo-me entusiasmar... :P)
Posted by Alexandre Carvalho | 16/4/05 2:34 da manhã