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A Intérprete

a mesa de cafe

Surpreende-me a forma como Nicole Kidman fica brutal em todos os papéis que faz; ou melhor, em quase todos, visto que demorei algum tempo a descobrir que personagem é que interpretava em “As Horas”, visto estar completamente deslocada do seu padrão de mulher loira, com nível, e bem vestida. Bem, mas a verdade é que faz um papel de aplaudir em “A Intérprete”, tendo a personagem “Sílvia Broome” um conjunto de tiques (até no sotaque) que dão credibilidade à história que está por detrás desta.
“A Intérprete” é um filme que introduz um tema que, como diz o Zé, não pode ser comparado a nenhum outro…ou se calhar até pode, porque como diz Luís Miguel Oliveira n’ “O Público”, este filme “limita-se a tentar apanhar um pouco do estilo das ficções "liberais" dos anos 70” (whatever that means). Bem, mas se eu ou qualquer outra pessoa se guiasse pelo que aquela panóplia de intelectualóides diz, estávamos e estaríamos bem tramados, porque raros são os filmes que conseguem reunir um consenso de, pelo menos, algumas estrelas, por parte de todos estes críticos. Mas, como estava a dizer, concordo com o Zé, porque realmente o filme destaca-se de uma temática em que o possamos inserir; se me perguntarem em qual é que inseriria “O Dia Depois de Amanhã”, diria provavelmente que o filme trata uma catástrofe natural que advém do aquecimento global (and all that creepy stuff). Se me perguntassem o mesmo do “Star Wars” ou do “Senhor dos Anéis”, diria (quer dizer, não diria, é o género que está, pelos vistos, definido para ambos) que são filmes de ficção científica. Se me perguntarem a temática de “A Intérprete”, diria um vago/vácuo: “é um filme que trata um conflito político num país qualquer da África do Sul” (se bem que, pelos vistos, inventado). E calar-me-ia. Não, não me calaria; acrescentaria que o senhor Luís Miguel Oliveira diz que o filme tenta apanhar o estilo das ficções “liberais” dos anos 70. E aí ficaria a pessoa com que estou a falar a olhar para mim com cara de quem pensa: “nem tu sabes o que estás a dizer”. E curiosamente teria razão.
A meu ver, este filme reúne todas as condições para arrecadar alguns Óscares na cerimónia de 2005, e isto, claro, se for nomeado (é difícil que não seja). Sean Penn faz um bom papel (melhor actor secundário?). Nicole Kidman faz um estrondoso, mas dificilmente chega a melhor actriz…Não poderia haver melhor cenário para o filme que o interior do edifício das Nações Unidas (a certa altura sentimo-nos quase sentados na Bancada de Portugal a assistir ao assassinato de Zuwane _o dito presidente_). E, claro, as panorâmicas de Nova Iorque abonam, de igual modo, muito a seu favor :D…

Tirando o Mulheres Perfeitas... um filme fraco (para nossa salvação o Frank Oz tem andado ocupado com o Yoda eheh) :-(

Pedro

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